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Atenção aos ossos: osteoporose pede cuidados redobrados

Manter uma alimentação rica em cálcio e praticar exercícios físicos são atitudes que contribuem para a prevenção da osteoporose

Rodrigo Cabral

Há seis anos, dona Maria de Lourdes Baía, 75 anos, sofreu uma queda enquanto passeava por um shopping de Belém. Foi um susto para a família e um desafio para a equipe médica. Depois de passar 18 dias internada, ser submetida a uma extensa bateria de exames e à avaliação de vários profissionais, ela descobriu que o baque era maior. “Eu sentia muitas dores nas costelas, pernas e braços. Os médicos não conseguiam identificar o problema. Até que, depois de muitos exames, foi constatado que eu tenho osteoporose”, relata.

Hoje, além de tomar medicações para aliviar as dores, a aposentada faz sessões de fisioterapia e acupuntura. “De 15 em 15 dias, eu vou ao ortopedista fazer avaliações. Desde que iniciei o tratamento, me sinto melhor, procuro ter uma boa alimentação e me manter ativa. Dessa forma, a doença não tem atrapalhado minha qualidade de vida”. Vaidosa e com um sorriso largo no rosto, é difícil duvidar dos resultados do tratamento, já que ela leva muito a sério. 

Por ser uma doença silenciosa, cujos sintomas não são percebidos no início, é comum que o seu diagnóstico ocorra após episódios de quedas ou fraturas, como no caso da dona Maria de Lourdes. Segundo o ortopedista Renato de Oliveira Pinto, 43 anos, “a osteoporose é uma patologia caracterizada pela perda de massa óssea, ou seja, quando ocorre a chamada desmineralização óssea, gerando o enfraquecimento dos ossos em função da diminuição da absorção de minerais e cálcio”, explica. 

A osteoporose é mais comum em mulheres após os 50 anos ou no período da menopausa. “Nesse faixa etária, começa a diminuição de estrogênio, hormônio feminino importante para captação de cálcio para os ossos. Disfunções na tireoide e doenças de base, como reumatismo, diabetes, leucemia e linfoma podem favorecer o aparecimento da doença, assim como a vida sedentária, a baixa ingestão de cálcio e vitamina D, fumo e álcool em excesso. Pacientes em uso prolongado de medicamentos à base de corticoides e anticonvulsivantes também estão mais propensos”, completa o médico. Esses fatores contribuem para um desequilíbrio entre a formação e a destruição dos ossos, gerando maior fragilidade.

Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a osteoporose é classificada em três principais tipos: a osteoporose pós-menopausa; a osteoporose senil, que atinge pessoas com mais de 70 anos; e a osteoporose secundária, que afeta pessoas com doença renal hepática, endócrina, hematológica ou que usam alguns medicamentos, como corticoides. Em média, a doença atinge uma em cada quatro mulheres após a menopausa e um em cada oito homens acima dos 65 anos.

Diagnóstico e tratamento
Dados divulgados pela universidade de Harvard, nos EUA, dão conta de que existem 200 milhões de casos de osteoporose no mundo e 10 milhões no Brasil, onde, a cada ano, ocorrem aproximadamente 2,4 milhões de fraturas causadas pela patologia. Não há cura completa para essa doença, justamente, por ser diagnosticada de forma tardia. Logo, o melhor caminho é a prevenção. O ortopedista Renato Pinto orienta que o exame mais eficaz para a detecção precoce é a densitometria óssea, uma tecnologia que utiliza radiação ionizante para obter imagens dos ossos. “Esse exame mede a massa óssea na coluna lombar e fêmur, principais sítios de fratura por queda em idosos”, explica. Os resultados são comparados com valores de referência pré-estabelecidos e classificados em três níveis de densidade: normal, osteopenia e osteoporose.

O tratamento não reverte a perda óssea completamente. “Como a osteoporose é uma doença diagnosticada somente após a sua instalação, considera-se que uma das melhores estratégias sejam as medidas preventivas, que retardam ou evitam o seu  desenvolvimento, como: alimentação balanceada, com atenção para o cálcio diretivo (leite e derivados); suplementos a base de Cálcio e vitamina D; exposição moderada ao sol para que ocorra a síntese de vitamina D; a prática regular de exercícios físicos, visando estimular a formação óssea e prevenir a reabsorção; terapia hormonal à base de estrógeno para as mulheres”, enumera. 

Ainda segundo o especialista, a prática de atividades físicas pode ajudar a diminuir o risco de fraturas, pois contribui para aumentar e preservar a massa óssea. Ao mesmo tempo, auxilia na prevenção de quedas, já que aumenta o tônus muscular e diminui o a falta de equilíbrio e resistência. Entre as atividades físicas mais indicadas, estão a caminhada, a corrida, a natação, o ciclismo e, especialmente, exercícios com pesos.

Desde criança, você deve ter ouvido que leite faz bem para os ossos 
A ciência comprova que o consumo de leite ajuda a prevenir osteoporose, considerando que este é um dos nutrientes em que encontramos a maior fonte de cálcio, mineral indispensável para garantir a recomposição da estrutura óssea. O médico reforça que “uma dieta rica em frutos, legumes e verduras ajuda a prevenir doenças que podem ter como consequência a osteoporose, a exemplo do diabetes. É importante priorizar alimentos à base de Cálcio, como feijão branco, folhas verdes, chia, grão de bico, brócolis, quinoa, leite e derivados”, recomenda.

A importância do check-up
Em seus 68 anos de idade, dona Maria José Freire, nunca descuidou da saúde. Religiosamente, vai ao médico para fazer check-ups anuais e exames de prevenção. Em uma das vezes, realizou a densitometria óssea e foi detectado que ela tinha osteopenia, um nível menor de perda de massa óssea, não considerado como osteoporose. “A partir de então, o acompanhamento médico passou a ser mais frequente e, em 2017, o quadro evoluiu para osteoporose e comecei a fazer o tratamento”, conta a aposentada. 
Pelo diagnóstico precoce, dona Maria José não chegou a fase das dores e alcançou excelentes resultados. “Hoje, a doença está controlada. Faço o tratamento e eu não tenho sintoma algum. Adicionalmente, cuido da minha alimentação, como muita fruta, couve, alface, legumes verdes, tomo leite, tomo sol e faço musculação. E tudo isso acabou trazendo muitos benefícios pro meu dia a dia. Me sinto muito mais saudável”, comemora.

Troppo