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República de Emaús planeja ações para 2024; grupo recebeu mais de 700 pessoas em 2023

Movimento pretende levar projetos de combate ao abuso sexual para as escolas da cidade, além de dar continuidade as atividades já existentes 

Camila Azevedo
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O ano de 2023 foi fundamental para a implantação de novos projetos socioeducacionais no movimento República de Emaús, que há 53 anos atua em Belém promovendo atendimentos à população em vulnerabilidade do bairro do Bengui e arredores. Auxílio educacional, com turmas voltadas para a preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), por exemplo, passaram a fazer parte do dia a dia do grupo e dos interessados. Ao todo, mais de 700 pessoas, entre crianças, adolescentes e familiares tiveram a vida impactada pelas ações desenvolvidas este ano. Para 2024, os planos já são grandes e visam alcançar ainda mais público com diversidade de assuntos.

A República de Emaús surgiu a partir do trabalho feito pelo padre Bruno Sechi e um grupo de voluntários nas feiras livres e mercados de Belém. Padre Bruno faleceu aos 80 anos, em 29 de maio de 2020, devido a complicações da covid-19. As atuais frentes de trabalho do grupo contemplam três áreas: a expressão Campanha de Emaús, a expressão Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca Emaús) e a expressão República do Pequeno Vendedor (com atividades sociopedagógicas de profissionalização), todas pensadas com o objetivo de dar suporte para os atendidos que vivem em risco social nos territórios abrangidos pelas ações.

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Débora Ribeiro, coordenadora da República do Pequeno Vendedor, explica que as atividades desenvolvidas visam ser um instrumento de construção da cidadania para as crianças e adolescentes atendidos. Além disso, o trabalho não para aí: as famílias, como um todo, são acolhidas. “A gente precisa dar um suporte para que elas tenham condições de superar alguma situação vivenciada, algo que as coloquem em vulnerabilidade. Para isso, esse ano, tivemos em específico um apoio, como o Criança Esperança. Conseguimos, então, realizar atividades de profissionalização e socialização, incentivo a geração de renda, informática básica e atividades de arte e educação”, diz.

Pré-Enem

Um dos diferenciais promovidos pela República de Emaús em 2023 foi a implantação de turmas voltadas para o apoio escolar e para o Enem. Débora destaca que os projetos foram pensados a partir das demandas sociais existentes. “A gente articulou com as comunidades e com as escolas públicas do entorno, para que os meninos e meninas que tivessem dificuldade, ou distorção idade-série, pudessem vir para o movimento para fazer atividades de apoio escolar. Esse projeto se deu em parceria com a UFPA [Universidade Federal do Pará], a partir de projetos de extensão. Tivemos um resultado muito legal. As famílias dizendo o quanto que os meninos e meninas conseguiram avançar…”, pontua.

image Débora Ribeiro, coordenadora do movimento, destaca que o objetivo das ações desenvolvidas pelo grupo é atender tanto as crianças, quanto as famílias (Cristino Martins / O Liberal)

“Outro que a gente teve também foi o cursinho pré-Enem, que aconteceu em parceria com a Rede Emancipa, da UFPA, e outros professores que vieram. Inicialmente, estava prevista uma turma para o sábado de manhã. Só que tantas pessoas quiseram vir se voluntariar [professores] que a gente abriu uma outra turma, porque também tinha uma demanda muito grande dos jovens buscando o cursinho, pessoas não tem condição de pagar, que não tinham como acessar um espaço, tem dificuldade e tem o sonho de estar na universidade e viram aqui essa possibilidade. Então, formamos duas turmas e, agora, estamos esperando os resultados da faculdade, estamos torcendo”, adiciona a coordenadora.

Desafios

As dificuldades financeiras encontradas para manter os projetos e pensar em novas ideias são elencadas por Débora como as principais. Junto a isso, a quantidade de atividades realizadas é grande, o que faz ser necessário um aumento no quadro de voluntários do movimento. “A gente precisa de doação, precisa de um monte de coisa para garantir as estruturas mínimas para realizar essas atividades, porque a gente sabe da importância delas e o retorno que ela dá para a comunidade, que dá para essas famílias. Então, acho que o nosso maior desafio é essa questão financeira. Cuidar desse espaço, que é simbólico, não é fácil. Tem um custo muito grande”, frisa.

O Emaús conta com um programa chamado Sócio Solidário, em que as pessoas podem realizar cadastros e fazer doações. Os recursos, afirma Débora, são investidos na estrutura dos projetos. As doações também eram uma forma de conseguir apoio, porém, a coordenadora tem observado um novo tipo de comportamento. “A gente conta com a solidariedade das pessoas para virem trazer as doações aqui e, ao longo dos anos, a gente tem percebido também que houve uma redução dessas doações, porque a gente acaba concorrendo com outras situações. Antes, as pessoas doavam as coisas. Hoje, elas também vendem, por uma questão também de sobrevivência, de necessidade”. 

2024 terá projeto de combate ao abuso sexual

Entrando na pauta de projetos que o movimento irá colocar em prática a partir de 2024, Débora ressalta que o combate ao abuso sexual será uma das prioridades. “A gente já trabalha essas temáticas diariamente com os meninos nas atividades, só que esse projeto vai nos possibilitar ir para além dos muros do movimento. A ideia é, através do teatro, promover a reflexão e a orientação de como enfrentar a questão do abuso sexual, de como os meninos podem identificar que muitas vezes as crianças e adolescentes passam por isso, mas não sabem entender que é abuso, que isso é uma violência. O objetivo é, além de dialogar, construir os textos coletivamente com as crianças ou adolescentes”, completa.

Curso transforma a vida de mulheres

A República de Emaús oferece cursos de design de unhas e sobrancelhas para as famílias com filhos atendidos como uma forma de contribuir para a possibilidade de uma renda a mais. Em 2023, 17 mulheres participaram da iniciativa e muitas delas já estão inseridas no mercado de trabalho. Tayanne Carvalho, assistente social, voluntária do movimento e professora do curso, diz que as aulas foram fundamentais para recuperar a autoestima das atendidas. “Da turma passada, tem mulheres que já conseguem trabalhar dentro da área, atuando, conseguiram emprego. Só gratidão por elas estarem conseguindo o mercado de trabalho”, relata.

image Tayanne Carvalho, assistente social e voluntária do movimento, foi quem ministrou as aulas do curso de design de unhas e sobrancelhas: "Só gratidão" (Cristino Martins / O Liberal)

Rosângela Azevedo, de 36 anos, participou do curso. Ela conta que conhecia o movimento há anos, mas a oportunidade de se engajar foi recente. “Tive a oportunidade de colocar meu filho para fazer futebol aqui e, há uns dias, minha irmã falou do curso de manicure. Eu vim, já era uma coisa que eu queria e cursei justamente para acrescentar na minha renda em casa, porque eu estava desempregada, e para perder o medo de fazer nas pessoas. Agora, eu pretendo continuar, fazer outros cursos. Eu tenho muita vontade de fazer o curso de podologia, porque eu adoro. A partir do momento que tiver uma clientela boa comigo, planejo seguir só fazendo unhas”, finaliza.

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