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'Não estava enxergando, entrei em desespero', relata jovem que consumiu bebida adulterada

Diogo Sousa estava no mesmo grupo do jovem de 27 anos que está em coma desde o dia 1° de setembro, internado no Hospital São Luiz, em Osasco

Estadão Conteúdo

No início do mês, Diogo Marques de Sousa, 23 anos, ficou três dias internado no Hospital do Grajaú, na zona sul de São Paulo, após ingerir bebida alcoólica adulterada com metanol. Ele relata que chegou a ter sintomas de cegueira, mas recuperou a visão.

"Eu não estava enxergando assim que acordei. Tudo escuro. E uma dor de cabeça muito forte. Entrei em desespero porque eu estava sozinho em casa", contou ao Estadão.

Diogo Sousa estava no mesmo grupo do jovem de 27 anos que está em coma desde o dia 1° de setembro, internado no Hospital São Luiz, em Osasco.

"Aos poucos, minha vista foi de escura para ficando embaçada. Aí aproveitei o momento para tomar dipirona, tomei bastante água e comi uma melancia. Estava com muita sede. Sempre tomando água. Eu fui para o hospital porque soube que o Rafael estava mal. Fiquei três dias internado", explicou.

Ao menos três pessoas morreram no Estado de São Paulo, em setembro, vítimas de intoxicação por metanol, informou o Centro de Vigilância Sanitária (CVS) do Estado. Os óbitos foram registrados na capital e na cidade de São Bernardo do Campo, na região metropolitana.

Ainda conforme o órgão, que pertence à Secretaria da Saúde, outros seis casos foram confirmados desde junho em território paulista e, atualmente, 10 pacientes são investigados por possível contaminação pela mesma substância.

Gin, gelo e energético

O grupo de amigos de Diogo comprou as bebidas em uma adega conhecida. A polícia apreendeu garrafas de gin no local e as encaminhou para perícia. Ainda não há informações sobre a origem da contaminação.

"E o gin era de uma marca muito boa, não era barato. Meu amigo gastou cerca de R$ 400", disse Diogo.

No dia 2 de setembro, a tia de uma das vítima compareceu à 48ª Delegacia de Polícia, em Cidade Dutra e relatou que o sobrinho havia recebido diagnóstico de intoxicação por metanol. Ela estava acompanhada da mãe de uma jovem de 25 anos, que apresentava o mesmo diagnóstico.

O consumo teria ocorrido na casa dele, na madrugada de 31 de agosto, logo após o jovem ter adquirido a bebida no estabelecimento chamado Empório Santos, em um pacote promocional que incluía gin, gelo de água de coco e energético.

Cinco pessoas que participavam da confraternização, com idades entre 23 e 27 anos, teriam consumido a bebida. O caso mais grave foi o do estudante de 27 anos, que havia ingerido a bebida pura, segundo testemunhas. Os demais convidados misturaram o gim às outras bebidas. Depois de acordar, ele reportou fortes dores abdominais, vômitos e, mais tarde, começou a gritar que estava cego.

O jovem apresentou quadro de consciência rebaixada e precisou receber ventilação mecânica no hospital para respirar.

A polícia recolheu duas garrafas de gin que estavam na casa dessa vítima. Outras 14 garrafas foram apreendidas na Adega Santos, estabelecimento onde os parentes relataram que a bebida havia sido comprada.

Os representes do estabelecimento afirmaram à polícia que o grupo de amigos é conhecido no local, pois sempre ingerem grande quantidade de bebida alcoólica. Os funcionários afirmaram que o rapaz já apresentava sinais de embriaguez e que pode ter ingerido bebidas alcoólicas junto em outros estabelecimentos.

De acordo com o depoimento, o dono da adega está em viagem pelo interior de São Paulo e disse que, quando retornar, irá disponibilizar as filmagens e as notas fiscais/comprovante de compra.