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Vera Lúcia quer estatizar empresas para combater a fome e ampliar acesso às armas

Pré-candidata do PSTU à presidência critica alianças de Lula (PT) e considera Bolsonaro (PL) uma tragédia

O Liberal

A candidata do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) à Presidência da República, Vera Lúcia Salgado, acredita que a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não reflete, de fato, os interesses da classe trabalhadora. Ela advoga que o clima de conciliação proposto pelo presidente é, na verdade, uma maneira de manter privilégios das classes mais ricas e do empresariado.

"É uma disputa eleitoral polarizada entre Bolsonaro e Lula. De um lado um governo de ultradireita, genocida e ligado as milícias, com clara intenção de fechar o regime do Brasil, contestar as eleições e com investidas autoritárias. Do outro lado, temos Lula junto com Alckmin e Renan Calheiros. A esquerda junto com o centrão e a direita em um cenário de degradação de condições de vida. Somos vítimas de todas essas tragédias", avalia ela, que já trabalhou como faxineira, garçonete e datilógrafa e em 2018 foi candidata à presidência, obtendo pouco mais de 55 mil votos. Em entrevista para O Liberal, ela conta sobre o plano de governo dela, que inclui o combate a fome, a estatização de grandes empresas e o acesso a armas por preços populares.

"É preciso que quem tire Bolsonaro do governo apresente um projeto. Uma aliança onde cabe Calheiros, Alckmin e Temer, responsáveis pela realidade que nós vivemos hoje. Não pode ser abraçado com a reforma trabalhista, com a retirada de direitos. São responsáveis pelo desemprego, pelos baixos salários e precarização dos serviços públicos", aponta.

Na opinião da pré-candidata, mesmo que Lula e Bolsonaro sejam exponencialmente diferentes, o petista pode acabar gerando prejuízos às classes mais pobres ao fazer tantas concessões ao empresariado e ao que chamou de burguesia nacional. Na opinião dela, é preciso resolver o problema da fome antes de pensar nas necessidades das empresas e do mercado financeiro. 

Caso eleita, as primeiras medidas que Vera Lúcia enviaria ao Congresso seriam as revogações de todas as reformas trabalhista, previdenciária e a que instituiu o teto de gastos. Além disso, ela propõe a suspensão da reserva destinada ao pagamento da dívida pública, estipulada em R$1,8 trilhão, com o objetivo de dobrar o salário mínimo e ampliar o auxílio emergencial de desempregados enquanto eles não se recolocam no mercado de trabalho. Após isso, ela argumenta que é fundamental estatizar o agronegócio e a indústria de alimentos do Brasil, para evitar que a população passe fome ou gaste todo o salário com comida para a família. "Temos que garantir que a produção e distribuição de alimentos seja gerida de acordo com as necessidades de quem vive aqui. Aqui se plantando tudo dá e o excedente que deveria ser exportado", diz. 

"População precisa de armas para se defender", diz Vera

Vera Lúcia ganhou as manchetes recentemente por ser uma candidata da esquerda e defender que as armas sejam vendidas a preços populares no Brasil. Ela aponta que a população brasileira é uma das mais desarmadas do mundo, o que considera prejudicial para a defesa da vida em um país tão violento e com índices de assassinatos tão altos entre as populações negra e periférica. "No Brasil são 8,7 armas a cada 100 pessoas. Nos Estados Unidos são mais de 100 armas para cada 100 pessoas. No Canadá, quase 40 a cada 100. Nesses países, no entanto, a violência não é tão grande quanto no Brasil. Um dos fatores é a pobreza e a desigualdade social gritantes", justifica. Ela criticou a ação policial na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro e disse que as diferenças de abordagens são nítidas quando os suspeitos são brancos e ricos. 

"Na apreensão [de 117 fuzis] que ocorreu no condomínio Vivendas da Barra, na casa do vizinho do presidente Bolsonaro, eles pediram licença. Não deram um tiro, não humilharam ninguém e nenhuma casa foi fechada com medo. Ninguém teve que se esconder da polícia. A questão da arma é discutida de forma bastante hipócrita, pois a classe média e burguesia tem todo o acesso a segurança preventiva. É a mesma coisa que queremos para nós. Você chega em um prédio, você não entra de qualquer jeito pois tem um vigilante armado contratado para garantir a vida e o patrimônio das pessoas. O mesmo num banco, centro comercial, instituição pública. No bairro da periferia não tem isso. Lá a polícia entra e mata qualquer um", afirma. Ela considera que a defesa do acesso às armas feita pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) não é ampla o suficiente, pois privilegia os ricos, a propriedade privada e as terras do agronegócio, bem como as milícias organizadas nas favelas. "Nossa vida vale muito pouco para eles. Temos o direito de preservar a nossa vida", reitera.

Pré-candidata quer estatizar 100 maiores empresas do Brasil

Também na entrevista, Vera Lúcia afirmou que o sistema capitalista tem se demonstrado cada vez mais falho e recheado de características excludentes que, a longo prazo, são insustentáveis para a vida em sociedade. Ela afirma que o ideal é estatizar novamente as empresas privatizadas e privatizar as 100 maiores empresas do país.

"Queremos colocar no controle aqueles que são os trabalhadores da empresa, para que elejam a própria diretoria e discutam como vai ser o processo de produção com integração completa à população usuária daquele serviço", defende. 

Sobre a Amazônia, Vera afirma que a preservação da floresta passa, obrigatoriamente, pela tarefa de ouvir e atender as necessidades dos amazônidas, especialmente os indígenas e ribeirinhos. Para ela, isso significa enfrentar os interesses do agronegócio, já que ele o único interesse deles seriam o lucro. Para ela, a política de Bolsonaro para a região é predatória, mas governos anteriores também exploraram as riquezas da Amazônia sem considerar revezes para a população local.

"Precisamos preservar a natureza pois somos parte dela. Para o capitalismo as coisas são humanas e o que é de fato humano, natural, é tratado como uma mera coisa. Precisamos combater essa ideia de coisificação do ser humano e de humanização dos bancos, da exploração e dos lucros como isso estivesse acima da vida", diz. 

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