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Caroline Ribeiro com os pés firmes no chão!

Entrevista exclusiva com a modelo paraense internacional com 24 anos de carreira

Lorena Filgueiras

A paraense Caroline Ribeiro despontou no mercado internacional há mais de anos.

A menina, que foi "descoberta" durante as férias, em Salinas, no nordeste paraense, rapidamente ascendeu ao maior patamar da moda internacional.

Não sem antes ter vivido dificuldades [às quais ela agradece], que foram responsáveis por manter seus pés bem firmes no chão.

A trajetória exitosa transcendeu à carreira de modelo e fez com que Caroline estreasse em TV e se associasse a uma agência de modelos.

Simpaticíssima e muito, muito educada, Carol, como é chamada pelos amigos e familiares, conversou conosco pelo telefone, diretamente da Califórnia, onde estava passando uns dias com o marido e o filho.

Nesta entrevista exclusiva rememorou o começo da carreira, os desafios, a explosão internacional... e Belém, cidade que ela sempre faz questão de revisitar e onde suas raízes mais profundas estão fincadas.

"É um orgulho estar na Troppo", ela respondeu, quando peço desculpas por atrapalhar um pouco as férias em família.

 

 

Troppo + Mulher: Este ano você completará 40 anos – destes quase 24 são de carreira...

Caroline Ribeiro: (ela cai na gargalhada) É verdade! Eu comecei muito cedo! O tempo voou e tenho muito mais tempo de vida como modelo, do que sem ser modelo. (risos)

T+M: Como foi teu início de carreira?

CR: Eu tava andando em Salinas e o Mello [José Antônio Mello, produtor de moda, morto em 2003] me abordou. Ele fazia vários desfiles e aí eu lembro que fiquei até receosa, ao que ele me pediu "me leva até os teus pais, que eu converso com eles". Minha mãe ponderou que eu estava na escola e ele respondeu que eu só faria os eventos se pudesse. Eu era muito grande, magrela, muito diferente até da minha turma de escola. Pra mim, a carreira de modelo veio para me dar segurança como pessoa, do tipo, "olha, eu sou legal, não estou totalmente fora dos padrões" – que era algo que não se falava muito à época, mas eu me sentia um peixe fora d’água, sim. O Mello apareceu como essa ‘fada madrinha’ para falar "olha, você pode ser bonita e pode se sentir bem, também". E eu comecei a fazer desfiles, em Belém. Foi quando teve um concurso da Elite (agência internacional da qual o empresário John Casablancas estava à frente), em 1995, e o Mello me inscreveu. Ganhei o concurso em Belém e segui para Manaus para representar o estado. Passei Manaus e fui para São Paulo – que ganhei também. Neste meio tempo, minha mãe [Aline] foi transferida pra São Paulo e ela me disse: "filha, dando certo ou não a sua carreira, você estudará em São Paulo". Fiquei em São Paulo, desde então. Foi um começo difícil porque eu tinha uma beleza incomum. Hoje a gente divulga mais a beleza do brasileiro, de aceitar outros padrões... Mas, naquela época, o padrão era outro: nariz fino, olhos claros, cabelo liso, loiro... o mercado estava acostumado a uma beleza mais europeia e eu era muito brasileira. Matriculada na escola, a diretora veio conversar comigo: "faltando deste jeito, é melhor você mudar de escola". Foi quando fiz uma escola noturna e quando terminei o segundo grau, minha mãe me liberou para viajar. Aí foi que tudo começou, realmente. Fui apresentada ao Tom Ford, então estilista da Gucci e foi tudo muito rápido. Foi quando fiz a capa da Vogue Itália. Pensava "uau, minha carreira está dando certo!". Foi justamente essa brasilidade, esse meu biótipo bem misturado e vinda da Amazônia, que me fez dar certo lá fora. E justamente o que me impedia de decolar no Brasil, foi o que me fez aceita no mercado exterior.

T+M: Houve algum momento em que achaste que podia não dar certo?

