Anquiloglossia: a condição de 'língua presa' pode causar impactos na amamentação exclusiva
A anomalia pode interferir na capacidade do bebê em sugar o leite materno do seio da mãe
A anomalia pode interferir na capacidade do bebê em sugar o leite materno do seio da mãe
Conhecida popularmente como "língua presa", a anquiloglossia é uma deficiência que pode afetar a mobilidade da língua. A condição ocorre quando o freio lingual, a faixa de tecido que liga a língua à parte inferior da boca, é mais curto ou rígido do que o normal. A doutora em odontopediatria, Leila Hanna, acrescenta que o problema é comum em bebês e explica sobre o impacto da anomalia para a amamentação exclusiva.
"Isso ocorre porque uma língua presa pode interferir na capacidade do bebê de sugar eficazmente o leite materno do seio da mãe", ressalta a especialista.
Ela lembra a importância do diagnóstico precoce ainda nas maternidades ou em consultórios, uma vez que o problema pode resultar na baixa produção de leite materno.
"A situação gera dificuldade na pega da mama, fissuras, dor no mamilo, engasgos durante a amamentação, cansaço do recém-nascido e menores intervalos durante as mamadas. Isso são os problemas mais evidentes e relatados ao longo desses anos", acrescenta Leila.
A especialista em Odontopediatria trabalha há 18 anos e diz sobre o quanto a cirurgia pode beneficiar a continuidade da amamentação exclusiva, pois os bebês podem realizar a pegada de forma correta, permitindo a saída de leite na quantidade adequada que condiz com a sua necessidade.
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Para dar um caráter diferencial ao crescimento e desenvolvimento dos recém-nascidos, a doutora lembra que após o diagnóstico precoce é possível fazer a intervenção cirúrgica da anquiloglossia, evitando o desmame imatura que pode ocasionar o baixo ganho de peso nos bebês.
"Essa anomalia congênita também interfere no sistema imunológico dos recém-nascidos. Somado a isso, os cuidados prévios geram benefícios para mãe que passa a não ficar mais frustrada por não estar conseguindo amamentar seu filho de forma adequada, além de evitar dor e rachaduras nos mamilos delas", reitera a especialista.
Os sinais que indicam a presença de anquiloglossia em um bebê podem incluir dificuldade em abrir a boca amplamente, problemas em sugar e engolir, junto com os estalos durante a amamentação. Também ocorre ganho de peso inadequado, dor durante a amamentação para a mãe e uma "cava" ou forma de coração na ponta da língua quando é esticada. Caso a anquiloglossia não for tratada, podem surgir complicações como dificuldades persistentes na amamentação, possíveis problemas de fala e desenvolvimento da língua à medida que a criança cresce.
O diagnóstico é feito através do teste da linguinha por profissionais de saúde, como pediatras, odontopediatras, consultores de lactação ou fonoaudiólogos, que podem avaliar a aparência e a mobilidade da língua do bebê.
"Alguns usam escalas de avaliação para determinar a gravidade da anquiloglossia. O importante é salientar que esse teste é obrigatório no Brasil amparado pela lei no 13.002, de 20 de junho de 2014, que obriga a realização do Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês", ressalta Leila Hanna.
Além do procedimento de frenotomia, que é a remoção ou liberação cirúrgica do freio lingual, também é importante trabalhar com um consultor de lactação e/ou com o especialista em fonoaudiologia para corrigir as técnicas de amamentação e garantir uma alimentação eficaz. A correção da anquiloglossia pode melhorar a mobilidade da língua do bebê, facilitando a amamentação.
"Não tenham medo de procurar ajuda. É importante buscar apoio com um odontopediatra para auxiliar nesse processo da amamentação exclusiva e que a anquiloglossia possa ser tratada e superada com as abordagens corretas. Também é fundamental que as mães e suas equipes de cuidados de saúde estejam cientes dos sinais de anquiloglossia e das possíveis complicações para tomar medidas precoces, se necessário, para garantir uma amamentação bem-sucedida", orienta a especialista.
(Vitória Reimão, estagiária sob supervisão de Lázaro Magalhães, coordenador de Atualidades)