Oncológicos, idosos e diabéticos devem redobrar os cuidados com os pés; veja como fazer isso
Os pés sustentam nossos corpos durante todo o dia, porém muitas vezes tem os cuidados relegado a terceiro plano
Unhas encravadas, frieiras e calos nos pés podem parecer simples incômodos que todo mundo um dia terá. Esses pequenos problemas podem se agravar evoluindo para inflamações nos membros inferiores, infecções e até amputações, dependendo dos casos e das pessoas. Os pés merecem cuidados especiais, principalmente em grupos como idosos, diabéticos, renais crônicos e pacientes em tratamento contra o câncer.
VEJA MAIS
Os pés sustentam nossos corpos durante todo o dia, porém muitas vezes tem os cuidados relegado a terceiro plano. A podóloga Elma Cavalheiro, de 49 anos, orienta que o cuidado com os pés pode prevenir situações mais graves. Pessoas de todas as idades podem se consultar com um podólogo, até mesmo bebês podem ser consultados, se tiverem alguma patologia.
“A podologia para muita gente é confundida como uma manicure de luxo e não é. A manicure cuida do embelezamento, que é o corte, a esmaltação, que é a unha acrílica em gel, enfim. Já a podologia cuida da saúde, seja podologia geriátrica, podologia infantil, podologia esportiva, podologia laboral, que é necessário também porque as pessoas trabalham 8 horas em pé”, ressalta Elma.
Em alguns casos, como pacientes diabéticos, oncológicos e pessoas com imunidade baixa, a consulta se torna ainda mais necessária. Portadores de diabetes podem desenvolver pequenos ferimentos, que podem passar despercebidos, devido à neuropatia diabética, uma das complicações mais comuns da doença, que leva a dor, dormência, formigamento e perda de sensibilidade nos membros inferiores. Sem o devido cuidado, a situação pode evoluir rapidamente de pequenas feridas que se transformam em úlceras e, em casos mais graves, amputações.
“O diabético precisa ter a atenção redobrada, e ficar atento a qualquer lesão. Seja nas unhas, ou na face plantar. Se teve alguma alteração deve procurar o atendimento imediatamente. Uma vez que ele tem essa glicose descompensada tudo vai alterar. A probabilidade de contrair uma bactéria e amputação é duas vezes maior. Isso quem diz é o Ministério da Saúde, em que a cada dois minutos um diabético está sendo mutilado, justamente por falta de cuidados ou por passar despercebido, qualquer ferimento nos pés, quando não se dá a atenção que precisa”, detalha Elma.
O professor Denis Souza, de 37 anos, faz acompanhamento com a podóloga há quatro anos. Ele começou o atendimento após ser diagnosticado com câncer e um problema na unha no período. Denis, que também é diabético, avalia que uma profissional qualificada fez toda diferença para a saúde. Hoje, com a doença em remissão, ele mantém os cuidados com os pés. “Logo depois das primeiras quimios, que traz mais infecções, porque ficamos menos imunes a certos tipos de bactérias. Tive um probleminha na unha e a Elma me socorreu pela primeira vez. Então, a gente não parou mais”, relembra.
No dia-a-dia Denis hidrata bem os pés com hidratante de toque seco. “Os benefícios são os melhores possíveis. Como a gente está em tratamento a gente não pode estar com profissionais que não sejam adequados, então a podologia traz benefícios e confortos para a gente. Qualquer probleminha temos que estar com profissionais adequados. É importante que o paciente oncológico seja recebido com carinho e qualidade, e profissionalismo também”, complementa.
A dermatologista Regina Carneiro reforça que os cuidados em pacientes oncológicos e diabéticos devem ser redobrados com a saúde nos pés. “Outra coisa é que essas próprias doenças baixam a imunidade da pele, então as vezes os próprios fungos que existem naturalmente na pele do paciente, pode se aproveitar dessa defesa da baixa de imunidade quer seja por uma paciente oncológico ou diabético e se manifestar. E nos pacientes diabéticos, muitas vezes nós temos uma dificuldade de cicatrização das lesões. Eles muitas vezes têm uma deficiência na vascularização dos pés, o que faz com que as úlceras fiquem mais severas e maiores”, enfatiza.
Dentre as orientações das profissionais para os casos mais específicos estão o cuidado com os sapatos para que não sejam muito apertados ou folgados, lavar e enxugar bem os pés entre os dedos, sempre hidratar, e ter acompanhamento médico e especializado para qualquer intercorrência.
Os pés também tem maior probabilidade de serem contaminados por fungos. No período de férias, os fungos nos pés ocorrem com maior frequência devido a umidade e a presença de microrganismos nas areias. Uma das mais comuns é a Tinea pedis, infecção de fungo mais conhecida como frieira.
“Eles têm uma maior probabilidade, porque a gente fica com o pé suado, sapato fechado, entra em contato com muita umidade, o pé entra em contato com areia, entra em contato com objetos, por isso eles teriam mais infecções fúngicas, além disso as unhas dos pés são mais frequentemente comprometidas pelas onicomicoses, que são as micoses de unha”, explica a dermatologista Regina Carneiro.
Elma, que é especialista em fungos, ressalta que muitos ignoram esses microrganismos. “O fungo pode entrar na corrente sanguínea. Muitas das vezes o paciente está ali com uma bactéria e não sabe por onde foi introduzida, que foi pelo fungo, porque entra na corrente sanguínea. Hoje os médicos infectologistas já dizem que o fungo está matando mais que o câncer, porque o fungo não dói. Então, o paciente não tem a visão de procurar o tratamento”, alerta.
Ter saúde nos pés é essencial para ter qualidade de vida. O acompanhamento de médicos com podólogos pode evitar situações mais graves e melhor qualidade de vida. “Nos nossos pés estão todos os nossos órgãos, do cérebro ao fio de cabelo. Digo que a podologia é saúde, mas o pé fica esquecido dentro de um calçado. Que a gente dê atenção especial aos pés”, ressalta Elma Cavalheiro.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA