Mutirão gratuito contra hanseníase será realizado em Belém; saiba com participar
Atendimento ocorre dia 18 de julho, na Uepa, com dermatologistas voluntários; casos suspeitos farão teste e já iniciam tratamento
A capital paraense vai receber, na próxima sexta-feira (18), um mutirão gratuito de atendimento dermatológico com foco na hanseníase. A ação será realizada das 8h às 13h, no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Estado do Pará (Uepa), em Belém. O atendimento será feito por médicos dermatologistas de forma voluntária e não requer agendamento prévio.
A iniciativa integra a campanha do Dia Mundial da Saúde da Pele, promovida globalmente pela International League of Dermatological Societies (ILDS) e pela International Society of Dermatology (ISD). No Brasil, a campanha é realizada em parceria com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), que selecionou Belém como uma das dez cidades no mundo a sediar a ação assistencial.
Diagnóstico precoce é fundamental para interromper transmissão
A hanseníase ainda representa um desafio de saúde pública no Brasil, que ocupa o segundo lugar em número de casos no mundo. Segundo a dermatologista Regina Carneiro, secretária-geral da SBD, o mutirão busca ampliar o diagnóstico precoce e reduzir as sequelas físicas causadas pela doença.
"A hanseníase ainda afeta de forma desproporcional populações vulneráveis, historicamente marcadas por pobreza, baixa escolaridade e acesso limitado à saúde", afirmou Carneiro.
De acordo com a médica, mais de 70% dos casos registrados em 2023 atingiram pessoas pretas ou pardas. A proposta do evento é levar cuidado e informação para as regiões mais impactadas.
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O que é hanseníase e como identificar os sinais
A hanseníase é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Ela afeta principalmente a pele e os nervos periféricos. Os principais sintomas incluem:
- Manchas esbranquiçadas ou avermelhadas com alteração de sensibilidade
- Dormência, formigamento ou fraqueza nos membros
- Perda de sensibilidade ao calor, dor e tato
A transmissão ocorre por meio do contato próximo e prolongado com pessoas não tratadas, geralmente por vias respiratórias. O período de incubação pode durar de dois a sete anos.
Números no Pará indicam subnotificação
Segundo o Boletim Epidemiológico da Hanseníase 2025, o Brasil registrou 22.773 novos casos em 2023 — um aumento de 16% em relação ao ano anterior. O Pará teve 1.329 casos notificados em 2022, sendo o estado com maior número de registros da Região Norte. Destes, 67 casos foram em crianças com menos de 15 anos, o que indica transmissão ativa.
Além disso, o estado apresenta uma das menores proporções do país de detecção por exame de contato (3,9%), o que reforça o risco de transmissão silenciosa.
Como participar do mutirão
Não é necessário agendar atendimento. Os interessados devem comparecer ao local com:
- Documento de identidade com foto
- Cartão do SUS
- Comprovante de residência
Pacientes com suspeita de hanseníase serão submetidos a teste rápido. Em caso de confirmação, já receberão a primeira dose do tratamento e encaminhamento para continuidade pela rede pública de saúde. Todos os casos serão devidamente notificados às autoridades sanitárias.
Atendimento gratuito e compromisso com a saúde pública
O presidente da SBD, Carlos Barcaui, reforça que a ação contribui para reduzir desigualdades no acesso à saúde:
"Mais de 90 milhões de brasileiros nunca passaram por um dermatologista. O mutirão é uma forma concreta de mudar esse cenário", afirmou.
A ação em Belém conta com apoio da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa), da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) e da própria Uepa. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu oficialmente, em maio de 2025, as doenças de pele como prioridade global.
Serviço: mutirão de combate à hanseníase em Belém
- Data: sexta-feira, 18 de julho de 2025
- Horário: das 8h às 13h
- Local: Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Uepa
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