Ressaca: veja o que realmente funciona e o que é mito no alívio dos sintomas

Especialista explica quais as soluções mais eficazes contra o mal-estar causado pelo excesso da ingestão de álcool

Riulen Ropan
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Nem todo mundo escapa da temida ressaca após uma noite de exageros. Dores de cabeça, náusea, sensibilidade à luz e ao som são sintomas comuns — e, junto com eles, surgem os conselhos populares para curar o mal-estar causado pelo excesso da ingestão de álcool: café forte, banho gelado, ovo cru e até mais álcool.

Mas será que essas estratégias realmente funcionam? A resposta, segundo o psiquiatra Arthur Guerra, presidente do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), é mais racional do que os mitos populares costumam sugerir. “A ressaca é o preço que o corpo humano paga por essa metabolização tóxica, excessiva, intensa no gasto de energia, provocada pelo consumo do álcool”, destaca, o especialista.

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Café forte 

Apesar de ser uma escolha popular entre quem tenta amenizar os efeitos da ressaca, o café não tem efeito farmacológico contra os sintomas provocados pelo excesso de álcool. O líquido quente e amargo pode até ajudar a disfarçar o “bafo de álcool”, mas, em um estômago já sensibilizado, pode agravar o desconforto.

A cafeína, no entanto, pode trazer algum alívio para a dor de cabeça em pessoas habituadas a consumir a bebida com frequência. Ainda assim, o efeito é limitado. “Nenhum médico prescreve café para ressaca”, brinca o psiquiatra.

Mais álcool 

A crença de que “curar a cachaça com mais cachaça” é comum em algumas regiões do país, mas não passa de mito. “Doutor, quando tem fogo na mata, a única forma de acabar é colocando fogo no outro lado”, relata o psiquiatra Guerra, sobre frases que já ouviu de pacientes.

Segundo ele, adicionar mais álcool ao organismo somente “disfarça” os efeitos da ressaca, sem resolver o problema. “É um erro absurdo do ponto de vista médico”, alerta o médico.

Kit ressaca 

Itens como Engov, Epocler e sal de frutas, os chamados “kits ressaca” distribuídos em festas, têm eficácia duvidosa. Segundo especialistas, o efeito placebo é o máximo que essas substâncias costumam oferecer.

Alguns desses medicamentos, inclusive, não devem ser usados em conjunto com bebidas alcoólicas, como é o caso do Engov. Para aliviar a dor de cabeça e o mal-estar, o ideal é recorrer a remédios com dipirona ou ibuprofeno. A aspirina deve ser evitada, já que pode irritar ainda mais o estômago, e outros analgésicos podem sobrecarregar o fígado.

Ovo cru ou cozido

O consumo de ovo cru ou cozido aparece como uma das possíveis soluções para a ressaca. A justificativa costuma ser a presença da cisteína, aminoácido que “desempenha um papel no metabolismo do álcool”. No entanto, não há estudos que comprovem esse efeito, e o consumo de ovo cru ainda representa o risco de contaminação por salmonella. “Se fosse pela cisteína, já teriam feito um comprimido com a substância isolada, que seria mais fácil”, ressalta Guerra.

Banho gelado 

Banhos frios durante a embriaguez podem ajudar a reduzir o mal-estar, o suor e o odor corporal. No entanto, após a bebedeira, a prática não contribui para a eliminação do álcool do organismo.

Mergulhar a cabeça em água gelada pode até gerar alívio momentâneo, mas, do ponto de vista científico, “não é prático”.

Tipo e marca de bebida

A crença de que bebidas mais caras provocam menos ressaca também é infundada. Para o fígado, não importa o valor da garrafa ou o tipo da bebida, o que conta é a quantidade de álcool ingerida.

“A cerveja tem um teor alcoólico de aproximadamente 4% e costuma ser servida em copos ou latas de 330 ml. Isso dá, aproximadamente, 14 gramas de álcool puro, a mesma quantidade presente em 150 ml de vinho ou em uma dose de whisky ou cachaça (50 ml)”, explica o psiquiatra.

Características como cor, gás, temperatura ou presença de gelo também não alteram os efeitos do álcool. A exceção são bebidas artesanais, que podem conter substâncias tóxicas. “Somente nesses casos que o corpo vai diferenciar as bebidas”, acrescenta.

Exercício físico 

Exercícios físicos podem colaborar no processo de recuperação, acelerando o metabolismo e contribuindo para que o organismo elimine o etanol com mais eficiência. Caminhadas leves já são suficientes para ajudar.

“Conheço pessoas que falam que correm e sentem o álcool evaporar através da pele”, comenta o representante do CISA. Apesar da sensação, a eliminação do álcool se dá principalmente pelo fígado, e não pelo suor.

Cada organismo reage de maneira diferente à ressaca, por isso algumas estratégias podem funcionar melhor para uns do que para outros. Mas, uma regra é quase universal: hidratação é fundamental. Quanto mais água, melhor, já que ela funciona como um combustível essencial para o processo de metabolização do álcool. A única exceção é, claro, ingerir mais álcool, o que só atrasa os efeitos e agrava o problema.

(Riulen Ropan, estagiário de Jornalismo, sob supervisão de Luciana Carvalho, repórter web de OLiberal.com)

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