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É só rock ‘n’ roll?

Lorena Filgueiras

O gênero, que nasceu transgressor, embalou (e continua embalando) os sonhos de gerações que enxergam, no ritmo, um estilo de vida. Com um dia para chamar de seu, decidimos ouvir fãs que celebram o rock sempre.

O professor e músico Rafael Abdala Mergulhão, 37, começou como muitos dos apaixonados empedernidos por rock começa: por influência dos pais. Já que na vitrola de casa sempre ecoavam os Beatles, Rolling Stones, Jimi Hendrix, Queen (além de MPB, Bossa Nova, pop e alguma música erudita, como ele complementa), essas foram as primeiras referências de Mergulhão, que se aprofundou no rock nacional já adolescente. “Entre minhas bandas preferidas estão as que fizeram parte da minha infância e adolescência: Metallica, Led Zeppelin, Guns, Beatles, Rolling Stones, Scorpions, Bon Jovi, U2, Megadeath, System of a Down... São tantas que é até difícil lembrar pra listar”, diz.

Daí para querer tocar algum instrumento, não tardou. “Cada uma dessas bandas que gosto, bem como algumas músicas, me inspiraram a aprender violão e guitarra. Meu pai me ensinou alguns acordes, depois aprendi mais com amigos, materiais e revistas de cifras que conseguia. Continuei, fiz cursos de violão, guitarra e faculdade [na área]”.

Dos acordes para uma banda própria, foi um pulo. “Ainda na adolescência comecei a montar uma banda com um amigo do ensino médio. Fizemos algumas músicas autorais, mas não demos continuidade. E, aos vinte e poucos, durante a graduação, conheci muitas pessoas e comecei a tocar na noite. Nessa época entrei na banda Álibi de Orfeu, que é de rock autoral. De lá pra cá, passei por várias outras como Mahara, 80bpm, Yuri Martins e banda, Ultra Passado, 4Rock. Além de vários projetos covers, como Rolling Stones, Scorpions, Bon Jovi, Kid Abelha, Legião Urbana, Amy Winehouse, Metallica, Guns, Judas Priest, Aerosmith entre outros de pop”, enumera.


Os pais foram os principais incentivadores do músico. “Meu pai sempre quis tocar e ter banda, mas meu avô não permitiu, então ele ficou feliz ao meu ver tendo interesse pelo assunto. Mesmo tendo preocupação com o futuro financeiro, eles me apoiaram”. A mãe, por exemplo, o presenteou com a primeira guitarra, quando completou 17 anos e, até hoje, sempre que pode, acompanha o filho em shows e festivais.

Por todas essas razões, o rock sempre foi muito mais que apenas o gênero musical favorito. “Faz parte do meu trabalho e da minha vida, dentre os trabalhos que faço, tocar rock é o que eu mais gosto”, afirma.


Rock é coisa de Deus!

A fotógrafa, estudante (e guitarrista) Carolline Lins, 27, tem histórias sensacionais para compartilhar quando o assunto é o ritmo tão amado. “O rock foi tão natural para mim quanto a vontade de ser musicista. Porém, nascida em uma família religiosa, era difícil ter contato direto com o gênero, então ele chegou sorrateiramente, se apresentando aos poucos”, inicia. Por conta da programação de rádios e canais especializados em música, Carolline estava sempre ali, na escuta. A paixão começou a preocupar quando, aos 17 anos, comprou o DVD da banda Guns ‘n’Roses. A família entrou em pânico.

E esse relato é só o começo. Em um encontro da igreja, o pai pediu ajuda ao pastor: que ele tentasse demover Carolline e a irmã a deixarem o rock de lado. Quando o pai comentou que as meninas planejavam ter uma banda, perguntou ao líder religioso surpreendeu ao revelar o que ele achava.

“O pastor abriu um belo sorriso e nos disse ‘meninas, vocês têm um excelente gosto! Sou fã do Jimi Hendrix, conhecem? Eu usava o cabelo igual ao dele! Bons tempos! Hoje sou careca e o Guns’n’roses tem belas músicas. Quando eu morrer quero que toquem Sweet child o’mine no meu enterro! Quando a banda de vocês fizer show, me chamem!’. Meu pai ficou sem palavras e o pastor complementando ainda que todos os ritmos eram de Deus. ‘O rock é um bom ritmo e com ideologia! Ser músico/musicista é uma bonita profissão’. Dado o sábio sermão, meu pai que sempre foi um excelente pai, porém com reservas religiosas na época, passou a ir em todos os shows da minha banda, junto com a minha mãe. Detalhe: ele até tira a camisa!”, vibra.

Morando fora de Belém atualmente, no interior de São Paulo, juntamente com a irmã, Carolline rememora as incontáveis vezes em que a polícia foi chamada por conta do barulho que sua banda de garagem fazia.

E o pai? Bom, ele continua prestigiando as meninas nas apresentações ao vivo, mas, voltando àquela época, foi ele quem comprou a primeira guitarra da filha mais velha – mesmo tendo reservas. “Eu a tenho até hoje”, afirma Carolline.

O primeiro EP da banda deve ser lançado ainda este ano!
 

Rock no DNA

Já a publicitária Lívia Monteiro Macêdo, 25, conta, sem delongas, que o amor ao rock foi transmitido, com êxito, à filha, Ana Vitória, de apenas 3 anos. “A gravidez veio em 2017, quando eu tinha 21 anos. Eu não descobri; na verdade foi a minha mãe que descobriu primeiro que eu. Ela simplesmente disse ‘você tá grávida. Amanhã vamos fazer um exame’. E ela estava certa, como sempre!”, fala.

Ana Vitória nasceu saudável, para a felicidade da nação roqueira... e com uma inclinação ao ritmo. “Percebi que ela gostava de rock, depois de, muitas vezes, ver suas reações quando eu estava ouvindo algumas músicas. Lembro quando ela tinha 10 meses de idade: eu escutava muitas vezes ao dia a música Bohemian Rhapsody [do grupo Queen]. E teve uma vez que ela fez o uuuhhhh do refrão. Eu olhei pro lado pra ver se alguém mais tinha visto e todo mundo caiu na gargalhada. Desde então, percebi que ela gostava dessa música”.

Aos três anos de idade, a pequenina segue firme e forte nas batidas dos clássicos. “Normalmente nos almoços do final de semana, onde passo mais tempo com ela, ouvimos juntas”, conta a mãe, entre risadas.

Sobre o dia do rock

Foi há 35 anos, durante a transmissão do Live Aid, que o músico Phil Collins, emocionado com o público recorde, sugeriu que o dia 13 de julho fosse dedicado ao gênero musical.

Se você ainda não era nascido na época ou se acompanhou, mas quer matar essa saudade, clica no QR abaixo:

 

https://www.youtube.com/watch?v=8a1ZF6gJ3fk&list=PL2bek2h-pjmTJ8HgRHX8_iTR6IlwX7aC6

Troppo