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Prefeitos paraenses e especialistas debatem agenda comum para as cidades da Amazônia

A Frente Nacional de Prefeitos (FNP), WRI Brasil e Prefeitura de Belém organizaram o encontro em Belém

Abílio Dantas

Local de turismo, lazer e fonte de renda para a população moradora, a Ilha do Combu foi palco de reflexão e diálogo sobre desenvolvimento sustentável na Amazônia na manhã desta quinta-feira (28). A Frente Nacional de Prefeitos (FNP), o instituto de pesquisa WRI Brasil e a Prefeitura de Belém realizaram o Encontro de Lideranças Municipais pela Amazônia Urbana. Estiveram presentes os prefeitos Edmilson Rodrigues (PSOL), de Belém; Francineti Carvalho (PSDB), de Abaetetuba; e Renato Ogawa (PL), prefeito de Barcarena.

O objetivo do evento foi de iniciar a construção de um plano conjunto de ações dos municípios da Amazônia, com auxílio da FNP e da WRI Brasil, para cumprir as metas da Agenda 2030, compromisso global que visa o avanço do mundo em direção a um futuro sustentável. Além dos prefeitos, discursaram na solenidade inicial Jeconias Júnior, coordenador de Articulação Política da FNP; e o diretor do Programa de Cidades do WRI Brasil, Luis Antônio Lindau. Já a palestra do evento foi proferida pelo pesquisador Ricardo Abramovay, professor sênior do Programa de Ciência Ambiental do IEE/USP, com o título “Infraestrutura para o desenvolvimento sustentável: o papel dos governos locais na Amazônia”.

Por volta de 10h, o prefeito Edmilson Rodrigues saudou os presentes no discurso de abertura e chamou atenção para as soluções de sustentabilidade que estão em curso nos municípios do Pará. Como exemplo, falou da coleta de lixo implementada na Ilha do Combu pela Prefeitura de Belém. De acordo com Edmilson, até março de 2021, os moradores e microempresários do local depositavam seus lixos em buracos cavados no chão ou jogavam nas águas dos rios. “Mas agora temos uma barca que faz a coleta seletiva, com o auxílio de outros barcos menores, como se fosse um caminhão de lixo das cidades. Assim evitamos o despejo de cerca de 30 toneladas ao mês de lixo”, afirmou.

O gestor municipal de Belém, que é também vice-presidente de Cultura da FNP, disse ainda que é necessário potencializar as experiências desenvolvidas pelas prefeituras, seja com maior apoio financeiro quanto com maior articulação entre os entes políticos. “Se a gente se reúne, define uma política para o turismo ecológico, por exemplo, estabelecemos uma força para a Amazônia. O desafio está em pensar de que modo a solidariedade se realiza. Essa relação sem hierarquia entre os municípios é de fundamental importância para que a gente aperfeiçoe nossas políticas em áreas como saneamento e saúde, por exemplo”, destacou.

Cidades da Amazônia

A prefeita de Abaetetuba, Francineti Carvalho, tratou do respeito que é preciso ter pelas prefeituras quando o objetivo é alcançar metas de desenvolvimento sustentável. Ela afirmou que as concepções de “Estado e Nação são abstrações, ninguém mora em um Estado ou em um país, de fato. As pessoas moram nas cidades”. “Por isso, no caso das cidades da Amazônia, é preciso entender que soluções pensadas para o Sudeste não funcionam aqui. Abaetetuba, por exemplo, é formada por 72 ilhas e 35 colônias. Temos mais de 8 mil mulheres pescadoras, que são invisibilizadas. O que é preciso é ter acesso aos indicadores locais, pois nenhuma doença pode ser combatida sem o conhecimento dos indicadores. Não precisamos de políticas que uniformizem as regiões, como propostas de creches que sejam iguais em todo o país”, criticou.

Renato Ogawa, prefeito de Barcarena, destacou que sustentabilidade e desenvolvimento são temáticas centrais de sua administração. “Barcarena é um município industrial, portuário, com vocação forte para logística. São características que requerem muita atenção: temos a consciência de mais de 20 eventos (que impactaram o meio ambiente negativamente) que foram notícia internacional e nacional. Queremos mudar essa realidade. Desde 2013 que a administração local vem alinhada com os objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU). Estamos buscando que tudo isso se reverta em bem-estar social para a sociedade local, e, assim, a gente acaba influenciando outros municípios do Pará. Nossos problemas são comuns, principalmente os urbanos, como o saneamento, a questão dos resíduos sólidos”, detalhou.

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