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Hipnose funciona? Conheça um pouco mais sobre a técnica

Médica explica como funciona e os benefícios do tratamento

Lorena Filgueiras / Troppo

Outrora associada ao misticismo, a técnica da hipnose – reconhecida pelo Conselho Federal de Psicologia – é um importante mecanismo auxiliar no tratamento de fobias, vícios, compulsões e distúrbios comportamentais. 

 

Grávida, ainda do primeiro filho – o príncipe George, Kate Middleton recorreu à hipnose para controlar os enjoos matinais. Deu tão certo a técnica, utilizada para abrir o apetite, que a Duquesa de Cambridge não pensou duas vezes em adotar a mesma prática para resistir melhor às dores do parto, com muito êxito novamente, segundo informações oficiais divulgadas à época. Quem não se recorda (com algum espanto, naturalmente) de ver sua majestade, horas depois do parto, de pé, já usando saltos confortáveis e comportados? A experiência foi tão inspiradora que sua cunhada, Meghan Markle, a Duquesa de Sussex, também decidiu utilizar a técnica para administrar as contrações e dores do parto.

 

Embora tivesse lido bastante sobre hipnose, confesso que entrei no consultório da nossa entrevistada, a psicóloga Simone Platino, curiosa. O tema sempre me lembra do Houdini, mágico famoso que conseguia se auto sugestionar e suportar a dor (curiosamente, morreu pelo rompimento do apêndice, três dias depois de um espetáculo em que pedia para alguém da plateia golpeá-lo na barriga – para provar e comprovar que não sentia dor alguma, depois de uma sessão de autohipnose. O mágico vinha sentindo dores e piorou depois do episódio). “Longe de qualquer misticismo ou ilusionismo, a hipnose é real e tem contribuído enormemente como terapia auxiliar”, explica Simone. 

 

Mas o que é hipnose, afinal? “É um estado alterado da percepção da realidade”, define Simone Platino, psicóloga e hipneterapeuta. “Podemos dizer que somos hipnotizados todos os dias – de forma natural ou induzida. De forma natural, quando assistimos uma novela ou um filme e ficamos focados em uma determinada cena, sem perder a noção do que está ocorrendo ao seu redor”, prossegue. 
Não existe mágica, adverte. “Para a hipnose funcionar, primeiro é preciso que a pessoa queira! Segundo, a pessoa tem que se permitir passar por um processo e, em terceiro lugar, seguir as instruções”, ela detalha.

 

“A força de vontade é como se fosse uma bateria, uma pilha. Na virada do ano novo, naquele momento, as tuas baterias estão carregadas. Você se promete emagrecer, começar a se exercitar... até que chega metade do ano e o paciente não saiu do lugar. A hipnose ajuda a restaurar essa força de vontade, a manter a bateria plenamente carregada”. A metáfora utilizada por Simone é utilizada recorrentemente especialmente com os pacientes que a procuram em busca do emagrecimento e tratamento de compulsão alimentar. 

 

A prática da hipnose é regulamentada pelos Conselhos de Psicologia, Medicina, Odontologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. No Brasil, o Conselho Federal de Odontologia foi o primeiro órgão representativo de uma categoria profissional a reconhecer a hipnose como ferramenta clínica, em 1993, seguido pelo Conselho Federal de Medicina, em 1999, Conselho Federal de Psicologia, em 2000 e, por último, Conselho Federal de Fisioterapia e Terapias Ocupacionais. Recentemente (em 2018), o Ministério da Saúde anunciou a inclusão da hipnoterapia para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

Ao contrário de Kate Middleton, que buscou a hipnose para aumentar o apetite, Valéria Braga procurou a técnica para emagrecer. Aos 23 anos, a internacionalista, conta que antes da hipnose sofria de ansiedade e estava caminhando para uma depressão. “Nunca fui uma pessoa magra. Já estive no chamado ‘peso ideal’, mas nunca cheguei a ser magra. Quando eu era pequena eu tinha o apelido de ‘lixeirinha’ na escola, porque quando alguém não terminava o lanche, eu pedia pra comer (mesmo que já tivesse comido o meu). Depois de algum tempo, minha mãe me deu o apelido de ‘goda’, para que a questão do meu peso virasse piada. Também tive apelidos sobre o tamanho dos meus peitos, sobre o meu cabelo (que resultou em anos de alisamento e maus tratos). Durante muito tempo eu sofri internamente por causa disso, até que, depois da hipnoterapia, me aceitei e essas coisas pararam de me afetar”, relata. Até que conheceu a técnica de hipnose e hipnoterapia na internet. 

 

“Decidi recorrer à hipnose pois sabia que os meus problemas eram profundos e depois de tentar a terapia comum, percebi que a terapia convencional não me ajudaria. Acompanhava um youtuber que trabalha com essa área de hipnose (focada na diversão), mas ele mencionou que a hipnose também poderia ser utilizada como terapia. Foi então que eu comecei a procurar”.

 

Valéria relata que o começo foi bem difícil. “Estava quebrada psicologicamente. Tomava remédio para ansiedade (que eu sentia que não estava mais fazendo efeito), estava caminhando a passos largos para uma depressão (já havia considerado o suicídio). A hipnoterapia me ajudou muito, comecei a ver tudo diferente, a pensar diferente. Com o decorrer das sessões eu percebi que eu não precisava tomar o remédio. Desde que comecei a terapia minha vida melhorou muito, eu melhorei a minha autoestima, melhorou a minha relação com a minha família, as crises de ansiedade, que eu tinha de maneira regular, hoje são raras. Além de ter me ajudado a emagrecer, em 6 meses de terapia eu emagreci 5kg sem fazer exercícios ou ir na academia, pois deixei de comer compulsivamente”, finaliza. 

Para saber mais:
@simoneplatino
@ohipnologo 

Troppo