Síndrome de pica: conheça a condição que causa vontade de comer objetos estranhos
A síndromé rara faz com que pacientes tenham vontade compulsiva de ingerir itens como tijolo, sabão, papel e até fezes; entenda causas e tratamento

Você já ouviu falar em pessoas que comem coisas como terra, pedra ou sabão? Pode parecer estranho, mas esse comportamento tem nome e é reconhecido pela medicina: trata-se da síndrome de pica, também conhecida como alotriofagia. O transtorno alimentar é caracterizado pela ingerência compulsiva de substâncias não alimentares e pode trazer sérios riscos à saúde.
O nome “pica” vem do latim e faz referência ao pássaro Pica pica (pega-rabuda), conhecido por "comer de tudo". Assim como o animal, pessoas com o transtorno passam a ter vontade recorrente de ingerir itens que não têm valor nutricional — e, muitas vezes, são até tóxicos.
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O que é a síndrome de pica?
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), a síndrome de pica é um distúrbio alimentar em que a pessoa sente vontade persistente de comer substâncias não comestíveis, como tijolos, sabão, papel, unhas, algodão, plásticos ou fezes.
Para ser diagnosticado como pica, o comportamento precisa persistir por mais de um mês, com frequência significativa, e não ser justificado por práticas culturais ou rituais.
Quais são as causas da alotriofagia?
Ainda que o transtorno possa parecer incomum, não se trata apenas de “mania” ou escolha pessoal. Diversos fatores estão associados ao quadro, entre eles:
- Deficiências nutricionais, especialmente de ferro e zinco
- Transtornos psiquiátricos, como esquizofrenia, TOC e depressão
- Déficit intelectual
- Gravidez, devido a alterações hormonais e nutricionais
- Estresse extremo ou traumas emocionais
Casos são mais frequentes em crianças e gestantes, embora possam ocorrer em qualquer idade.
Quais os perigos de ingerir itens não comestíveis?
A ingestão de objetos ou substâncias não alimentares pode gerar intoxicações, problemas intestinais, bloqueios no sistema digestivo, infecções e até complicações cardiorrespiratórias em casos extremos.
Por isso, a condição exige atenção médica imediata, especialmente quando os itens consumidos representam riscos à vida.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da síndrome de pica é clínico, baseado na observação do comportamento do paciente e seu histórico. O profissional de saúde avaliará:
- Tempo de duração do comportamento
- Intensidade e frequência
- Riscos envolvidos
- Condições associadas (nutricionais, emocionais ou psiquiátricas)
Qual é o tratamento para a síndrome de pica?
Não há um tratamento único e padronizado, mas a abordagem deve ser individualizada e multidisciplinar, envolvendo suplementação nutricional, especialmente ferro e zinco, quando houver deficiência. Também pode ser recomendado psicoterapia, para trabalhar questões emocionais e comportamentais, além de acompanhamento psiquiátrico, com uso de medicamentos quando necessário (como inibidores de recaptação de serotonina, em casos associados a depressão ou TOC).
Se uma pessoa próxima demonstra desejo frequente e compulsivo de ingerir substâncias incomuns, como sabão, terra ou cabelo, é essencial buscar avaliação médica e psicológica o quanto antes. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores são as chances de evitar danos à saúde.
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