Intoxicação por metanol: entenda o papel crucial do bicarbonato de sódio no tratamento
Com casos de intoxicação por metanol crescendo no país, entenda a importância da hemodiálise e de antídotos específicos

Com mais de 200 casos suspeitos de intoxicação por metanol em 18 estados, a preocupação sobre essa substância tóxica que pode causar cegueira e morte cresceu no Brasil. Entenda os riscos, a importância do diagnóstico rápido e o papel do bicarbonato de sódio no tratamento de emergência.
O metanol é conhecido como uma substância "traiçoeira". De acordo com o médico Álvaro Pulchinelli Jr., presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), ele não possui cheiro ou gosto característico que alerte a vítima.
“A gente só percebe seus efeitos quando os sintomas já se manifestaram”, afirma Álvaro.
A rapidez no diagnóstico e a introdução dos antídotos são cruciais para aumentar as chances de salvar a vida e preservar a visão do paciente.
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Bicarbonato de Sódio e Metanol: O que você precisa saber
Um dos focos no tratamento emergencial de intoxicação por metanol é o uso do bicarbonato de sódio. Mas qual é a função dele?
O bicarbonato é empregado para corrigir a acidose metabólica, ou seja, a perigosa transformação do sangue em ácido, que é uma consequência comum e grave da intoxicação por metanol.
- Ação: Embora o bicarbonato não elimine a toxina em si, o uso controlado eleva o pH sanguíneo, diminuindo alguns sintomas e, principalmente, protegendo os rins dos danos causados pela acidez.
- Protocolo: Pacientes com pH sanguíneo abaixo de 7,3 devem receber doses elevadas de bicarbonato, sob monitoramento contínuo, conforme as diretrizes recentes do Ministério da Saúde.
Em resumo: O bicarbonato de sódio atua nas consequências da intoxicação, estabilizando o pH e protegendo o organismo até que o veneno seja eliminado.
Tratamento definitivo e antídotos essenciais
Para deter a intoxicação por metanol em si e impedir que a substância cause danos irreversíveis, são necessários antídotos específicos e procedimentos médicos complexos:
- Antídotos: Substâncias como o fomepizol ou o etanol farmacêutico são usadas para isolar as enzimas hepáticas que transformam o metanol em ácido (toxina). Eles impedem a formação de novas toxinas.
- Hemodiálise: O procedimento acelera a eliminação do metanol e de seus metabólitos tóxicos do corpo.
A rapidez em iniciar esses tratamentos é o fator que mais faz a diferença na recuperação do paciente, especialmente na prevenção da cegueira permanente.
Sintomas de intoxicação por Metanol: Fique alerta!
Os primeiros sinais de intoxicação por metanol podem ser confundidos com a embriaguez comum:
- Fala arrastada;
- Tontura;
- Reflexos lentos.
No entanto, horas depois (geralmente entre 12 e 14 horas após a ingestão), os sintomas se intensificam perigosamente:
- Náuseas e vômitos;
- Perda progressiva da visão;
- Sintomas visuais graves: névoa, intolerância à luz e manchas no campo de visão.
A oftalmologista Hanna Flávia Gomes, do CBV-Hospital de Olhos do Distrito Federal, alerta que doses a partir de 10 ml de metanol já podem causar cegueira. O avanço rápido dos sinais visuais e gastrointestinais é um indicativo de colapso metabólico, o que exige ajuda médica imediata.
ATENÇÃO: não há testes ou tratamentos caseiros capazes de detectar metanol em bebidas. Ao sinal de qualquer sintoma após ingestão de bebida suspeita, procure um pronto-socorro imediatamente.
Situação no Brasil: São Paulo é o epicentro
O estado de São Paulo concentra a maior parte dos casos de intoxicação por metanol no país, vivendo a pior situação.
- Casos: O estado registrava 179 casos (15 confirmados, 164 em investigação) em 27 cidades.
- Óbitos: Duas mortes foram confirmadas na capital paulista até o momento da publicação original.
Essa crise reforça a necessidade de vigilância sanitária rigorosa e a importância de que a população saiba identificar os sinais de intoxicação por metanol.
(Riulen Ropan, estagiário de Jornalismo, sob supervisão de Vanessa Pinheiro, editora web de oliberal.com)
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