CR: Quando eu cheguei em Nova York. Nos três primeiros meses, eu tava morando em um local realmente ruim; eu dividia um banheiro coletivo... Passei uns apertos e que, para mim, olhando hoje, foram muito bons. Hoje penso "precisava viver tudo isso para me manter com os pés no chão". Não tinha noção do que seria a minha carreira depois daquilo – até porque, tudo aconteceu tão rápido... logo, eu estava estampando a capa da mais importante revista de moda, abrindo e fechando desfiles incríveis. Isso tudo podia ter subido à cabeça, mas o fato de ter passado por dificuldades, fez com que eu me mantivesse firme ali. "Calma, que isso é passageiro. Isso faz parte da carreira e eu não sou melhor que ninguém". O que me tranquilizava era que eu tinha para onde voltar.

T+M: Tiveste que lidar com assédio, Caroline?

CR: Comigo nunca aconteceu. Mas vi ocorrer muito perto de mim o tempo todo. É importante que a gente se ajude o tempo inteiro. É bom perguntar para a menina ao seu lado "você tem certeza de que vai para este jantar? Você precisa ir para tal lugar?". Às vezes você percebe e outra menina, não. Até porque nós temos agentes, que dizem que alguns eventos são essenciais para a carreira. Mas... se o compromisso te angustiar, não vá! Eu mesma fui convidada para eventos que recusei. E parece que foi um estalo. O assédio começa quando você é forçada a ir para um evento que não quer. Isso é muito recorrente no mercado de Moda, na Televisão... em qualquer profissão. As mulheres ainda estão muito expostas a esses riscos, em nome das promessas de crescimento profissional. Em 10 anos, acredito mesmo que isso não será tão comum, mas sempre existirá.

T+M: Das lembranças de Belém, qual te faz falta com maior frequência?

CR: Ah, da minha família! A gente tem uma garagem na casa da 14 [14 de abril, rua de Belém], que pertencia ao meu avô e hoje quem mora lá é minha dinda, onde a turma toda se reunia. Escutávamos música, dançávamos. Era a turma do violão. É a memória mais vívida que tenho: a gente ouvindo boa música. Quando penso em Belém, além de boa comida, sempre me vem boa música à cabeça.

T+M: Belém acaba de completar 403 anos – qual teu desejo pra cidade?

CR: Quero que a cidade cresça, progrida; que dê valor ao melhor, que é a cultura paraense. Que a gente preserve nossos prédios históricos, nossas ruas limpas. Existe um certo caos nas ruas, que entendo ser parte da nossa cultura e acho isso muito bonito, mas que a segurança seja prioridade, para que possamos andar tranquilamente nas ruas lindas da cidade velha de Belém.

T+M: E como é tua relação com outros paraenses que também moram fora?

CR: A Fafá é nossa diva. Taí, quando eu conheci a Fafá, foi a realização de um sonho.

T+M: Sério? Me conta!

CR: A gente se falou, pela primeira vez, pelo instagram há uns 8 anos. Ela faz uma caldeirada especial de fim de ano e eu fui e, desde então, a gente sempre se reúne. E é um orgulho conhecê-la. Digo pra ela que ela é nossa "joia paraense". risos. Adoro ouvir as histórias dela, de como ela começou, como foi sair de Belém...

T+M: E como tem sido a experiência de comandar um reality? [Caroline apresentou a primeira temporada do reality "Um por todos", que vai ao pela Band; e já se prepara para a segunda temporada.

CR: Foi a primeira temporada em uma TV aberta. Já fiz MTV e agora faço o TNT, onde cubro todos os tapetes vermelhos. Inclusive, é por causa disto que estou aqui [quando a entrevista foi feita, Caroline estava na Califórnia]: porque vim para cobrir o Golden Globe. Há 5 anos faço a cobertura do tapete vermelho do Oscar também. Quando a proposta de apresentar algo em TV aberta, especialmente da Endemol [a produtora do reality], me deu um frio na barriga, porque é, definitivamente, algo que gosto muito de fazer. É um outro lado da minha carreira, bem diferente das passarelas, que quero e gosto muito de explorar. E tenho tido que estudar muito. O "Um por Todos" é um programa muito grande. Enquanto que a equipe do "Mapa do Pop", que é o programa que tenho no TNT, é muito pequena, o "Um por Todos" tem uma equipe de 147 pessoas! Ou seja, a diferença enorme. Já estamos esperando a próxima temporada, que tem o tema de "empreendedorismo".

Para saber mais: @caropita

Troppo