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Ibama vai visitar santuário após 2 elefantes morrerem menos de um ano após chegarem no local

Animais morreram menos de um ano após chegarem ao Santuário dos Elefantes Brasil, na Chapada dos Guimarães

Estadão Conteúdo

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou que vai visitar o Santuário dos Elefantes Brasil (SEB), localizado na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, onde duas elefantes fêmeas, Pupy e Kenya, morreram recentemente - menos de um ano após chegarem ao local.

Em nota divulgada nas redes sociais, o SEB afirmou que as elefantes foram resgatadas de locais onde não recebiam cuidados adequados e destacou que, embora os exames de necrópsia ainda não estejam concluídos, não há indícios de que as mortes das duas fêmeas - que viviam de forma próxima - tenham relação direta.

Em abril, Pupy foi transferida para o santuário após viver por mais de 30 anos em cativeiro no ecoparque de Buenos Aires, desativado recentemente. Ela morreu em outubro, com idade estimada em cerca de 35 anos, segundo o SEB.

O santuário descreveu a morte do animal como "repentina", após um período de desconfortos gastrointestinais. "O tempo de Pupy no santuário foi breve, mas profundamente significativo. Ela explorou, mudou e se permitiu confiar. Foi vista, amada - e nunca esteve sozinha", informou a instituição.

Kenya, oriunda do ecoparque de Mendoza, na Argentina, próximo à fronteira com o Chile, chegou ao santuário brasileiro em julho deste ano. Mais velha, com idade estimada em mais de 44 anos, passou a exercer, segundo o SEB, o papel de "irmã mais velha" de Pupy. A morte dela foi anunciada na última terça-feira, 16.

"Após vários dias sem demonstrar sinais de que estava se deitando, Kenya finalmente se deitou na noite passada (em referência à segunda-feira, 15). Ela pareceu se acomodar, e sua respiração ficou mais fácil. Durante toda a noite, não se mexeu - nem mesmo movimentou as patas; estava claramente muito cansada", descreveu o santuário.

O SEB informou que cuidadores passaram a noite em vigília e que Kenya morreu na manhã de terça-feira. "Em determinado momento, sua respiração mudou, e ela soltou um suave trombetear de filhote enquanto partia de forma rápida e tranquila."

Segundo o santuário, antes de ser resgatada, Kenya conviveu por décadas com diarreia crônica, além de ter recebido alimentação inadequada, sofrido infecções crônicas nos dentes (presas) e vivido sem cuidados médicos apropriados. "Essa era a realidade dela antes do santuário", diz a instituição.

No comunicado, o SEB afastou a possibilidade de que Kenya tenha transmitido tuberculose a Pupy ou de que a contaminação tenha ocorrido por contato entre espécies de habitats diferentes.

"Sabemos que, ao ouvir a palavra tuberculose associada a Kenya, surgem preocupações sobre uma possível exposição de Pupy. Até o momento, as amostras de Pupy testaram negativo para tuberculose. A cultura ainda é um dos exames pendentes, mas outros dois testes já foram concluídos, ambos com resultado negativo para TB (tuberculose)", informou.

"Não temos tratadores que transitem entre os habitats das elefantas asiáticas e africanas, e não há qualquer ponto de contato entre esses espaços. Portanto, não há motivo para preocupação quanto à transmissão entre espécies", acrescentou.

Em nota, o Ibama disse que "não é possível afirmar" que as elefantes que morreram tenham sido vítimas recentes de maus-tratos ou de manejo inadequado.

"Somente com uma vistoria in loco será possível avaliar a real situação", afirmou o órgão federal, que acrescentou: "Está prevista uma visita de equipe técnica do Ibama para verificação das condições do Santuário dos Elefantes Brasil". A data da inspeção não foi informada.

O Ibama informou ainda que esse tipo de empreendimento, que envolve o manejo de fauna, deve ser fiscalizado pelo órgão estadual responsável pelo licenciamento.

"Assim, o órgão licenciador, no caso a Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso, tem a atribuição de verificar se as instalações estão dentro das condições esperadas e se os animais recebem alimentação, manejo e atendimento médico-veterinário adequados", afirmou.

A reportagem procurou a pasta ambiental estadual, mas não obteve retorno.

Segundo o Ibama, o Santuário dos Elefantes Brasil é classificado como um criadouro científico de fauna e, por ser licenciado pelo estado, o instituto atua de forma supletiva, acompanhando o funcionamento do espaço e emitindo autorizações para a importação de animais no país.

O órgão destacou ainda que a maior parte dos animais encaminhados ao santuário foi direcionada ao local "com o objetivo de garantir melhor qualidade de vida e manejo adequado". "Muitos são provenientes de antigos circos ou de outros países. Sabe-se que boa parte desses elefantes é idosa, apresenta comorbidades e possui histórico delicado", acrescentou.

Outras duas elefantes morreram pouco tempo após começarem a viver no santuário. Foram os casos de Pocha, resgatada em maio de 2022 e que morreu cinco meses depois, em outubro, aos 57 anos; e de Ramba, que chegou ao SEB em outubro de 2019 e morreu em 26 de dezembro do mesmo ano, aos cerca de 65 anos.

Atualmente, cinco elefantes vivem no santuário: Maia, Rana, Mara, Bambi e Guillermina. Esta última chegou ao local em 2022, junto com a mãe, Pocha. Os demais animais vivem no SEB há, pelo menos, cinco anos.