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De geladeira a luzes inteligentes: conheça tecnologias que estão na ‘palma da mão’ humana

Com equipamentos cada vez mais conectados e automatizados, usuários ganham tempo na rotina em casa e no trabalho

Elisa Vaz

A forma como a sociedade interage com a internet é alterada constantemente e, hoje, cada vez mais dispositivos conectados estão na palma da mão humana. Com controle absoluto sobre suas casas, escritórios e veículos, os usuários de tecnologias da chamada “internet das coisas” (ou internet of things, a IoT, no inglês) conseguem gerar comandos, por voz ou aplicativo, mesmo estando longe dos equipamentos inteligentes.

Professor de engenharia de computação e telecomunicação da Universidade Federal do Pará (UFPA), Eduardo Cerqueira afirma que esse conceito, tão importante para os dias de hoje, representa um ecossistema digital. Em 2023, segundo ele, o mercado global da internet das coisas deve ter um investimento de US$ 662,21 bilhões e, até 2030, um salto para US$ 3,35 trilhões, avanço possível devido às revoluções tecnológicas nessa área e em segmentos como redes de comunicação, computação em nuvem e inteligência artificial.

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Já existe, hoje, uma grande variedade de dispositivos inteligentes e conectados no mercado, incluindo automóveis, celulares, relógios, fechaduras, interruptores e até mesmo itens usados em cozinhas. “A conexão de dispositivos IoT com a internet permite um controle de forma remota e, muitas vezes, inteligente, bem como uma coleta de dados que, posteriormente, serão processados para gerar novos conhecimentos”, afirma o professor.

Ele lembra de alguns itens que têm usabilidades vantajosas: por exemplo, relógios inteligentes coletam informações sobre sinais vitais dos usuários e contribuem para melhorar a qualidade de vida e até mesmo detectar doenças ou anomalias antes que se agravem; dispositivos que, por comando de voz, informam sobre o clima e tempo, tocam músicas e atuam no sistema de iluminação; e cozinhas inteligentes com fogões e geladeiras IoT, em que é possível fazer o monitoramento, manutenção preventiva e gestão de conformidade dos dispositivos de forma remota e eficiente.

“Nos próximos anos, a sociedade vai passar a contar com veículos autônomos (sem motorista), saúde digital, holograma, indústria 5.0, entre outros, em que cada vez mais dispositivos e serviços IoT estarão disponíveis para atender às exigências e às demandas de cidades inteligentes e sustentáveis. Eles são essenciais para melhorar nossa vida e rotina na era digital. Aumentar a eficiência e a inteligência de serviços é primordial para reduzirmos custo e tempo de produção, monitorarmos a qualidade, cuidarmos da saúde, promovermos ações de bem estar, melhorarmos a eficiência energética e mais”, analisa Eduardo.

Na opinião do especialista, na próxima década, a humanidade vivenciará uma “grande revolução tecnológica” na área de conectividade, IoT e inteligência artificial, com novos empreendimentos lançados e adaptados para esse universo, trazendo avanços e benefícios em áreas estratégicas da sociedade digital, incluindo transporte, indústria e saúde. Também deve haver a utilização em larga escala de dispositivos e serviços IoT em residências, espaços públicos, escolas, indústrias e comércios, comportamento que, para o professor, é irreversível.

Uso na rotina

Incluir os equipamentos tecnológicos no dia a dia pode criar facilidades. O consultor de tecnologia da informação e telecomunicações (TIC) Felipe Pereira, de 31 anos, aplica o conceito na rotina desde que começou a morar sozinho, em 2021. Ele mesmo estuda sobre o tema e diz que a internet das coisas surgiu para conectar o que tradicionalmente não tinha internet e o conceito se difundiu.

image As lâmpadas inteligentes são capazes de controlar a iluminação da casa de forma automática, de acordo com a luz natural que entra na residência (Carmem Helena / O Liberal)

Na casa de Felipe já são vários produtos conectados: lâmpadas smart, que servem para controlar as luzes, incluindo a intensidade, as cores, a hora de ligar e desligar de acordo com o nascer e o pôr do sol; as tomadas inteligentes, usadas para desligar equipamentos que não são conectados, como ar-condicionado, e monitorar os custos e o consumo de energia elétrica, que podem ser vistos no aplicativo de celular; e duas assistentes pessoais virtuais (as Alexas), que controlam todas essas ferramentas e podem executar tarefas como fazer compras e colocar músicas apenas por comando de voz.

Para o usuário, o maior benefício é a assistência virtual que a Alexa oferece. “Ela tem uma certa inteligência. Consigo adicionar lista de supermercado, de tarefas, tudo por voz, o que dá mais dinamismo à vida, porque estou ali, por exemplo, cozinhando ou fazendo as coisas da casa, aí lembro que está faltando alguma coisa e só falo para o vento e ela vai lá e adiciona. Eu uso muito”, conta. Quanto às lâmpadas e tomadas, o fator principal é a comodidade, porque é possível apagar a luz fora de casa por meio do aplicativo, ou gerar os comandos de outro cômodo.

