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Como será o 1º lançamento comercial de um veículo espacial no Brasil

A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que o evento marca a entrada do país no mercado global de lançamentos espaciais

Estadão Conteúdo

O Brasil realizará seu primeiro lançamento comercial de um veículo espacial a partir do território nacional no próximo dia 22. A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que o evento marca a entrada do país no mercado global de lançamentos espaciais, gerando novas oportunidades de renda e investimento no segmento.

A operação é denominada Spaceward 2025. Ela será responsável pelo lançamento do foguete sul-coreano HANBIT-Nano a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão (MA).

Cinco satélites e três experimentos compõem as cargas úteis que estarão embarcadas no HANBIT-Nano. Estas cargas foram desenvolvidas por entidades do Brasil e da Índia.

O papel do Brasil no "new space"

Antes restrita a órgãos públicos civis e militares, a corrida espacial tem envolvido cada vez mais a iniciativa privada. Este movimento, conhecido como "new space", ainda dá seus primeiros passos no Brasil.

Elon Musk e Jeff Bezos estão entre os nomes mais famosos do setor. Nas últimas décadas, o Brasil foi superado por outros países emergentes, como China e Índia, na corrida espacial. Especialistas indicam que dominar essa tecnologia ajuda o país a se desenvolver em áreas diversas, como telecomunicações, monitoramento por satélites e aviação.

O lançamento comercial do dia 22 servirá para confirmar se satélites e experimentos interagem corretamente com o veículo lançador. Isso garante compatibilidade e segurança para o lançamento. A integração das cargas úteis no foguete HANBIT-Nano, da Innospace, teve início na segunda-feira, 10, marcando uma das etapas decisivas da operação.

"Nessa fase, são realizados testes e verificações que asseguram uma conexão correta entre a carga útil - satélites e experimentos - e o veículo lançador, confirmando que cada equipamento está estabilizado e funcional para o momento do voo", explicou a FAB.

Detalhes do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA)

Com uma área que corresponde a 40% da cidade de São Paulo, o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) é uma base militar construída para o envio de foguetes ao espaço. Em quatro décadas de história, a base soma mais de 500 lançamentos.

O Centro de Lançamento de Alcântara, na cidade de Alcântara, fica a uma distância de 30 quilômetros (em linha reta) de São Luís. Para chegar ao local, é necessário usar uma embarcação, principal meio de transporte de quem trabalha no centro e mora na capital.

Por estar próximo da Linha do Equador, o CLA é considerado um dos principais locais para lançar foguetes no mundo. A rota para o espaço fica mais curta, o que auxilia na economia de combustível e permite que o veículo transporte mais carga útil. A região também sofre pouco com terremotos, tornados e outros eventos climáticos extremos. Além disso, o tráfego aéreo na localização é baixo.

A base é uma área de lançamento de foguetes, por isso foi construída próxima à costa. Essa medida assegura que eventuais destroços de veículos lançadores caiam na água e não em terra. Embora a base tenha uma área de 62 mil hectares, apenas 15% do território concentram as instalações principais. O restante do terreno é composto por vegetação e uma faixa litorânea ao norte da cidade.

Tragédia de 2003 em Alcântara

Há 20 anos, em 22 de agosto de 2003, ocorreu na base um dos acidentes mais letais da história aeroespacial. Vinte e uma pessoas morreram em um incêndio que atingiu a Torre Móvel de Integração (TMI).

A TMI era usada para a montagem do foguete VLS-1, Veículo Lançador de Satélites, com carga útil nacional. O incidente ocorreu três dias antes do lançamento da Operação São Luís. Todas as vítimas eram civis, técnicos e engenheiros do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), de São José dos Campos, interior de São Paulo.

O podcast "Alcântara: O desastre espacial brasileiro", do Estadão, conta a história da tragédia. Ele se aprofunda nas causas do incêndio e investiga os objetivos, a curto e longo prazo, que o Brasil traça dentro do setor espacial.