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Igrejas usam ferramentas digitais para alcançar fiéis durante pandemia

Por meio de vídeos em tempo real, aplicativos e ferramentas online, grupos de missões católicas e evangélicas continuam suas ações

Elisa Vaz

Com a pandemia do novo coronavírus afetando países ao redor do mundo, muitas pessoas recorrem à fé com o intuito de amenizar as aflições e buscar paz. No entanto, o isolamento social, para impedir a propagação da doença, impede que as ações e encontros aconteçam de forma presencial, e muitas igrejas de Belém já aderiram a ferramentas mais modernas para se conectar com os fiéis.

Para manter o trabalho de evangelização e ações sociais, a Igreja Católica tem migrado várias atividades para o mundo virtual, como o Domingo de Misericórdia, comemorado no último dia 19. Geralmente, essa data é celebrada com missas e procissões, mas, por conta da pandemia, todas as programações foram transmitidas pelas redes sociais de cada paróquia nesta semana.

Na Pastoral da Aids, ligada à Arquidiocese de Belém, os trabalhos também foram adaptados para a internet, na medida do possível. O grupo tem realizado, por exemplo, lives pelas redes sociais, atendendo ao eixo de prevenção seguido pela pastoral. “Uma das partes mais importantes do nosso projeto é a de prevenção, em que incentivamos o diagnóstico precoce e informamos sobre diversos pontos relacionados à doença. Fazemos panfletagens, abordagens em público e explicamos a necessidade de fazer os testes, mesmo sem sintomas. Essa parte é muito importante, e levamos isso, por meio de palestras, a escolas, empresas, igrejas e outros ambientes”, comentou o coordenador regional da Pastoral, Francisco Araújo.

Por ano, são cerca de 15 palestras realizadas e 30 mil panfletos impressos. Não há como, no entanto, saber quantas ações com o público são realizadas, já que são diárias. No total, 94 pacientes são atendidos, e, a cada mês, 24 recebem atendimento presencial para acompanhamento. “Além de fazer ações nas ruas para levar informação à população, temos que garantir o acompanhamento e o tratamento a quem tiver resultado positivo para o HIV. Para isso, fazemos visitas em casa ou a distância, dependendo da necessidade e disponibilidade”, contou o coordenador.

Com a pandemia, as visitas não podem ser feitas, e o contato tem sido pela internet. Como o trabalho continua mesmo com o isolamento, toda a parte informativa sobre a doença, testes, tratamento e acompanhamento é tratada nos vídeos ao vivo compartilhados nas redes sociais, conteúdos que alcançam uma média de duas mil pessoas. Também há o atendimento por ligação e por aplicativos de mensagens. Segundo Araújo, a importância de continuar com o serviço é dar atenção às pessoas soropositivas. Ele disse que a “covid-19 tem nos ensinado lições de amor ao próximo”.

A pastoral também tem outros dois eixos: o pastoral, para formação de agentes, por meio de cursos e orientações; e o político, para dialogar com deputados e vereadores, por exemplo. Por enquanto, os dois estão suspensos, para que a equipe esteja focada na prevenção da doença”, explicou Araújo. O serviço voluntário conta com a participação de profissionais da saúde, da educação e outras áreas.

Também ligada à Arquidiocese, a Pastoral da Criança adaptou as atividades da seguinte forma: as visitas, que eram realizadas presencialmente, agora são feitas por meio de um aplicativo. Conforme explicou a coordenadora arquidiocesana do grupo, Maria Eurides Borges, os líderes recebem um roteiro de perguntas para cada família que visitam, como uma forma de acompanhamento às crianças, e, com a pandemia, as perguntas são enviadas pela internet e as mães respondem.

