Cafeína prejudica sono mesmo de quem consegue adormecer rápido; entenda
Pesquisa revela que substância presente no café compromete fases essenciais do descanso noturno, afetando recuperação do organismo e aumentando níveis de estresse
A cafeína, presente no café consumido diariamente por milhões de brasileiros, foi identificada como principal elemento prejudicial à qualidade do sono. Pesquisas mostram que a substância compromete as fases essenciais do descanso noturno mesmo em indivíduos que conseguem adormecer rapidamente após seu consumo. O estudo, divulgado nesta terça-feira (26), revela que este comprometimento afeta a recuperação adequada do organismo e pode aumentar os níveis de estresse.
A substância atua no sistema nervoso central bloqueando a ação da adenosina, neurotransmissor responsável por induzir naturalmente a sonolência. Este mecanismo gera um estado de alerta que permanece no organismo entre seis e oito horas após a ingestão da bebida.
O efeito da cafeína ocorre principalmente sobre o sono profundo e o sono REM, etapas consideradas fundamentais para processos como consolidação da memória, equilíbrio hormonal e recuperação física. Este fato explica por que, mesmo quando a pessoa "dorme rápido" após consumir café, seu organismo não consegue se recuperar integralmente durante o período de descanso, ainda que aparentemente "desliga".
Os brasileiros que consomem café regularmente sofrem diretamente o impacto desta interferência. O consumo habitual de cafeína em horários inadequados pode resultar em fadiga crônica, redução do desempenho cognitivo, elevação dos níveis de estresse e maior suscetibilidade a desenvolver distúrbios do sono, incluindo insônia.
Para quem não deseja abandonar o consumo de café, a recomendação é ingerir a bebida preferencialmente até o início da tarde, evitando seu consumo em horários próximos ao período de descanso noturno.
O Brasil figura entre os maiores consumidores e produtores mundiais de café, tendo esta bebida profundamente integrada em sua cultura alimentar, seja para começar o dia com mais disposição ou para enfrentar a rotina de trabalho.
A cafeína mantém-se ativa no organismo por um período de seis a oito horas após ser consumida, intervalo durante o qual conserva seu efeito estimulante no sistema nervoso central.
Os efeitos específicos do café em diferentes grupos etários ou em pessoas com condições médicas particulares ainda não foram completamente determinados, dados que poderiam auxiliar na personalização de recomendações de consumo.
Especialistas sugerem que pessoas mais sensíveis aos efeitos da cafeína reduzam a quantidade consumida ou optem por versões descafeinadas como alternativas viáveis para minimizar os impactos negativos no sono.
"Não é só dormir que importa, mas dormir bem — e o café, mesmo de forma discreta, pode atrapalhar esse processo", alerta a nutricionista Juliana Andrade, formada pela UnB e pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional, que escreve sobre alimentação, saúde e estilo de vida.