O empresário Tiago Tavares, de 24 anos, também utiliza os equipamentos dentro de casa. Em 2016, comprou seu primeiro produto inteligente: um relógio que verifica batimentos cardíacos, atividade física e a rotina de sono. Mas, o que era apenas uma forma de ter mais bem-estar virou regra em seu dia a dia.

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“Hoje o que está na minha rotina em casa são aparelhos inteligentes como máquina de lavar, geladeira, televisão, câmera de monitoramento do bebê e a Alexa, tudo conectado ao celular, à televisão e ao relógio, então a qualquer momento posso fazer um pedido que aparece nessas telas. Agora estou querendo automatizar as luzes de casa e a maçaneta da porta, que ainda não coloquei, mas, futuramente, quem sabe”, deixa em aberto.

Para Tiago, o maior benefício é ter tudo na palma da mão. Ou seja, pelo próprio celular, mesmo não estando em casa, consegue verificar a temperatura do ambiente, se a máquina de lavar terminou o processo de bater roupas, se sua filha já acordou, se a funcionária que trabalha em sua residência chegou e mais. Com isso, ele se sente mais seguro estando longe de casa. Outra facilidade é que, no prédio onde o empresário mora, há uma espécie de conveniência automatizada, então é possível pegar produtos de forma rápida e chega apenas uma notificação no celular.

Outro lado

Também existem malefícios nessas tecnologias, na opinião dos dois usuários. Felipe acredita que seja a dependência de uma conexão para que os equipamentos funcionem. “A Alexa não funciona sem internet. Se a internet estiver oscilando ou fora do ar, não funciona. E existe um aplicativo que vai controlar aquelas lâmpadas, e até o próprio aplicativo do dispositivo inteligente precisa também de internet ou de rede local sem fio. Então, no mínimo, a rede sem fio ou o roteador tem que estar funcionando”, afirma.

O empresário Tiago Tavares concorda - uma internet fraca pode prejudicar a conectividade, diz ele. Mas, o que mais causa receio é a possibilidade de ter dados e informações pessoais acessados e roubados. “Quando chegam aqueles termos de uso que ninguém lê, gosto de ver se a empresa está tendo cuidado com meus dados, porque, se isso ficar frágil ou sem atualização, posso ter uma pessoa dentro de casa e não vou saber. Sempre analiso muito bem se a empresa tem cuidado com cliente, se é uma marca grande, que se preocupa com isso, se tem confiabilidade. Também assisto a muitos vídeos no YouTube antes de comprar para não ter problemas de segurança”, orienta.

O professor Eduardo Cerqueira, especialista em engenharia de computação e telecomunicação, diz que a coleta, transmissão e análise dos dados precisa ocorrer de forma ética, segura e garantindo a integridade e privacidade dos dados. Sem ética, segurança e privacidade, segundo ele, a sociedade fica exposta e serviços podem ser realizados de forma errada ou com baixo desempenho.

Valores

Já os custos para ter esses equipamentos, hoje em dia, não são tão altos. O consultor de TI lembra que, antigamente, ter esse tipo de automação residencial era “uma fortuna e muito menos prático” por causa dos cabos necessários. “Todas essas coisinhas que temos de smart eram muito mais trabalhosas e caras do que hoje em dia. Agora, praticamente, qualquer loja de eletrônico tem uma tomada inteligente que só depende do wi-fi da sua casa e custa R$ 80, R$ 90. A mesma coisa uma lâmpada inteligente”.

A Alexa, por sua vez, que tem vários modelos, pode custar a partir de R$ 250 - uma das que Felipe possui custou R$ 500. Porém, quanto mais complexo o sistema, mais caro ele fica, de acordo com o especialista em TI. E, consequentemente, ter todos esses equipamentos conectados na rede pode deixar a conta de luz mais cara. Como o próprio usuário explica, eles precisam estar sempre conectados à rede sem fio e à internet, precisam de energia constante.

Mas, Tiago não acha que esse impacto financeiro seja tão grande. Afinal, mesmo tendo as ferramentas conectadas o tempo todo, a diferença é pequena na conta de luz no fim do mês, de acordo com ele. “É a mesma coisa que deixar a televisão ligada na tomada sem, de fato, ligar, consome muito pouco, deve ser uma diferença de R$ 10 no fim do mês. Além disso, com o desligamento automático de luzes, pode, na verdade, gerar uma economia. Tem que ver até que ponto é vantajoso para você”, diz. Outro custo, para alguns produtos, é com pilhas alcalinas, que precisam ser trocadas de vez em quando.

Mesmo com os gastos um pouco mais elevados que realizar os serviços manualmente, os dois usuários acreditam que a tendência seja, cada vez mais, as pessoas buscarem esses produtos. “Cinco anos atrás não tínhamos quase nada do que temos hoje. A tendência é tudo estar conectado a você”, afirma Tiago. 

O que falta, no entanto, na opinião de Felipe, é difundir conhecimento a ponto de que qualquer pessoa entenda como esses itens funcionam e consiga resolver caso eles apresentem algum problema simples, criando mais praticidade ao equipamento. E o professor Eduardo Cerqueira lembra que ainda é preciso pensar em estratégias de recolocação profissional para trabalhadores em áreas onde a mão-de-obra humana não será mais necessária.

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