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Vereador fala ‘é coisa de preto’ durante CPI e vai responder por racismo

Se for condenado, Camilo Cristófaro poderá perder o mandato e ficar preso de dois a cinco anos

O Liberal

O vereador Camilo Cristófaro (sem partido) responderá por racismo por ter usado a expressão "é coisa de preto, né?" durante uma sessão da CPI dos Aplicativos no dia 3 de maio. A denúncia é do Ministério Público de São Paulo. A Promotoria quer que Cristófaro seja condenado ainda ao pagamento de indenização por dano moral coletivo. Se condenado, o parlamentar perderá o mandato eletivo. As informações são da Agência Estado.

Na denúncia assinada no último dia 8, o MP argumentou que, com a frase "é coisa de preto, né?", o vereador "depreciou e inferiorizou a coletividade de pessoas negras ao associá-la a comportamento reprovável, ratificando estereótipos raciais negativos e reforçando representações culturais derrogatórias ao manifestar desprezo por pessoas negras, praticando preconceito e discriminação".

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O vereador foi enquadrado no artigo 20º da Lei 7.716/1989 - "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional" - que prevê pena de reclusão de dois a cinco anos e multa.

'Crime em cargo público'

O promotor Bruno Orsini Simonetti, que assina a acusação, ainda deixou de oferecer propostas de acordo de não persecução penal - no qual é realizada uma "substituição" do processo criminal por outras formas de reparação - e de suspensão condicional do processo - que implica na anulação da punibilidade do acusado após o cumprimento de determinados requisitos por certo período de tempo. Simonetti entendeu que as medidas não são suficientes "à prevenção especial e geral e reprovação do crime".

"Como se depreende da denúncia, o acusado Camilo Cristófaro praticou o crime enquanto investido em cargo público de elevada importância - vereador da cidade de São Paulo -, circunstância que aponta reprovabilidade acentuada da conduta na medida em que traiu a função pública ao adotar postura desconforme à moralidade e à dignidade do cargo que ocupa, externando durante sessão pública da Câmara de Vereadores injustificável desprezo racial, atitude que fomenta o ódio e a discriminação que historicamente assola a população negra, em franco desrespeito às finalidades da República Federativa do Brasil inscritas no artigo 3º da Constituição da República e à dignidade da pessoa humana", registrou o promotor.

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