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Quando a educação começa no berço

Cada vez mais, crianças tem iniciado a vida escolar mais cedo. Vale a pena? Ouvimos depoimento de pais e profissionais que destacam os benefícios desse processo

Por Rodrigo Cabral

O período da licença maternidade está acabando e começa a bater aquele desespero. E agora? Como voltar ao trabalho e deixar o bebê aos cuidados de outra pessoa durante o dia? A saída é recorrer à família? Contratar uma babá? São vários os questionamentos...

A militar Ailin Borges, 35, é mãe da pequena Júlia, de 1 ano e meio. Quando a filha tinha seis meses de vida, depois de avaliar todos os cenários, a luz no fim do túnel apontou para a creche-escola. “O pai dela e eu saímos muito cedo de casa para trabalhar, às 6h30, e só retornamos por volta das 18h. A logística para ter pessoas cuidando dela em casa nesses horários seria muito complicada. Além disso, eu queria ficar próximo da Júlia também, para conseguir chegar rápido, caso precisasse dar alguma assistência. A creche que escolhemos fica há 10 minutos do meu trabalho. É uma decisão difícil, mas, hoje, vejo que foi a melhor coisa que fizemos”, conta.

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Ademais, o nosso estilo de criação preza pela independência e autonomia dela, incluindo o modo de se alimentar. O único receio que tínhamos era, justamente, com relação à alimentação dela, já que a Zoé já comia sozinha e não queríamos perder a mão nesse ponto. Então, entre as opções que se colocavam, encontramos uma escola que, além de oferecer uma estrutura formidável, respeitou nossas decisões e a forma que criamos nossa filha. Os profissionais de lá toparam o desafio e continuaram a fazer, na escola, do mesmo jeitinho que a gente faz em casa. Achei isso maravilhoso e nos deu mais segurança ainda”, relata Franciara.

Tudo indica que essas singularidades garantiram uma adaptação mais tranquila ao ambiente escolar. “Em três dias, a Zoé estava adaptada. Já eu, obviamente, não. Mas a coordenação e a direção da escola cuidaram até de mim, que cansei de cair aos prantos lá por ter que me separar da minha filha tão cedo. Hoje, tenho absoluta confiança nelas. Com certeza, foi a melhor decisão que tomei. A Zoé é sociável, alegre, adora ir pra escola, brinca exaustivamente, interage com todos, desde o segurança até a tia que serve a  água. Quando a minha filha iniciou na escola, ainda mamava - como mama até hoje - e as profissionais de lá sempre me incentivaram, fornecendo uma sala ou um cantinho, onde eu pudesse amamentar tranquilamente. Isso foi e é muito importante pra mim, encontrar uma instituição escolar que nos respeitasse enquanto família, que fornecesse os cuidados que a Zoé estava precisando naquele momento e que a estimulasse a ser independente, como já fazíamos em casa”.

Dicas para uma adaptação mais tranquila

Sem dúvida, a fase de adaptação da criança ao ambiente escolar é um importante período de adaptação para a família também. E esse processo tem tempos diferentes para cada caso. A pedagoga Aline Queiroz explica ser fundamental que os pais estejam disponíveis para ter essa experiência junto com os filhos. “A adaptação requer tempo, tanto para a criança quanto para a família. É preciso passar confiança aos filhos, fazê-los sentir que vai ficar tudo bem. Uma dica é conhecer o nome da professora, dos colegas da turma e, assim, no caminho para a escola, já preparar a criança para o que ela vai encontrar. Outro cuidado é articular com a escola o tempo de permanência nos primeiros dias. Comecem com um curto período e depois aumente esse tempo gradativamente”, destaca.

Esse é um processo claro de estabelecimento de confiança e falar a verdade é muito importante, como ressalta a coordenadora pedagógica: “nunca se deve dizer que vai ao banheiro e sair escondido. Se tiver que sair, comunique para a criança, diga que vai voltar e faça exatamente como falou. O choro faz parte da adaptação dela, por estar mais sensível. Nesse momento, é fundamental reforçar que a escola é importante, que os pais entendem o que a criança está sentindo e que ela vai ficar bem. Vale ressaltar que,
embora seja difícil, as crianças vão aprender a lidar com as emoções e frustrações”, conclui.

Troppo