Pessoas com deficiência ganham mais qualidade de vida com esgrima e outras modalidades esportivas

Projeto de extensão da UFPA garante benefícios e novas experiências a estudantes e comunidade PCD

Maiza Santos | Especial para O Liberal

As modalidades esportivas beneficiam pessoas com deficiência (PCD), por garantir melhorias para a saúde, coordenação motora, agilidade e equilíbrio. Além disso, também colaboram para a inclusão social e são capazes de proporcionar autoconfiança e autoestima. Todas essas vantagens são evidenciadas no projeto "UFPA Paralímpica", programa de extensão da Universidade Federal do Pará, que desde 2019 realiza ações integradas unindo diversas áreas do esporte e da ciência, oportunizando aos participantes um espaço de descobertas e motivação.

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Todos os ganhos à saúde provenientes do ato de se exercitar já são conhecidos pela maioria da população. Mas o que poucos sabem é que para pessoas com deficiência, esses benefícios vão muito além: representam reabilitação motora e cognitiva, socialização, desenvolvimento da comunicação, além de, muitas vezes, melhorar a condição geral de saúde e prevenir doenças. 

image Manoel Moreira Gomes Neto e Lais Malato Santos, estudantes que treinam esgrima; e Carlos Aguiar, professor de educação física e instrutor de esgrima (Foto: Thiago Gomes | O Liberal)

Uma das participantes do projeto UFPA Paralímpica, Laís Malato Santos, de 31 anos, que é estudante do curso de Conservação e Restauro, diz que a principal mudança que sentiu ao começar na iniciativa foi ter uma nova percepção sobre si mesma.

image Estudante Laís Malato Santos (Foto: Thiago Gomes | O Liberal)

“Tenho paralisia física e estou no projeto desde março deste ano. O modo de ver a minha vida foi o que mudou principalmente. Quando acompanhava algum jogo paralímpico pelos meios de comunicação, sempre achava que eu não era capaz de fazer algum, já me pré-julgava antes mesmo de tentar algo. Após ter o contato mais próximo, vi que se eu quiser fazer algum esporte, não é a minha deficiência que irá me limitar se tiver força de vontade para seguir nesse propósito”, relata a estudante.

Laís afirma que a experiência no projeto também acaba redefinindo o pensamento de pessoas que não tem nenhuma deficiência, pois aprendem a respeitar e olhar sem preconceito. A participante atualmente treina esgrima e  conta que muitas áreas de sua vida foram beneficiadas, principalmente a parte física e psicológica.

“Estou amando a experiência que a esgrima está me proporcionando. Isso fez eu melhorar tanto o físico como o  psicológico. Depois que comecei, vi que desenvolvi mais concentração por ter que trabalhar mais rápido, para assim ter agilidade e criar estratégias para ataque e defesa na hora do jogo. Nós provamos que somos capazes de fazer o que quisermos. É importante que pessoas PCDs façam exercícios físicos, pois exercita não só a parte física, assim trazendo melhores qualidades e um ânimo a mais na vida" garante. 

Novas experiências

Manoel Moreira Gomes Neto, de 21 anos, é portador de Artrogripose Congênita e participa do ‘UFPA Paralímpica’. Ele assegura ter passado por melhorias no desempenho das atividades diárias após ter iniciado no projeto.

image Estudante Manoel Moreira Santos (Foto: Thiago Gomes | O Liberal)

“O esporte ajudou no meu condicionamento físico, mobilidade, agilidade, etc. Da mesma forma, me levou a experiências sensacionais e a conhecer pessoas incríveis. Valeu a pena a experiência. Tive mais força, o que me ajudou em muitas atividades do dia a dia, uma vez que sou cadeirante. O projeto é importante devido a oportunidade que ele propõe para pessoas PCDs superarem seus limites”, declara.

No projeto desde outubro do ano passado na modalidade de esgrima, Manoel conta que a treinadora o  encontrou no Restaurante Universitário e fez um convite. Apesar de ter sentido ‘um pouco’ na questão de aprendizado, hoje ele já mantém uma rotina de treino.

“Exercícios físicos são importantes para qualquer pessoa, porém, muita das vezes funciona como terapia para pessoas com deficiência, seja congênita ou ocasional, melhorando o comportamento, emoções e interações. Vale ressaltar também, que auxilia na coordenação e atividade motora”, fala. 

Dedicação e apoio

A professora Marília Passos Magno, uma das coordenadoras do projeto - ao lado do docente Anselmo Athayde Costa e Silva, explica que as atividades desenvolvidas no UFPA Paralímpica garantem uma mudança completa na realidade dos estudantes.

“Inclusão é um termo muito amplo, mas pensando que nossas atividades permitem que tanto pessoas com deficiência quanto sem possam integrar e participar conseguimos cumprir essa missão. Todos sabem os problemas de saúde vinculados à falta de atividade física. As pessoas com deficiência tendem a ter uma vida menos ativa, pela falta de acessibilidade e possibilidades no meio onde estão inseridas, estando muito mais susceptíveis a desenvolver problemas de saúde”, assegura.

A professora ainda destaca a importância de serem criados projetos voltados para pessoas com deficiência. “A prática de atividade física e de esporte é fundamental para o contexto global de saúde da PCD. O mais interessante do programa é pensar o esporte paralímpico nas mais diversas áreas da ciência. No momento, temos esgrima em cadeira de rodas, tiro com arco, vôlei sentado, bocha, dança esportiva em cadeira de rodas, judô, atletismo, paracanoagem, futebol de cegos. Algumas dessas modalidades são realizadas em parcerias com grupos, associações e outros clubes da cidade”, diz Marília.

UFPA Paralímpica

O Programa UFPA Paralímpica visa apoiar o desenvolvimento do esporte paralímpico na região amazônica, coordenando projetos de extensão em diferentes áreas da ciência. Atualmente há projetos nas áreas de: 

Fisioterapia: ofertando atendimento fisioterapêutico ao atleta com deficiência;

Terapia Ocupacional: para o desenvolvimento de recursos de tecnologia assistiva voltadas para a prática esportiva;

Comunicação: com o desenvolvimento de ações de divulgação do esporte paralímpico na região.

“É importante ressaltar que o programa funciona com a atuação de alunos bolsistas, alunos voluntários da UFPA e instituições externas, profissionais já formados. Além da dedicação de todos, também temos o apoio da UFPA. Também estamos abertos à pessoas que queiram nos ajudar a identificar os problemas enfrentados na nossa região, pensar e soluções com base na ciência e aplicar no nosso contexto para termos resultados”, informa a Marília.

Como participar do projeto?

Não existe período de inscrição específico, os interessados em praticar as modalidades podem entrar em contato pelo Instagram @ufpaparalimpica ou e-mail ufpaparalimpica@gmail.com. Os mesmos contatos podem ser usados também para quem deseja apoiar e desenvolver projetos. A agenda de treino do segundo semestre será divulgada no Instagram do Projeto.

Quem pode participar?

Pessoas com deficiência que queiram praticar algum esporte ou atividade física. Caso a modalidade de interesse não esteja disponível no projeto, os organizadores encaminham para outros clubes ou associações que desenvolvam a prática da modalidade.

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Saúde
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