Brasil vai sediar 'Copa do Mundo do Oceano' em 2027
A cidade do Rio de Janeiro foi escolhida para sediar a 3ª Conferência da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, em 2027. O anúncio foi feito na última sexta-feira (27) durante a Assembleia da Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI) da UNESCO.
O prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes, se pronunciou sobre a escolha da cidade como anfitriã do evento daqui a dois anos. "É um orgulho para o Rio representar o Brasil mais uma vez, mostrando ao mundo não apenas a beleza da nossa cidade, mas também nossa capacidade de sediar, com excelência, grandes eventos internacionais. O Rio tem uma trajetória marcada por importantes conferências climáticas, desde a Rio-92, e continua na vanguarda das discussões sobre sustentabilidade. A proteção dos oceanos é um tema cada vez mais urgente, e o Rio - banhado pelo Atlântico - é o cenário ideal não só para celebrar o mar e as praias, mas também para promover a conscientização da população sobre ações e soluções em defesa dos oceanos", afirmou Paes.
A proposta de sediar o evento foi apresentada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com apoio do Ministério das Relações Exteriores. O evento vai ser organizado pela COI e pela prefeitura do Rio de Janeiro. A conferência tem a finalidade de reunir cientistas, formuladores de políticas públicas, sociedade civil e setor privado para gerar soluções a oceanos mais saudáveis e sustentáveis.
De acordo com o Diretor-Geral do Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas (INPO), Segen Estefen, o encontro no Brasil terá grande impacto para a comunidade científica e sociedade civil brasileira.
"Acolher essa Conferência é como sediar uma Copa do Mundo. Receber um evento desse porte significa que o assunto vai permear a nossa sociedade, todos vão ficar informados. Isso gera uma repercussão muito grande, que vai acionar vários gatilhos, como o da própria cultura oceânica. Nossa juventude vai conseguir entender melhor o que está se passando quando se fala em preservação e uso sustentável do oceano", diz Estefen, que revela uma expectativa de público em torno de 2 mil pessoas.
"É claro que isso será feito pela COI, mas ela vai precisar do apoio local e um dos papéis do INPO é contribuir com esse apoio, para que a gente tenha um evento bem planejado, com os tópicos bem elencados e com convidados aptos a gerar contribuições e recomendações que resultem em políticas públicas", explica o diretor-geral do INPO, instituição vinculada ao MCTI.
O Brasil foi o primeiro país a estabelecer um comitê nacional dedicado à Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, para coordenar ações e contribuições nacionais. Além disso, o país tem encabeçado iniciativas como a implementação do Currículo Azul nas escolas, evidenciando o engajamento brasileiro com a produção de Ciência Oceânica e formulação de políticas públicas voltadas para o ambiente marinho.
No comunicado oficial divulgado pela Unesco para a escolha do Brasil, o Secretário-Executivo da IOC-Unesco, Vidar Helgesen destacou o envolvimento do país com o tema.
"O Brasil, uma nação onde o oceano está profundamente enraizado em sua identidade, tem sido uma força motriz em cada etapa da implementação da Década do Oceano, estabelecendo uma referência global para que outros países sigam", ressaltou Helgesen. Segundo o Secretário-Executivo, o Brasil lidera mais de 30 Ações da Década, que vão desde a promoção da igualdade de gênero e restauração de manguezais até a reutilização de redes fantasmas e o enfrentamento de microplásticos e toxinas marinhas.
Década da Ciência Oceânica
A Década da Ciência Oceânica (2021 - 2030) foi proclamada pela Assembleia Geral da ONU, em 2017, e prevê a realização de conferências a cada três anos. A primeira foi organizada pela Alemanha, em 2021, de forma virtual e a segunda foi em 2024, na Espanha.
A organização do evento contempla o esforço pelo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 14 da Agenda 2030 da ONU (Vida na Água), que propõe a "conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável", segundo as Nações Unidas.
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