Projeto social combate violência sexual infantil por meio de atividades lúdicas

Outro braço do grupo é o incentivo à permanência nas escolas, a partir da doação de material escolar

Elisa Vaz
fonte

Prevenir a violência sexual contra crianças é a principal missão do projeto social Futuro Brilhante, situado na Região Metropolitana de Belém e que realiza ações frequentes com esse objetivo. O grupo costuma visitar escolas públicas, espaços religiosos e associações de moradores para desenvolver atividades com crianças de seis a nove anos de idade, por meio de música, pintura e jogos de tabuleiro. De forma lúdica, a equipe conscientiza os pequenos - e também pais e responsáveis - sobre a prevenção contra abusadores. Além disso, são doados itens de estudo, para manter as crianças nas escolas.

O coordenador do projeto, Diego Martins, explica que a ideia surgiu a partir de uma amiga, que se deparou com a situação precária de uma escola e foi informada de que as crianças estavam abandonando os estudos por falta de material escolar básico, como caderno, lápis, borracha e apontador. Ela, então, decidiu mobilizar algumas pessoas e realizar uma ação. Embora o projeto tenha começado com uma perspectiva de estímulo à educação, dez anos atrás, após Diego se tornar mestre em segurança pública, o grupo resolveu incluir a disseminação de informações para a prevenção da violência sexual na infância como um dos pilares do trabalho.

VEJA MAIS

image Projeto oferece capacitação profissional gratuita a grávidas e mães em situação de vulnerabilidade
Iniciativa disponibiliza vagas em áreas como design, cabeleireiro, panificação, culinária, manicure e informática

image Dia Internacional da Doação de Livros: projeto arrecada obras incentivando a leitura em Belém
A celebração da data nasceu no Reino Unido, em 2012, com o objetivo de estimular o acesso aos livros, além de incentivar o hábito da leitura

image Projeto utiliza super heróis para humanizar tratamento, em hospital de Ananindeua
Pacientes da ala infantil recebem fantasias de heróis para usar durante procedimentos cirúrgicos

As ações lúdicas, segundo ele, têm o intuito de trabalhar a nomenclatura correta das partes do corpo, mostrar quais são os toques bons e os ruins, e construir a figura de um adulto de confiança a quem a criança é orientada a procurar caso se sinta desconfortável com alguma abordagem. “Na mesma oportunidade, os pais e responsáveis ficam em uma sala diferente e participam de uma roda de conversa onde são convidados a discutir o que fazer diante de algumas situações hipotéticas envolvendo a violência sexual”, explica. Com isso, os adultos também são orientados e preparados sobre o que fazer em casos assim.

Retorno social

O trabalho voluntário é uma forma de “devolver” à sociedade o acesso a conhecimentos, segundo a engenheira agrônoma e empresária Laura Rolim, que hoje é a vice-coordenadora do projeto. “Eu tive acesso à educação, eu tive acesso a material escolar, eu tive acesso a uma universidade pública, porque tive pessoas que me ajudaram a chegar até esse lugar e que me incentivaram a estudar. Então, hoje, incentivar crianças a estudar e proteger essas crianças de violência sexual é muito importante para mim”, afirma.

Na opinião de Laura, as ações têm impactos positivos na comunidade. Diego diz, inclusive, que já foi percebido o aumento no número de matrículas em uma escola específica, além de melhores condições para os professores e para os alunos, e uma maior aproximação entre os pais, educadores e o ambiente formal de ensino.

“O que mais me motiva a continuar é saber que essas crianças são gratas e eu me tornei uma pessoa importante para elas, que elas sentem falta, que quando a gente volta lá elas ficam felizes por me encontrar, assim como eu fico feliz de encontrar elas. É muito difícil falar sobre isso, mas, para que qualquer evolução aconteça, precisa ter debate, conversa, saber dos direitos e dos deveres. A gente precisa saber como orientar as nossas crianças para que os casos de violência sexual de fato virem exceção e não regra na nossa sociedade”, avalia.

Do outro lado, alguém que já foi beneficiado foi a dona de casa Pamela Santos Souza, de 35 anos, que participou da primeira edição do projeto, cerca de uma década atrás. Hoje seus filhos cursam o ensino médio, mas durante quatro anos receberam material escolar do grupo, e ainda são beneficiados com outros atendimentos. Na opinião de Pamela, a iniciativa é importante para a comunidade, especialmente o recebimento de orientações para preparar e proteger as crianças contra a violência sexual.

“Somos beneficiados não somente com as palestras de proteção, mas também recebemos atendimento médico, material escolar para os estudantes e brinquedos, e eventos importantes que trazem alegria para nossos filhos e asseguram que as crianças permaneçam na escola”, afirma. Embora o trabalho exija paciência, a dona de casa acredita que o Futuro Brilhante traz retorno para a sociedade, e diz que espera ver mais ações como essas em igrejas, escolas e centros comunitários. “Quanto mais informada a população está, mais reduziremos o número de crimes de violência sexual”, opina.

Desafios do projeto

O principal desafio do projeto, segundo a coordenação, é quanto ao financiamento. Como o grupo compra material escolar, produz camisas para as ações, adquire equipamentos como data show, caixa de som, microfone e ainda custeia a manutenção do site, ferramentas de edição para a produção dos vídeos e atualização das redes sociais, torna-se evidente a necessidade de patrocínio fixo, inclusive para garantir o deslocamento dos voluntários até os locais das atividades.

Diego Martins conta que a meta é conseguir esse financiamento e manter a média anual de atendimento, de cerca de 450 crianças. Além do setor privado, que pode somar esforços nessa caminhada, as pessoas podem colaborar de diversas formas. “Nós temos grupos de WhatsApp onde nós compartilhamos informações a respeito do assunto e as pessoas podem fazer parte tanto para se instruir quanto para nos ajudar a compartilhar essas informações usando as suas próprias redes sociais. Tem a possibilidade também das doações de material escolar e o nosso programa de apadrinhamento, que consiste em uma doação mensal para ajudar no custeio do funcionamento”, indica.

Os locais escolhidos para as ações ao longo de cada ano cumprem alguns critérios, como serem áreas de grande vulnerabilidade socioeconômica, mas que tenham condições de receber a ação, que movimenta cerca de 110 pessoas, entre crianças, responsáveis, voluntários do projeto e a equipe do espaço. Para o primeiro semestre deste ano as atividades já foram definidas. Confira no infográfico mais detalhes.

Ações do Futuro Brilhante

Primeira atividade do ano

  • Data: 24/2, sábado
  • Local: Escola Almirante Renato Guillobel, no bairro Val-de-Cães
  • Horário: A partir das 8h30

Para se inscrever de forma gratuita, basta ir à direção do colégio

Outras ações do ano, sempre no mesmo horário

  • 9/3: Vila Cruzeirinho, na comunidade Guajará-Miri, no Baixo Acará
  • 23/3: Local a definir
  • 13/4: Local a definir
  • 25/5: Local a definir
  • 15/6: Local a definir
Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Responsabilidade Social
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!