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COP30: quem está contra incluir o mapa para o fim do petróleo no texto final?

A expectativa é que esses países levem as sugestões à presidência da COP para tentar novamente chegar a um consenso.

Estadão Conteúdo

O mapa do caminho rumo ao fim do uso de combustíveis fósseis rachou as negociações da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP30) nesta sexta-feira, 21, em Belém.

De um lado, o grupo árabe, liderado pela Arábia Saudita, se opõe a acatar qualquer menção ao tema nas decisões. De outro, um grupo capitaneado por União Europeia e Colômbia, que defende que não é possível sair da COP30 sem uma definição sobre o tema. Até o momento, embora o roteiro para transição energética seja uma demanda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil segue pouco vocal sobre o tema.

O argumento dos árabes para barrar uma decisão sobre o tema é que qualquer menção aos combustíveis fósseis pode comprometer o desenvolvimento econômico de seus países, que são grandes exploradores de petróleo.

O impasse não se restringe a esse tema, outros três tópicos têm dificultado o consenso nas salas de negociação: lacuna de ambição das metas de emissão dos países (NDC, na sigla em inglês); medidas unilaterais de comércio; financiamento para adaptação climática.

Nesse cenário, a presidência da COP propôs que os países com maiores divergências conversem em pequenos grupos para trabalhar em alternativas de linguagem para o texto. A expectativa é que esses países levem as sugestões à presidência da COP para tentar novamente chegar a um consenso.

Em meio à postura enfática do grupo árabe, a China, que ao longo das COPs também resistiu em avançar no tema do afastamento dos combustíveis fósseis, não tem sido muito vocal e defendeu que os países entrem em um acordo que reforce a confiança do mundo nas negociações multilaterais.

Um dos temas que gerou expectativas positivas nas negociações da tarde, no entanto, é a possibilidade de definição de um roteiro claro sobre o fim do desmatamento. O item não apareceu no último texto, mas há a percepção de que não há fortes oposições e que seria possível chegar a um consenso.

Oficialmente, a programação da COP30 termina nesta sexta-feira, 21. Nos bastidores, no entanto, já é dado como certo que o prazo será estendido. A prorrogação das negociações é uma prática que tem acontecido nas últimas conferências, principalmente devido à dificuldade de se chegar a um consenso.

"O esforço é para que se alcance os melhores resultados, mas o tempo não pode ser um impedimento para que se faça o debate necessário em algo tão complexo que tem que ser decidido por consenso", afirmou a ministra Marina Silva na tarde desta sexta.

O incêndio que atingiu a zona azul da Organização das Nações Unidas (ONU) na última quinta-feira, 20, dificultou ainda mais o cronograma por ter paralisado as negociações por várias horas.

Na manhã desta sexta-feira, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, afirmou que o momento é de "realismo".

"Como em toda COP, a questão de ambição é central e muito difícil. É natural que haja alguma frustração, mas acho que é o momento do realismo", afirmou.

Como o Estadão mostrou, o comissário europeu para o Clima, Wopke Hoekstra, declarou que a COP30 pode acabar sem acordo.