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Rádio Margarida promove educação popular em atividades artísticas com crianças e adolescentes

ONG atua há mais de 30 anos promovendo atividades que envolvem música, teatro, cinema e oficinas

Emilly Melo

Irradiar arte e cultura por meio da educação popular é o caminho pelo qual o Centro Artístico Cultural Belém Amazônia, conhecido como Rádio Margarida, busca atuar para promover o fortalecimento dos direitos da criança e do adolescente em vários eixos sociais, como saúde, meio ambiente, comunicação, entre outros.


A história da organização não governamental começou quando o assistente social Osmar Pancera, atual coordenador da elaboração dos projetos desenvolvidos pela ONG, enxergou em um ônibus, que estava abandonado na República do Pequeno Vendedor (atual República de Emaús), no bairro da Cremação, a chance de promover um intercâmbio cultural aos moradores do entorno. O nome fantasia do projeto foi colocado em homenagem à mãe do fundador.

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Assim, a Rádio Margarida trabalha há mais de 30 anos, em Belém, com o objetivo de expandir o acesso de moradores das comunidades periféricas da capital à educação e cultura através da música, teatro, cinema e oficinas.

Entre as atividades desenvolvidas atualmente dentro do projeto destaca-se o ArtEduca, que propõe uma forma de aprendizagem pela arte, especialmente por meio do teatro.

A iniciativa é voltada para estudantes da rede municipal de ensino e oferece uma chance para crianças e adolescentes aprenderem sobre produção de conteúdos em áudio, vídeo e sonorização, utilizando instrumentais pedagógicos que abordam temas transversais à educação, como hábitos de saúde e higiene, prevenção de acidentes domésticos, abuso sexual, violência física, psicológica, bullying, trabalho infantil, inclusão de pessoas com deficiência, prevenção ao uso de drogas, meio ambiente e sustentabilidade.

Novas abordagens

Osmar explica que, dentro do projeto, os participantes terão contato com ações de forma processual e contínua, de caráter educativo, social, cultural e tecnológico. “Por conta do método de educação popular, trabalhamos com muitas coisas, como direitos humanos e cidadania, meio ambiente, saúde, educação. Fazemos a mediação de linguagens pela arte. De forma específica, esse projeto visa atender as necessidades da rede municipal de ensino, e vem produzindo vídeos educativos, radionovelas, apresentações artísticas nas escolas, oficinas de teatro e vídeo, podcast, e a produção de uma série de materiais educativos que auxiliam o professor na sala de aula a tratar de temas como violência doméstica, abuso e exploração sexual, trabalho infantil, igualdade, direitos humanos, cidadania”, afirma o assistente social.

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A oficina teatral, que está na 10ª edição, está sendo ministrada na escola Prof. Amália Paumgartten, localizada no bairro do Guamá. Para Gilson Araújo, instrutor de teatro, as aulas ajudam os alunos a desenvolverem novas habilidades e contribui na formação deles.

“A gente vem desenvolvendo a criatividade dos alunos, o despertar deles pelo fazer teatral, auxiliando no processo cognitivo e no aprendizado escolar também. O teatro vem favorecendo, cada vez mais, também dentro das relações interpessoais na escola. A gente trabalha muito a palavra respeito e amor, porque o que fazemos aqui é um teatro mais social, em que tentamos trabalhar a cidadania, colocando ela em prática, para que esses alunos possam entender qual é o local deles dentro da sociedade, como que eles podem contribuir para a melhoria do seu dia a dia, para a melhoria da própria escola e da comunidade em geral onde eles moram”, pontua Araújo.

Ideia é despertar o imaginário dos estudantes e estimular o senso crítico para formação da cidadania

A oficina deixa os alunos entusiasmados, revela o instrutor. “Tanto é que, quando a gente já anuncia que está próximo ao fim, eles já vêm com aquele famoso ‘ah, que pena, será que não pode ficar até o final do ano? E ano que vem vai ter de novo?’”, relata Gilson, que conta que ao final das oficinas acontece a apresentação de uma peça. “É o resultado da experiência que eles tiveram no aprendizado, e então vem com um exercício cênico para coroar esses dias que a gente passa junto.”

Gilson é um grande incentivador das práticas artísticas e defende que a ideia final do ArtEduca não é formar atores, mas despertar o imaginário dos estudantes e estimular o senso crítico para formação da cidadania.

“Eu sempre digo para quem tiver a oportunidade de um dia poder fazer teatro: é uma necessidade enorme você poder experimentar várias outras coisas, várias situações na sua vida que você pode colocar em prática. Você trabalha no imaginário, e pode levar isso para a sua vida pessoal. Não só quanto ator, mas quanto cidadão mesmo, com a sua contribuição, a sua vivência, suas experiências. A ideia final do projeto da oficina de teatro não é realmente formar atores. Nós buscamos melhorar a qualidade de vida desses alunos através da arte. A arte auxilia no aprendizado dentro da escola, no convívio familiar e social. A arte é fundamental e o teatro é a experiência de tudo isso.

O instrutor diz também que durante as aulas são abordadas questões práticas das disciplinas escolares, como história, geografia e até mesmo matemática, porque, segundo ele, existem jogos teatrais que aguçam o pensamento e o senso crítico, o que favorece as experimentações e possibilita trabalhar um leque de possibilidades.

Em cada oficina, participam, em média, 15 crianças. Até o momento, a Rádio Margarida já realizou mais de 20 oficinas de cada modalidade, além de mais de 30 apresentações artísticas, o que soma cerca de 900 crianças envolvidas nas atividades elaboradas, indica Osmar Pancera.

“Em todo lugar tem dificuldades, mas existem desafios e, mais do nunca, existem desafios que precisam ser superados, mas trabalhamos isso de uma maneira tranquila, temos o domínio de um método de educação, com isso, podemos trabalhar vários temas que ele nos permite. Então, o tema que a gente vai trabalhar pode ser complexo, mas fazemos isso com uma certa leveza, levando as pessoas a pensar e refletir. O método fala sobre comunicação, sentimento e ação transformadora, então você comunica uma ideia, trabalha no sentimento das pessoas nesse sentido e também visa uma ação transformadora daquela situação ou realidade que precisa ser transformada”, conclui Osmar.

Para a diretora da instituição de ensino, Isvanete Ferreira, as ações na escola têm sido muito positivas para o rendimento dos estudantes. “A participação deles dentro do projeto, dentro da escola, tem sido efetiva. O impacto é grande na aprendizagem e dentro da sala de aula, com a participação e o rendimento dos alunos. A gente viu uma mudança significativa e o êxito dentro da aprendizagem”, aponta a gestora.

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