Almas gêmeas até no estresse? Casais tendem a dividir transtornos psiquiátricos, diz pesquisa
Pesquisa com mais de 14 milhões de pessoas aponta que parceiros têm maior chance de desenvolver ou já ter o mesmo transtorno mental

Uma pesquisa de larga escala revelou um dado curioso e, ao mesmo tempo, preocupante: casais tendem a compartilhar transtornos psiquiátricos. O estudo, publicado na revista científica Nature Human Behavior, analisou informações de mais de 14,8 milhões de pessoas em três países (Taiwan, Dinamarca e Suécia) e concluiu que, quando um dos cônjuges é diagnosticado com algum transtorno mental, o outro também tem uma probabilidade significativamente maior de apresentar a mesma ou outra condição psiquiátrica.
Os dados abrangem nove transtornos diferentes, incluindo depressão, ansiedade, esquizofrenia, transtorno bipolar, autismo, TDAH, TOC, anorexia e transtornos por uso de substâncias. A pesquisa aponta para uma tendência que se repete independentemente da cultura, país ou geração, segundo os autores.
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“O principal resultado é que o padrão se mantém em todos os países, em todas as culturas e, claro, em todas as gerações”, afirma o pesquisador Chun Chieh Fan, coautor do estudo e membro do Instituto Laureate para Pesquisa do Cérebro, em Oklahoma (EUA).
Por que isso acontece?
Apesar de não ter como objetivo principal identificar as causas, o estudo levanta três hipóteses para explicar esse fenômeno:
- Atração por similaridade: pessoas com experiências semelhantes de sofrimento psíquico podem se identificar e se sentir mais compreendidas umas pelas outras.
- Convivência e convergência: o ambiente compartilhado ao longo do relacionamento pode levar os parceiros a desenvolver padrões mentais semelhantes.
- Estigma social: o preconceito em torno de doenças mentais pode limitar as opções de relacionamentos, aumentando as chances de união entre pessoas com condições parecidas.
Impactos nas futuras gerações
Além de influenciar os próprios cônjuges, o estudo também aponta consequências importantes para os filhos. Crianças com dois pais diagnosticados com o mesmo transtorno têm o dobro de risco de desenvolver a condição, quando comparadas a crianças com apenas um dos pais afetado.
Os pesquisadores ressaltam que esses dados podem auxiliar no aconselhamento genético e em decisões reprodutivas mais conscientes, mas reforçam que mais estudos são necessários antes que esse conhecimento seja usado na prática clínica, especialmente em consultórios de psiquiatria e aconselhamento familiar.
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