Robôs com características humanas despontam no mercado com diversas utilidades
De atendimentos personalizados a possíveis amizades com humanos, máquinas passam a imitar emoções e expressões e oferecem mais possibilidade de interações
A otimização de tarefas por meio de robôs já é uma realidade há anos, mas têm chamado a atenção de especialistas e da sociedade as semelhanças cada vez maiores entre as máquinas e os seres humanos. O ChatGPT, por exemplo, se diferencia de outros robôs por usar uma linguagem mais real, menos mecânica, e agora a Ameca - robô humanoide - utiliza a ferramenta para simular emoções e expressões faciais humanas por meio da inteligência artificial.
“Eu acho bem possível isso acontecer, embora o filme seja um retrato caricato, uma situação extrema, mas, certamente, a gente já consegue enxergar alguns estudos pilotos de robôs supervisionados para fazer algum tipo de atendimento psicológico em casos muito específicos. Então, isso já vem sendo utilizado. É um retrato da nossa sociedade, em que as pessoas estão se tornando individualistas e têm dificuldade na interação humana. É um caminho, isso vai acontecer e, depois, mais à frente, a gente vai precisar estudar”, afirma.
Outras utilidades de robôs humanóides são os atendimentos para usuários de serviços como telefonia, televisão por assinatura, internet, porque as máquinas que simulam emoções e expressões humanas podem tornar o diálogo mais fluido. “Um robô desse consegue, entre aspas, humanizar esse atendimento, fazendo com que ele consiga perceber melhor qual é o ânimo da pessoa que está interagindo e, a partir daí, trazer um pouco mais de conforto no final para quem está sendo atendido”.
Desafios
Como tudo na vida, qualquer evolução tecnológica tem seus lados positivos, mas também os negativos. Quites não considera que as máquinas estejam avançando tanto a ponto de representarem uma ameaça à humanidade - para ele esse cenário ainda é distante porque as ferramentas ainda são limitadas e têm capacidades específicas, não conseguindo substituir o talento humano. Mas, a evolução é real e pode ter impactos negativos.
“Essa área de inteligência artificial e os sistemas de linguagem transformativas iniciaram 30 anos atrás. Temos riscos, mas os riscos não são para agora, são para depois. O que a gente precisa é começar a buscar uma legislação, alguns países da Europa já começam a pensar nisso, sobre os limites que devem ser aplicados e quem fica responsável caso alguma coisa dê errado. Imaginem um robô que está tomando ações com certo nível de autonomia e que acaba tomando uma decisão errada, fala de maneira inapropriada, dá uma informação errada, quem a gente vai punir? A gente precisa se preparar como sociedade”, adianta o professor.
Esse preparo passa por uma regulamentação, na opinião de Rodrigo Quites, para garantir mais segurança no uso de novas tecnologias. A crítica do doutor na área de ciências da computação, no entanto, é quanto ao fato de que não estão sendo ouvidos especialistas de tecnologia para a elaboração do texto. “Quem está criando essa lei são pessoas que não conhecem as tecnologias, é uma lei que nasce atrasada. Tenho receio de ela não conseguir envolver o pessoal técnico nas áreas de tecnologia de informação e todas as afetadas. Não se consegue regular esse tema sem especialistas”, declara.
Outro desafio, na visão do diretor-presidente da Fundação Guamá, é estabelecer um limite de dados que as ferramentas tecnológicas podem acessar. Por exemplo, se elas estão habilitadas para ter acesso a arquivos, textos, planos e projetos porque isso gera mais facilidade para futuras criações, é preciso determinar um limite de conhecimento e de invasão de dados. “A gente precisa ter muita confiança de compartilhar as informações com provedores de soluções realmente responsáveis e que a gente consiga de alguma maneira em algum momento apertar um botão de pare”, enfatiza.