Demora no socorro em caso de AVC agrava sequelas e reduz chance de recuperação, diz neurologista

Cuidar de doenças crônicas e da saúde mental, além da prática de atividades físicas, pode ajudar na prevenção

Ayla Ferreira
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O Dia Mundial de Prevenção ao AVC é celebrado nesta quarta-feira (20). A data busca conscientizar sobre os riscos e importância da prevenção, além de reforçar a importância do socorro rápido para evitar sequelas graves da doença. Mais de 60% dos casos de AVC registrados na região Norte são do Pará. De acordo com o Ministério da Saúde, até junho de 2019, o estado registrou o maior número de internações por complicações do AVC, somando quase dois mil casos.

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De acordo com o neurologista Antônio de Matos, de Belém, o fato do estado liderar as internações está diretamente relacionado às dimensões geográficas do estado. “O Pará é um estado com território imenso, de grande dispersão populacional e com muitas áreas de difícil acesso, o que compromete a chegada rápida ao atendimento médico adequado. Em casos de AVC, o tempo é determinante: cada minuto de atraso significa perda de neurônios e redução das chances de recuperação”, alerta.

Em locais onde o deslocamento até unidades de saúde com suporte neurológico é demorado, a probabilidade de complicações e de necessidade de internação prolongada aumenta. São dois tipos de AVC: o isquêmico, que ocorre quando há o entupimento de vasos sanguíneos em alguma área do cérebro; e o hemorrágico, quando um vaso intracraniano rompe.

O AVC isquêmico ocorre quando há uma obstrução ou redução brusca do fluxo sanguíneo em uma artéria do cérebro, o que causa a falta de circulação vascular na região, e é responsável por 85% dos casos de acidente vascular cerebral. Já o AVC hemorrágico acontece quando um vaso se rompe espontaneamente e há extravasamento de sangue para o interior do cérebro, mais ligado a quadros de hipertensão arterial.

Em qualquer um dos casos, o cérebro é impedido de receber nutrientes e oxigênio, e as suas células entram em necrose, ou há morte do tecido cerebral. No caso do AVC isquêmico, existem tratamentos que podem ser eficazes se administrados até quatro horas e meia após o aparecimento dos sintomas. Por outro lado, em caso de AVC hemorrágico, pode ser necessário proceder a uma intervenção cirúrgica urgente.

Como identificar um AVC?

  1. Peça para a pessoa sorrir. Se notar assimetria da face, ou seja, se o sorriso for só de um lado, pode ser sinal de que o outro lado está paralisado.
  2. Peça para levantar os braços. No caso de AVC, a pessoa só consegue levantar um dos membros.
  3. Fale com a pessoa e observe se fala com clareza. Pode, inclusive, pedir para repetir uma frase. Se a pessoa tiver dificuldade ao falar, ou se as respostas forem incoerentes, ela pode ter tido um AVC. 
  4. Caso verifique algum dos sinais acima descritos, registre a hora e ligue imediatamente para a emergência.

Existem ainda outros sinais e sintomas que devem ser observados, sobretudo se surgirem em conjunto com outros: alteração da visão; dificuldade ao andar, tonturas ou perda de equilíbrio; dor de cabeça de grande intensidade e sem causa aparente; sensação de náusea e vômitos  durante alguns minutos ou horas; breve período de irresponsividade, desmaios, convulsões ou coma.

Prevenção

A prática de atividades físicas, de 4 a 5 vezes por semana, por 30 a 40 minutos é essencial para a prevenção. “Pode fazer a atividade física que você mais gostar, o importante é se mexer”, afirma o médico. É importante que seja combinada com o cuidado à saúde de forma integral, mantendo o controle de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e colesterol alto e cuidar da saúde mental. 

“Isso inclui adotar hábitos de vida saudáveis, como alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool. Estimular uma cultura de prevenção e autocuidado é fundamental, pois o AVC não acontece de forma súbita e inevitável. Ele é, na maioria das vezes, o resultado de fatores de risco que podem e devem ser controlados ao longo da vida” pontua Antônio de Matos.

Antônio reforça a importância de evitar o estresse e sempre buscar o bem-estar mental, além de manter uma dieta balanceada e buscar o emagrecimento caso o paciente esteja acima do peso. Outros cuidados incluem visitas periódicas ao clínico geral, para garantir que a pressão arterial, o açúcar no sangue e o colesterol estejam em níveis adequados. 

“Se houver qualquer alteração nestes níveis, não se desespere. O importante é fazer uso das medicações orientadas pelo seu médico, e fazer visitas periódicas a ele, para ter certeza de que está tudo bem”, aconselha o neurologista.

*Ayla Ferreira, estagiária de Jornalismo, sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do Núcleo de Atualidades

 

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