Agosto Dourado reforça importância da amamentação e incentiva doação de leite materno no Pará
O leite materno é considerado um ‘alimento de ouro’ dos bebês, pois proporciona um crescimento saudável, fortalece o sistema imunológico e protege contra diversas doenças
O leite materno é considerado um ‘alimento de ouro’ dos bebês, pois proporciona um crescimento saudável, fortalece o sistema imunológico e protege contra diversas doenças. Para incentivar e reforçar a importância da amamentação, neste mês ocorre a campanha ‘Agosto Dourado’. No Pará, a Fundação Santa Casa de Misericórdia, referência na assistência à saúde materno-infantil, estimula o aleitamento materno e a doação de leite humano para bebês internados em unidades neonatais, ato de solidariedade que salva vidas.
Segundo a Coordenadora do Banco de Leite Humano da Santa Casa, a nutricionista Cynara Souza, neste ano o tema da campanha é “Priorizemos a amamentação: criemos sistemas de apoio”. A iniciativa reforça a importância do suporte às mães para garantir esse direito desde os primeiros dias de vida da criança. Ela ainda destaca que o leite materno garante proteção contra doenças infectocontagiosas, fortalece o vínculo entre mãe e filho, além de contribuir para a redução da mortalidade infantil em até 13%.
“O leite materno proporciona desenvolvimento. Vem proteger o organismo do bebê de forma preventiva contra as doenças infecto não contagiosas, como obesidade, diabetes, colesterol e as triglicérides. Então isso é importante porque o bebê aprende a saciar a fome dele de acordo com as necessidades, com o crescimento, com a tolerância do volume que ele precisa receber”, destaca.
De acordo com a nutricionista, a amamentação também traz benefícios para a saúde da mãe. “Proteção em relação ao câncer de mama, de ovário e diabetes tipo 2, que é reduzido. É benéfico com relação ao peso. Também reduz a hemorragia após o parto, principalmente se este bebê, ao nascer, foi colocado diretamente no colo da mãe para realizar o contato pele a pele. Então todos esses benefícios são observados na mãe”, ressalta Cynara Souza.
Cuidados
A Santa Casa, certificada como “Hospital Amigo da Criança”, desenvolve ao longo do mês de agosto atividades voltadas à sensibilização e capacitação. A programação inclui oficinas de amamentação, eventos itinerantes nos setores do hospital, seminários e um evento na Praça da República com a participação do Arraial do Pavulagem, que encerra a campanha no dia 31 deste mês. “Também realizaremos ações externas em conjunto com o Comitê Estadual de Aleitamento Materno e Banco de Leite”, afirma a nutricionista.
A importância da amamentação é ainda mais evidente quando se considera a realidade de bebês internados em UTIs neonatais. No primeiro semestre de 2025, a Santa Casa arrecadou cerca de 1.500 litros de leite humano. “Beneficia mais de 1.200 bebês, em especial os prematuros e os que apresentam baixo ou extremo baixo peso. Ao todo, 100% da nutrição trófica desses bebês, que é a primeira fase da alimentação, é feita com leite materno coletado pelo Banco de Leite”, diz Cynara Souza.
Mitos
Cynara também desmistificou crenças ainda presentes entre muitas mães. “Não existe leite fraco. Todo leite tem os componentes necessários para alimentar e proteger o bebê. Outro mito é que o bebê precisa de horários fixos para mamar. A amamentação deve ser em livre demanda. É o bebê quem indica, com sinais como colocar a mão na boca, se espichar, virar o rostinho. O choro, por exemplo, já é um sinal tardio de fome”, alerta.
Para as mães que não conseguem amamentar exclusivamente até os seis meses, Cynara reforça que é essencial buscar o acompanhamento de profissionais de saúde. “A orientação adequada pode evitar alergias, intolerâncias e garantir um bom desenvolvimento”, explicou.
Doação de leite
Ela explica que mães que produzem leite em excesso podem se tornar doadoras voluntárias: “Se após a amamentação a mãe ainda sente a mama cheia, ela pode fazer a ordenha e entrar em contato com o Banco de Leite. Nós fazemos o cadastro, agendamos o controle clínico e a coleta pode ser feita em casa, sem que ela precise se deslocar”. O cadastro pode ser feito pelo site www.bombeiros.pa.gov.br, no link “Projeto Bombeiros da Vida”, ou pelos telefones (91) 3251-7475, 3251-7311 e 3251-7474.
Ela afirma que o papel do Banco de Leite é ser uma casa de apoio à amamentação: “Nosso objetivo é fazer com que mais mães se sintam acolhidas, seguras e conscientes de que amamentar é um ato de amor, proteção e saúde. Não só para o bebê, mas para toda a sociedade”, encerrou.
Amamentação
A amamentação e a doação também fazem parte da rotina da dona de casa Ana Karollina Pereira, mãe do pequeno João Miguel, de três meses. Ela conta que, apesar das dificuldades no início, optou por insistir na amamentação exclusiva. “A gente teve um pouquinho de dificuldade, mas eu sempre prezei pela amamentação só com o leite materno. Não queria dar fórmula, então insisti. Foi assim com a minha primeira filha também. Agora ele tá mais tranquilo, ele fica direto só no peito”, relatou.
Ana Karollina lembra que a pega do bebê foi um dos maiores desafios. “Machucava bastante no início, o leite demorava um pouco a descer, e eu achava que era pouco para ele. Mas depois que a gente se ajustou, ficou tudo certinho”, conta. Para ela, o principal incentivo sempre foi a saúde dos filhos. “Sempre soube que o leite materno é o fortalecimento do bebê, tanto físico quanto emocional. Ele dá tudo que o bebê precisa para ser saudável e não adoecer com facilidade”, afirmou.
Com o apoio dos Bombeiros da Vida, equipe que realiza a coleta de leite materno na casa de mães, Ana retomou recentemente as doações. “Minha mãe trabalha na Santa Casa e eu sempre soube da importância da doação. Já doava quando tive minha primeira filha e queria muito voltar a doar com o João Miguel. Comecei na semana passada. Como os bombeiros fazem a coleta em casa, consigo doar mesmo sem vir até aqui. É muito gratificante”, finalizou.
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