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Amígdalas: cirurgia para retirada é feita a partir dos 3 anos, mas deve ter indicação, diz médica

Os órgãos participam da produção de linfócitos e anticorpos, especialmente na infância

Ayla Ferreira*

As amígdalas palatinas são órgãos linfóides, que fazem parte do sistema imunológico do corpo humano, e realizam funções de barreira imunológica contra germes que entram pela boca e nariz. Na infância, são fundamentais para a produção de linfócitos — células de defesa — e também de anticorpos. A cirurgia de retirada é feita a partir dos três anos de idade, com indicações específicas, como infecções recorrentes e amígdalas grandes, que podem gerar apneia obstrutiva do sono.

No Pará, foram realizadas 374 cirurgias para a retirada de amígdalas no período de janeiro a junho de 2025. Em 2024, foram registradas 640 cirurgias do tipo, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa). “Após os 5 a 7 anos de idade, a função imunológica das amígdalas diminui, pois o sistema imune já conta com outros mecanismos compulsórios”, afirma a médica otorrinolaringologista Itaiana Cordeiro, de Belém.

A especialista afirma que a cirurgia é feita a partir dos três anos de idade, mas deve ter uma indicação específica. Entre os quadros que podem levar à cirurgia, estão: infecções recorrentes com pus, febre alta e queda do estado geral, pus ao redor das amígdalas e amígdalas grandes. “Ronco intenso e pausas respiratórias com repercussão clínica, dificuldade para engolir alimentos sólidos em crianças, suspeita de câncer e também o mau hálito resistente a tratamento clínico, quando associada a caseum tonsilar de difícil controle, também são indicações”, afirma Itaiana.

Cirurgia é feita sob anestesia geral

Na última semana, a filha da influenciadora Maíra Cardi e do ator Arthur Aguiar passou por uma cirurgia de retirada de amígdalas e adenoides, um tecido presente na junção das passagens nasais com a garganta. A mãe relata, nas redes sociais, que a pequena Sophia está sentindo dor depois do procedimento. “Um dos riscos da cirurgia é a hemorragia e dor intensa na garganta. Às vezes, pode ser no ouvido. Outras situações são desidratação por dificuldade para ingerir líquidos, infecção local, que é rara, e risco anestésico, geralmente baixo em pacientes saudáveis”, explica a médica.

Para a realização do procedimento, é preciso que o paciente passe por anestesia geral, com intubação para a segurança da via aérea. O cirurgião irá remover as amígdalas pela boca, sem cortes extremos. A duração é de cerca de 30 a 60 minutos.

Alguns dos benefícios da cirurgia são: redução drástica dos episódios de amigdalite,
melhora da respiração, sono e desempenho escolar em crianças com apneia, redução da halitose crônica associada a caseum (mineralização de resíduos na garganta em formato de bolinhas) e menor necessidade de uso de antibióticos e afastamentos da escola e do trabalho.

Segundo Itaiana, a ausência das amígdalas não traz nenhum prejuízo ao longo da vida. “Isto pode ser considerado um mito, uma vez que outras estruturas do sistema imune, como linfonodos, tecido linfático do trato respiratório e gastrointestinal assumem a função de defesa. Inclusive, em crianças, é muito comum a associação com a cirurgia da adenoide”, destaca a especialista.

A recomendação é que seja feito o repouso relativo de 7 a 10 dias depois da cirurgia. Nos primeiros dias, os pacientes devem evitar alimentos duros ou ásperos, priorizando alimentos frios, pastosos e macios. Além disso, deve-se manter a hidratação constante e evitar esforço físico por duas semanas, além de utilizar os analgésicos prescritos pelo médico.

Melhora da qualidade de vida

Para Wesley Costa, técnico em informática, realizar a cirurgia na infância contribuiu para a melhora da qualidade de vida. “Não fico mais gripado com facilidade, raramente tenho dores de garganta, só quando estou bem doente. É muito raro eu ter tosse seca. E os sintomas de amigdalite acabaram, então melhorou bastante a minha vida”, afirma.

Wesley tinha 9 anos quando realizou o procedimento de retirada. A indicação da cirurgia era para a remoção de adenoides, no entanto, ao longo da operação, os profissionais identificaram problemas na amígdala. ‘Eu sentia muita dor de garganta, comida e não conseguia passar nada, até água doía na minha garganta. Tinha febre forte e alta, até mau hálito por conta disso, mesmo sendo criança”.

“Não sinto diferença nenhuma depois da cirurgia, é como se elas nunca tivessem existido. Lembro bem do tempo que eu tinha, das dores que eu passava, então para mim não faz nenhuma diferença visível”, finaliza o técnico.

*Ayla Ferreira, estagiária de Jornalismo, sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do Núcleo de Atualidades.