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Ricardo Salles demite o presidente do ICMBio

Saída resultou de divergências entre Cerqueira e o ministro, por causa dos incêndios que se alastram pela região do Pantanal

Agência Estado

O coronel Homero de Giorge Cerqueira foi exonerado da presidência do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão responsável pela defesa de todas as florestas protegidas federais. A exoneração foi publicada ontem no Diário Oficial da União e ainda não há o nome do substituto.

Cerqueira, que é ex-comandante da Polícia Militar Ambiental de São Paulo, estava à frente do instituto desde abril do ano passado, quando foi chamado para comandá-lo pelo ministro Ricardo Salles, do Ministério do Meio Ambiente. Sua nomeação fazia parte de um processo de militarização de postos de comando encampado por Salles.

A mudança abrupta resultou de divergências entre Cerqueira e o ministro, por causa dos incêndios que se alastram pela região do Pantanal. Ontem, os dois se reuniram com outros servidores para conversar sobre compensações ambientais e, após esse encontro, os dois seguiram na sala. No fim da noite, Salles decidiu demiti-lo.

Cerqueira assumiu o posto depois que o então presidente do órgão, Adalberto Eberhard, entregou seu pedido de exoneração, após o ministro fazer acusações à atuação de alguns técnicos, em reunião com produtores rurais do Rio Grande do Sul.

Coube a Cerqueira fazer nomeações de mais militares para comandos regionais do ICMBio, além de pessoal sem perfil técnico para o cargo. Em agosto do ano passado, mais de 350 servidores do instituto chegaram a divulgar uma carta de protesto contra essas decisões, em que pediam "o fim à política de assédio e intimidação de servidores, envolvendo, entre outras estratégias, as remoções de cunho punitivo, o cerceamento à livre manifestação, além de críticas e insultos às instituições e servidores por parte do alto escalão do governo federal".

O ICMBio tem como missão gerir as unidades de conservação federais - são 334, que compreendem cerca de 9% do território terrestre e 24,4% do território marinho do Brasil. O órgão é responsável também por 14 centros de pesquisa e conservação de espécies.

Em mensagem distribuída a amigos, Cerqueira não escondeu a surpresa e decepção com que recebeu a notícia de sua saída. "É com espanto e indignação que fui informado de minha exoneração do cargo de presidente do ICMBio", afirma o coronel. E acrescentou que dará sua "mensagem verdadeira" sobre a situação. "Nunca pedi para ocupar este cargo e aceitei o convite como um desafio", escreveu. "Não pedi para sair, fui surpreendido. Foi uma missão dada e cumprida com o melhor de mim."

Ele conclui afirmando que agradece a toda a equipe do ICMBio - desde diretores e técnicos ao setor administrativo. "Finalizo esta etapa fortalecido. Sigo em frente para novas missões. Família, Força e Honra por um Brasil melhor."

O desgaste entre o ministro Ricardo Salles e Cerqueira já vinha ocorrendo havia alguns meses. Para além da gestão do coronel à frente do ICMBio, Salles se incomodava com sua exposição, vista por ele como "excessiva", que teria chegado ao ponto de seu nome ser cotado para assumir o ministério, em meio à crise constante vivida pelo governo na área do meio ambiente.

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