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Carnaval e amor para durar! Será?

Conheça histórias de quem conseguiu ultrapassar os dias de folia

Camila Passos / Troppo

“Amor de carnaval é fantasia e dura pouco, só dois dias”… Será? A célebre canção foliã de Jorge Ben Jor pode ter seu fundo de verdade para muita gente. Afinal, entre fantasias, abadás e entusiasmos, regidos pelo ritmo frenético da festa, é bem comum que aquela troca de carinho em pleno bloco tenha sido mais um destaque na avenida que algo para durar. Mas o destino não se escreve em purpurina, e pode ser que seu samba-enredo surpreenda! A Troppo + Mulher ouviu histórias de romances que pularam carnaval sim - e muitas outras folhas do calendário também. 

A mestra em comunicação Camille Nascimento Pinto e o advogado Alan Pinheiro Pinto estão juntos há quase oito anos – a serem completados no próximo dia 8. Curiosamente, a história inteira do casal levou um ano entre folias para sair do mundo das ideias e virar um relacionamento sério. “Tanto a primeira vez que a gente se viu, quanto o momento quando nossa relação se concretizou aconteceram no período de carnaval”, conta Camille, que se diverte bastante com as lembranças. O primeiro contato foi durante os festejos da Cidade Velha em 2010, num período em que todos os blocos começavam e terminavam na rua. Os dois estavam namorando na época, mas seus pares não estavam presentes na celebração. “Lembro que ele estava fantasiado de Batman e que era amigo de um grande amigo meu. Inclusive, cheguei a brincar com essa pessoa em comum, perguntando ‘qual o papo desse Batman’, mas sem nenhuma intenção real de que algo acontecesse”, rememora, entre risos.

O tempo passou e, em julho do mesmo ano, coincidiu de ambos terminarem seus relacionamentos. Mais uma vez entrou em ação o amigo em comum, Dan, que acabou comentando com Alan que uma amiga também estava recém-solteira e que talvez eles se dessem bem. Não demorou para que o casal se aproximasse, mas ainda não estava claro para Camille que aquilo teria futuro. “Nos beijamos pela primeira vez em uma festa, para a qual eu fui justamente com o Dan. Fomos nos encontrando algumas vezes em outras ocasiões, mas eu estava naquela fase de dar um tempo sozinha e com o pé atrás quanto a iniciar um novo relacionamento”, comenta. “Chegou um momento em que eu disse que não queria mais levar aquilo adiante”. 

image O que não estava nos planos de Camille é aquilo que nunca se sabe que haverá até que há: o despertar do sentimento. (Arquivo Pessoal)

Os meses afastados e um inusitado reencontro no réveillon em Algodoal - no qual cada um estava acompanhado de outra pessoa - fizeram um batuque no coração de Camille que só encontrou sua apoteose no carnaval de 2011 - quando, de novo, seus caminhos se estreitaram. “A gente foi para a Aldeia Cabana. Alan saiu na escola de samba Bole-Bole; e nosso cupido Dan e eu acompanhamos pela arquibancada. Emendamos para a casa de uma amiga em comum e acabamos ficando. Passamos o fim de semana juntos, e, quando foi na madrugada de terça de carnaval, ele me pediu em namoro”. Daí em diante, como toda relação, Camille e Alan viveram altos e baixos, superaram os desentendimentos, fortaleceram os vínculos e o amor amadureceu. Tanto que o casal noivou em março de 2016 e casou no civil em junho do ano passado. “Alan e eu somos a maior prova de que um amor de micareta pode dar certo. O clima do carnaval é de alegria e de amizade, e isso tudo compõe um relacionamento amoroso. Eu tenho uma alegria enorme e muito orgulho pela nossa história. Não me canso de contar”. 