“Em nossa visita domiciliar, nós levamos informações para as mães sobre alimentação, vacinas, doenças, e também conversamos. E agora tudo isso está sendo feito pelo celular”, disse Borges. Para ela, a importância de continuar as atividades é manter as mães atualizadas, já que a maioria das 2.678 crianças atendidas pela equipe pertencem a bairros e grupos de vulnerabilidade social. “Elas não têm, necessariamente, um perfil, qualquer criança pode receber nosso atendimento, mas focamos nas quê são mais vulneráveis, que precisam de informação e de acompanhamento. Uma das ações que já tínhamos e decidimos aumentar é de incentivo a lavar as mãos”, comentou a coordenadora. No total, 468 pessoas de 43 paróquias fazem parte do grupo.

Já na Pastoral da Pessoa Idosa, os atendimentos, que antes eram as visitas nas casas, estão sendo feitos por telefone, seja por ligação, videochamada ou mensagem de texto, semanalmente. Uma das dificuldades, no entanto, é que nem todos têm acesso a um telefone e muitas vezes o voluntário liga para um vizinho. “Isso dificulta um pouco, e nem sempre conseguimos fazer o atendimento com todos, mas estamos incentivando os voluntários a estarem sempre presentes, mesmo a distância”, contou a coordenadora arquidiocesana do grupo, Criseida Pereira.

Cada chamada, segundo ela, dura menos que as visitas presenciais, já que os idosos atendidos não ficam muito tempo no celular. “São poucos os que dominam o uso da tecnologia. Nosso público alvo de visitas são as pessoas idosas mais fragilizadas e acamadas. Queremos manter o contato com elas porque criamos um vínculo afetivo muito grande, se transforma em amor”, ressaltou Pereira. No total, antes da pandemia, 3.300 pessoas recebiam o atendimento da pastoral. Hoje não é possível contabilizar esse número.

Igreja evangélica atuam virtualmente durante pandemia

Fora da Arquidiocese de Belém, igrejas de outras doutrinas, como a evangélica, também acompanham as mudanças provocadas pela pandemia. A Link Church, por exemplo, tem atividades em um prédio fixo há apenas um ano, mas já precisou se reformular por conta do novo coronavírus. “Temos muitas programações, normalmente: dois cultos aos domingos, escola de princípios e fundamentos cristãos às segundas e quartas-feiras, oração às terças-feiras, e reuniões em casas às quintas - já temos seis dessas reuniões por semana. Mesmo com tudo isso acontecendo, aprendemos a nos relacionar com Deus e em comunidade mesmo a distância”, contou a líder do Ministério de Comunicação e Mídias da igreja, Verena Urrutty.

Hoje, com a pandemia e o consequente isolamento social, houve muitas mudanças na programação da Link, que migrou para o ambiente online. Os cultos, aulas, orações e reuniões estão sendo feitos por uma ferramenta de reuniões online e fechadas, por vídeo, e por meio de lives nas redes sociais. Também são publicados vídeos com transmissão ao vivo pelo YouTube. Além disso, os líderes publicam mensagens cristãs online às segundas, terças, sextas e sábados.

“Nós sempre utilizamos muito o canal digital para alcançar as pessoas, mas depois da quarentena tivemos que dobrar nosso trabalho e nossa equipe de mídia teve que se virar nos trinta para fazer tudo isso funcionar da noite para o dia. Como tudo na internet é mais rápido, a duração das reuniões é menor, para que as pessoas não fiquem entediadas em frente às telas. Temos tido uma frequência muito boa em todos os canais, e sabemos que nunca há apenas uma pessoa assistindo. E o legal é ver pessoas de fora da igreja acessando os cultos e reuniões, isso é maravilhoso”, comentou Verena.

Na opinião da líder, as missões não podem parar. “As pessoas continuam precisando de Jesus, de apoio em todas as áreas, principalmente em um momento como esse. O papel da igreja é mostrar esperança, paz e amor através de Jesus Cristo. É muito importante que aprendamos, como igreja, a nos adequar ao tempo que vivemos”, disse Verena. Além das atividades quê já aconteciam na igreja, os integrantes também estão fazendo uma ação para arrecadar cestas básicas durante a pandemia. Para doar, basta acessar as redes sociais da igreja.

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