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Novos tempos para o mercado

Por Lorenna Filgueiras

Reabrir os estabelecimentos, cercados de cuidados e protocolos sanitários, é a realidade dos empresários – pequenos ou não, todos terão de se ajudar aos novos tempos.

O empresário e economista Pepeu Garcia, 61, está há 45 anos no mercado do varejo. Diretor de um grupo de empresas voltadas ao segmento de decoração, ele conta que sentiu a inquietude das pessoas lá pelo fim do primeiro mês de isolamento social. “Muitas delas, ainda no decorrer desse período, já começaram a manifestar a vontade de reformar seus ambientes de moradia. Alguns até aceleraram os projetos de construção de casa nova”, diz ele para justificar a crescente procura pelos serviços neste momento, do móvel assinado, passando pelos planejados. 

Embora as empresas de Garcia tenham registrado uma queda na frequência presencial, no começo da pandemia, o empresário diz que a tecnologia foi uma imprescindível aliada, já que houve um aumento dos contatos on-line. Com a retomada progressiva das rotinas profissionais e reabertura do comércio, ele diz que muitos clientes estão indo às lojas para olhar melhor os projetos desenvolvidos.

Para tornar esse processo seguro, Pepeu diz que todas suas unidades estão cumprindo os protocolos oriundos das autoridades sanitárias, além de as incrementarem em vários pontos, como, por exemplo, disponibilizando álcool isopropílico para limpeza dos smartphones, higienizando diariamente todas lojas com sistema de vapor a 100 graus, além de sanitização de todos os espaços. “Como temos espaços generosos em nossas lojas, com áreas de 400 a 1.000 metros quadrados, não tivemos a necessidade de implementar uma política de escalas de revezamento”, explica. 

Mesmo com tamanhas adversidades, mas com o olhar muito renovado e esperançoso, Pepeu Garcia conta que tem feito investimentos no showroom de todas as lojas, inclusive com apresentação de novas fachadas. “Estamos nos preparando para esse novo que começa a surgir, onde o espaço de morar, o hábitat das pessoas, será cada vez mais valorizado, mais reconhecido”, finaliza.

Beleza com cuidados

A administradora Giordana Maiorana, 36, e o hairstylist Júnior Fiel, 43, também reabriram o salão, mantendo todos os serviços – cercados de cuidados. “Estamos atendendo somente após agendamento antecipado. Fizemos um rodízio na equipe para evitar muita gente dentro do prédio. Estamos disponibilizando álcool em gel e líquido, aventais e capas descartáveis, luvas, faceshield para os colaboradores e clientes. Além disso, nossos profissionais estão instruídos em manter sempre o distanciamento necessário”, contam. “Sabemos que é um momento em que as clientes estão receosas em saírem de casa, mas se assim o fizerem, temos explicado todos os cuidados adotados para que sintam seguras e acolhidas”, diz Giordana, que enfatiza a importância do planejamento e de orientações detalhadas aos membros da equipe. “Também realizamos treinamento com os nossos colaboradores para que eles tenham segurança em todos os procedimentos adotados aqui”, finaliza.

Os pequenos estão ativos

A empresária Izabel Machado, 41,tem uma loja de roupas exclusivas há cinco anos. Por ser um pequeno negócio, Izabel sentiu o impacto do fechamento do negócio durante o período pandêmico. “O faturamento caiu um pouco. Antes atingíamos uma média de 30% a mais de clientes. Estamos cada vez mais nos reinventando, já que a loja não pode parar. Sabemos da dificuldade encontrada no cenário atual e procuramos formas de ter produtos mais acessíveis, com promoções, bazar e a compra on-line”, explica.

Izabel conta ainda que as roupas que mais têm saída são as de baixo custo, como camisetas, shorts e calças – um reflexo do cenário.

Para receber, de maneira apropriada, os clientes que não abrem mão do atendimento presencial, a empresária diz que limitou o número de pessoas por vez e que disponibiliza álcool em gel. Os colaboradores estão usando máscaras e mantendo distanciamento necessário. “Agora entram de 2 a 3 clientes por vez na loja”. Além de todas as estratégicas e protocolos, Izabel criou um cartão fidelidade, com promoções, para conquistar novos clientes e manter os antigos. “Eles ganham até 100 reais de bonificação”, revela.

Vai um sanduba no delivery?

O micro empreendedor (e estudante de gastronomia) Otávio Costa, 47, realizou o sonho de montar sua hamburgueria há dois anos. Infelizmente, teve de fechá-la, mas nem de longe ele pensou em deixar de produzir: cortou custos e encontrou até uma solução criativa para continuar estimulando a clientela. “Iniciei o serviço direto de delivery. Eu mesmo comecei a fazer a entrega, de carro, nos lugares mais distantes, enquanto que meu funcionário faz as entregas de bicicleta nos locais próximos. Isso traz mais segurança ao cliente, afirma. 

Como medida extra de segurança, Otávio passou a pedir o pagamento via cartão de crédito ou débito para evitar contato direto com dinheiro (que é um meio de contaminação) e até mesmo com o cliente.“Criei kits para o cliente montar em casa. Neles, embalo todos os ingredientes e após tudo ser embalado e plastificado, borrifo álcool 70 para poder iniciar as vendas. Esse kit vai além dos lanches comuns, que também seguem com o mesmo cuidado”.

Neste caso, a tecnologia e redes sociais foram fundamentais ao sucesso do novo modelo de negócios. “Pedi que comentassem e compartilhassem o serviço, participei de promoções em parcerias com outras marcas, para divulgar o meu serviço e até mesmo aumentar o número de clientes”. Ele comemora o êxito das estratégias combinadas. “Inclusive me trouxe até mais lucro e uma nova oportunidade de serviço. Agora pretendo manter o atendimento delivery, mesmo após a pandemia”, encerra.

Troppo