A jornalista Camila Castro e o professor de educação física e empresário Lucas Mendes também iniciaram seu romance entre confetes e serpentinas. Juntos há três anos, eles se encontraram no primeiro arrastão do carnaval de 2016, na cidade de Ponta de Pedras na ilha de Marajó. “Nos conhecíamos apenas de vista e Facebook, e eu estava no bloco com um primo dele que é meu amigo de infância. Ele me avistou e pediu pro primo dele ‘fazer os papos’. De início eu neguei, até porque estava no início do carnaval… mas aí ele se aproximou e eu resolvi dar a chance. O beijo deu tão certo que todo mundo do bloco parou pra olhar a gente”, orgulha-se Camila. Ela lembra que Lucas não esperou muito para colocar as cartas na mesa. “Após o primeiro beijo, na mesma noite ele soltou: ‘eu namoraria contigo’. Eu fiquei assustada, porque não acreditava que aquilo ia dar certo. Mas o carnaval foi passando e a gente continuou se encontrando durante os blocos… Foram dias, meses, até que ele me fez o pedido oficial em agosto e eu aceitei”.

Camila considera que sua história, pela maneira como ocorreu, é um tanto incomum - mas que foi trabalhada com empenho de ambos para que desse certo. “Tive medo de acabar sendo só mais uma história de carnaval, mas conheci ele na melhor época - em que pude ver como ia ser tratada em festejos e perto das amizades. Lucas se tornou um dos meus melhores amigos, é a pessoa que me apoia, me ajuda quando preciso, me anima. Hoje, continuamos saindo com nossos amigos juntos, nos tratando com todo respeito, companheirismo e amor”. Para ela, o grande segredo é não sair de casa para pular carnaval já idealizando o que pode rolar. “Na época de carnaval todo mundo quer curtir, conhecer novas pessoas, beijar sem se apegar… mas pode acontecer que, num desses beijos, tenha um apego das duas partes e dê certo”, pondera. “A melhor coisa é deixar levar. Se tiver vontade das duas partes em ficar de novo em outro bloco, fiquem e aproveitem o momento. Se for pra se ver novamente, sair junto, saiam. Como a música diz: deixa acontecer naturalmente!”.

Para a psicóloga Ivana Freitas, o cenário de carnaval é um contexto onde muitas possibilidades cabem: dançar, beber, fazer amigos, deixar rolar um flerte, trocar uns beijos sem compromisso - e, no meio disso, pode ser que brote um futuro relacionamento mais promissor. O importante mesmo é se preservar e aproveitar sem neuras. “Para evitar uma possível cilada afetiva, o ideal é não ter expectativas demasiadas com relação a essa situação. Também recomendo que se tenha cuidado consigo - e, se houver sexo, que seja sempre com camisinha”, aconselha. “A pessoa pode ter a vontade de conhecer alguém que possa ser um futuro romance ou apenas querer se divertir sem maiores compromissos. O principal é curtir o carnaval sem que sua vida amorosa dependa desse momento”.

A profissional acredita que o que vai indicar se deve ou não haver um investimento emocional depois do contato inicial é a harmonia dessa escola, digamos assim. “Após o primeiro momento em que haja um movimento maior em prosseguir com a pessoa, é bom que de início ocorra uma conversa para saber se há gostos em comum e se a outra pessoa também está interessada em você. Caso seja recíproco, nos tempos de hoje, uma pesquisa com amigos e nas redes sociais é interessante para evitar uma possível decepção”, pontua.

“O principal desafio é ver as possibilidades, como afinidades e interesses que não são comuns aos dois - o que às vezes pode ser um indicador de limites pessoais que a pessoa não tolera. Isso vai sendo observado no início da relação pós-carnaval”. No final das contas, se vai engrenar ou se foi um bloquinho que passou em sua vida, só o tempo pode dizer. Aproveite e celebre sem deixar que isso paute seu reinado de Momo. “[A dica é] não apostar que sua felicidade e bem-estar dependem desse possível relacionamento. Sua vida continua e essa pessoa pode agregar, e continuar como uma relação - mas também pode ser apenas um ‘amor de carnaval’ que surgiu e se tornou uma lembrança agradável”

Troppo