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Ricardo Salles, do Meio ambiente, é exonerado por Bolsonaro

A decisão tenta tirar o Governo da mira do STF

Debora Soares / O Liberal

O presidente Jair Bolsonaro exonerou Ricardo Salles do cargo de Ministro do Meio Ambiente. A decisão foi publicada nesta quarta-feira, 23, no Diário Oficial da União, justificada como pedido do próprio Salles. Na mesma oportunidade, Bolsonaro nomeou Joaquim Alvaro Pereira Leite para substituir o comando da pasta. 

A queda de Salles ocorreu após a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmem Lúcia, determinar o congelamento de todas as ações que corriam nas varas de comarcas menores. Com a medida, a investigação que apurava possível participação de Salles facilitando o contrabando de madeiras, sai do STF, já que o ex-ministro perde o foro privilegiado com a saída da pasta. O caso deve seguir para apreciação de juízes da primeira instância dos Estado do Pará e Amazonas.

O envolvimento em crimes, acusado pela Polícia Federal, foi o fator determinante para a exoneração de Salles, de acordo com Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, plataforma idealizada pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) em conjunto com outras instituições da área. “Ele sai não por questões ambientais ou que envolvessem a pasta, mas sim por questões criminais, da mesma forma que ele entrou. Quando ele assumiu o ministério já era condenado por fraude ambiental pela justiça de São Paulo e agora sai do mesmo jeito: com problemas judiciais”.

A nomeação de Joaquim Leite como substituto de Ricardo Salles é vista como temporária pelo Observatório. “Ele deve só ficar no cargo até que o presidente faça uma escolha do próximo ministro. Assim como foi a do Salles, essa deve ser uma indicação política, ele deve debater com o pessoal que tem interesse na área de meio ambiente para negociar com o Congresso, por exemplo, e bancada ruralista, um nome para o Ministério do Meio Ambiente. Mas certamente será alguém que faça o que Salles vinha fazendo que agradava o presidente”, comenta o secretário.

Leite estava como  Secretário da Amazônia e Serviços Ambientais do ministério que assume. Ele já foi conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB), uma das organizações que representam o setor agropecuário no país.

O agora ex-ministro vem sofrendo críticas desde fevereiro quando foi divulgado um vídeo da reunião ministerial em que ele sugeria o afrouxamento das leis ambientais durante a pandemia por ser o cenário “favorável para passar a boiada”. Na ocasião, Salles disse: "Então para isso precisa ter um esforço nosso aqui enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de covid, e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas".

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