Apesar de redução de 14% de casos de leptospirose no Pará, período de chuva traz riscos

Transmitida pela urina de ratos, a doença pode ser fatal

Dilson Pimentel e Eva Pires
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O período de chuvas começou e trouxe o aumento das ocorrências de doenças como dengue, chikungunya e gripe. No entanto, outra patologia também entra no radar das autoridades de saúde: a leptospirose, que pode ter complicações fatais. No Pará, conforme a Secretaria de Saúde Pública (Sespa), houve uma redução de 14% dos casos em 2023 em relação ao ano anterior, com 92 casos confirmados e 14 mortes. Neste ano, 5 casos da doença já foram registrados. Entretanto, devido ao aumento do risco de contaminação pela época chuvosa do ano, medidas de prevenção ainda são de extrema importância.

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De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), em Belém, no ano de 2022, houve o registro de 21 casos, em 2023, foram 16 casos confirmados e duas mortes. Já neste ano, três casos foram confirmados, sendo um caso de óbito. As pessoas que apresentarem sintomas suspeitos de leptospirose devem procurar atendimento na rede pública de Belém: Unidades Básicas de Saúde (UBS), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Pronto-Socorros.

O infectologista Alessandre Guimarães disse que, na época mais chuvosa, o risco é maior pelo fato de águas ficarem retidas em ambientes de baixa saneabilidade e pelo contato direto com a urina de roedores, principalmente o rato. Ele explicou que a possibilidade de enchentes ainda aumenta as chances de transmissão da leptospirose. A transmissão se dá pelo contato direto da urina contendo a bactéria que causa a doença, principalmente na presença de lesão de pele, perante a exposição cutânea ou mucosa. Nos pés, por exemplo, basta “uma cutícula mal feita” para haver a chance de transmissão, que se dá, portanto, pela penetração da bactéria, do gênero leptospira.

A bactéria logo entra no organismo do indivíduo, infectando-o, cai na corrente sanguínea, se multiplica em alguns órgãos-alvo ocasionando série e severas disfunções que podem inclusive levar a pessoa ao óbito.

Os principais cuidados são quanto ao não contato direto com fontes hídricas suspeitas, em locais onde exista lixo acumulado, terrenos baldios, esgotos a céu aberto. Ele recomenda usar botas de cano alto, sacos plásticos que cubram bem as pernas e o pés, principalmente de alta gramatura. Deve-se evitar sacos muito finos, como os de supermercado, que facilmente se rompem. E a presença da pintura - tinta usada na identificação da sacola plástica presente na maioria dos estabelecimentos - fragiliza ainda mais o plástico, que se torna mais permeável às bactérias.

Para trabalhadores de rede de esgoto e outras pessoas que eventualmente entrarem em contato com essas “águas suspeitas”, procurem um serviço médico de urgência para ter acesso a medicamentos que funcionam como quimioprofilaxia. Ele também sugere às pessoas que não joguem resíduos orgânicos nos ambientes, embale-os e descarte somente no dia (e hora) da coleta pela prefeitura.

O tratamento é feito de imediato perante a suspeição clínica. Muitas vezes não há tempo para aguardar o resultado do exame específico para leptospirose, que pode demorar de uma a duas semanas a conclusão. São casos que necessitam de internação hospitalar e acompanhamento por especialistas.

Combate à doença pela Sesma

As campanhas de prevenção, controle e investigação também são de responsabilidade das secretarias municipais de saúde.

Segundo nota da Sespa: "A equipe do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) possui programa de controle de roedores que realiza ações programadas e periódicas em feiras, mercados, praças públicas, escolas, unidades de saúde, hospitais públicos municipais e vias públicas. O objetivo é controlar a população de roedores para minimizar os riscos de transmissão da leptospirose".

"Quando são detectados casos suspeitos da doença, o CCZ realiza uma investigação epidemiológica no local com a coleta de informações sobre a fonte de infecção, busca de novos casos suspeitos e acompanhamento da evolução do paciente. Em caso de confirmação da doença, são realizadas ações de controle de foco que consistem na desratização no local onde ocorreu a infecção e nas imediações", informa a secretaria.

A Secretaria realiza, ainda, ações de educação em saúde nos locais visitados com a distribuição de material informativo sobre a doença e orientações de prevenção e cuidados em casos suspeitos.

(Dilson Pimentel e Eva Pires, estagiária sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do núcleo Atualidades)

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