Epilepsia: Pará tem aumento de 11% nas internações causadas pela doença em 2023

No ano passado, foram 1.279 internações causadas pela doença, frente a 1.150 registros em 2022

Gabriel Pires
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O Pará registrou um aumento de 11% no número de internações causadas por epilepsia em 2023 em comparação a 2022, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) com base no Sistema de Informações de Hospitalares do Ministério da Saúde. No ano passado, foram 1.279 internações causadas pela doença, frente a 1.150 registros em 2022. Nesta terça-feira (26), o Dia Mundial de Conscientização sobre a Epilepsia, também chamado de “Dia Roxo”, tem o objetivo de educar a sociedade com relação a essa condição. 

Já em 2024, até janeiro, foram 66 internações em todo o estado, ainda segundo a Sespa. Somente em Belém, foram realizados 857 atendimentos de pessoas com diagnóstico de epilepsia nas unidades municipais de saúde em 2023, como aponta a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). O Hospital Ophir Loyola, referência no atendimento estadual, informou que dispõe de ambulatório especializado no atendimento de epilepsia. Em 2023, o serviço realizou 470 consultas ambulatoriais de neurologia e 223 consultas de neurocirurgia para avaliação de pacientes com epilepsia refratária.

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que a doença acomete cerca de 2% da população brasileira e cerca de 50 milhões de pessoas no mundo. O neurologista Antônio de Matos explica que as crises epilépticas acontecem de vários tipos e nem sempre são crises clássicas - em que o paciente cai e se debate. Pode ter crise de ausência caracterizada por perda de consciência, desvio ocular, movimentos mastigatórios, crise mioclônica em que a pessoa tem sustos e derruba o que está na mão.

“A epilepsia é uma doença por si só e é caracterizada por uma desordem do sistema nervoso central, em que o paciente fica propenso a ter crises. Essas crises podem ser do tipo convulsiva ou de outros tipos, como as focais (parciais) e, até mesmo, cognitivas, em que as pessoas ficam desatentas. Por outro lado, a minoria [dos casos de epilepsia] pode ser causada por tumores no sistema nervoso, que alteram a atividade cerebral. Ou até mesmo casos de AVC [Acidente Vascular Cerebral] podem ajudar a ter crises e causas genéticas”, pontua o especialista. 

Em casos de crises convulsivas, o médico explica que, ao estar diante desses episódios, a recomendação é prestar suporte aos pacientes: “Em uma crise, o ideal é proteger essa pessoa se estiver em pé e for ao chão, colocar uma almofada [embaixo da cabeça] por causa dos tremores. E ainda, virar a pessoa de lado para que ela não se engasgue”, pontua. E ainda, deve-se retirar de perto objetos com que possa se machucar; levantar o queixo para facilitar a passagem de ar; e folgar as roupas.
 
Já sobre o que não fazer, segundo o médico, “nunca se pode dar água e, também, nunca puxar a língua da pessoa, pois causa o risco de amputar o próprio dedo [da pessoa que estiver prestando suporte]”. Além disso, outras recomendações, também de acordo com o especialista, “não é recomendado medicar a pessoa com nenhum tipo de remédio. E se o abalo não passar em menos de 5 minutos, o recomendado é ligar para o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência]”, explica o médico.  

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico clínico da epilepsia, ainda segundo o especialista, é baseado na ocorrência de duas ou mais crises espontâneas sem fator desencadeante e que ocorram com um intervalo maior que 24h. Nesses casos, o recomendado é buscar ajuda. “Apesar de ser uma doença difícil de se ver por conta das crises, não é uma doença grave que comprometa outros órgãos, diferente de outras doenças crônicas e, na maioria das vezes, a epilepsia é uma doença tratável”, frisa Antônio.

Já o tratamento da epilepsia é feito a partir do uso de medicamentos e deve ser realizado por um médico neurologista, conforme detalha o médico. “Existe um grupo de medicamentos de controle especial que são as drogas anticrises ou drogas antiepilépticas. Existe uma gama de medicação, mas o uso depende de cada uma, depende muito da idade e da condição dos pacientes. E ainda, existem as cirurgias, feitas no paciente com o intuito de diminuir as crises, além de que, em situações específicas, deve ser usado canabidiol”, destaca.

Segundo o especialista, é essencial que um paciente com epilepsia tenha qualidade de vida. Por isso, é indispensável que essas pessoas mantenham uma alimentação e sono regular, além de hidratação constante e uso adequado da medicação. Antônio frisa que, na rotina de quem tem a doença, é importante evitar atividades como natação e outros esportes radicais - que só devem ser praticados com liberação médica -, além de cuidado redobrado na condução de veículos

Preconceito 

Antônio ressalta que ainda existe muito preconceito com a doença. “Ainda existe muito mito em relação à epilepsia como uma doença contagiosa, uma doença de espírito e muito medo em relação às drogas anticonvulsivantes. Por conta desse mito, existe muito pavor”, destaca. A importância da conscientização é para desmistificar a gravidade, a cronicidade e fazer as pessoas entenderem que a epilepsia não é uma doença contagiosa e que é tratável para a maioria. É possível controlar a doença, reduzir efeitos colaterais, crises e assim ter qualidade de vida.

Atendimento

Referência estadual nos atendimentos para casos de epilepsia, o Hospital Ophir Loyola conta com ambulatório especializado. Para ser atendido, o paciente precisa ser referenciado via Unidade Básica de Saúde ou Secretaria Municipal de Saúde, via sistema de regulação. Já na rede municipal, em Belém, o acesso ao atendimento para epilepsia se dá por meio da atenção básica – Unidades Básicas de Saúde e Estratégias de Saúde da Família, segundo a Sesma

Ainda segundo a secretaria municipal, os casos suspeitos da doença são encaminhados pelo sistema de regulação para atendimento no serviço de neurologia do Centro Especializado Médico Odontológico (Cemo) Job Veloso, sob a responsabilidade da Sesma. Outros casos também são direcionados para as unidades especializadas sob a gestão do governo do estado.

O que fazer na hora de uma crise generalizada?

- Coloque a pessoa deitada de costas, em lugar confortável;
- Retire de perto objetos com que possa se machucar;
- Mantenha-a deitada com a cabeça deitada para o lado; não tente colocar nada na boca; levante o queixo para facilitar a passagem de ar; folgue as roupas.

Fonte: Antônio de Matos (neurologista)

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