‘O governo errou’, diz presidente da Força Sindical brasileira sobre MP da reoneração da folha
Em entrevista ao Grupo Liberal, Miguel Torres falou sobre a desoneração de 17 setores da economia, que está em discussão no Congresso Nacional
Em entrevista ao Grupo Liberal, Miguel Torres falou sobre a desoneração de 17 setores da economia, que está em discussão no Congresso Nacional
O presidente nacional da Força Sindical, Miguel Torres, esteve em Belém na manhã desta segunda-feira (05) para participar de uma plenária na sede do Sindicato dos Aposentados (Sindnapi), no bairro de Nazaré. Dentre os tópicos discutidos, esteve a elaboração de um projeto de lei para o fortalecimento das negociações coletivas e atualização do modelo sindical. Em entrevista ao Grupo Liberal, Torres falou sobre a expectativa das centrais sindicais para a COP 30, que será realizada na capital paraense em 2025, e sobre a medida provisória do governo que limita a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia.
“A COP 30 traz o mundo para Belém no ano que vem. Isso é muito importante, dentro dessa nova fase que o Brasil está passando; trazer essa discussão do meio ambiente, do clima e do desenvolvimento sustentável. Na geração de emprego, a um ano e meio da conferência, já começa a movimentação na contratação de pessoas. Precisamos ter um cuidado para que isso não extrapole o mínimo das condições de trabalho das pessoas. Nossa central vai estar muito atenta a isso”, afirmou.
De acordo com Torres, a Força Sindical Nacional representa 18 setores econômicos, com mais de 1.700 sindicatos filiados e cerca de 12 milhões de trabalhadores. A previsão é que as centrais sindicais iniciem, em março, discussões com a sociedade civil e com os trabalhadores sobre os temas relacionados à cúpula internacional da ONU. “A gente sabe das necessidades que a Região Norte tem, em detrimento de outras regiões do Brasil, na questão de investimento, qualificação e mobilidade. São coisas muito importantes que a gente precisa estar discutindo, para que os benefícios do desenvolvimento estejam em todas as regiões do Brasil”, comentou o representante da Força Sindical.
A tributação da folha de pagamento de 17 setores da economia, que tem gerado discordâncias entre o governo federal e o poder Legislativo nos últimos meses, é questionada desde 2012 pela Força Nacional Sindical. “Naquele momento, nós estávamos defendendo que até poderia ter a desoneração, mas que houvesse contrapartidas do setor empresarial, e também cláusulas para analisar se essas contrapartidas estavam dando certo ou não. Infelizmente, nós fomos atropelados naquele momento, do ponto de vista político. Fizeram a desoneração sem essas garantias [trabalhistas] e vigorou durante esses 12 anos nesse sistema”, declarou Miguel Torres.
A ausência de uma discussão ampla com a Força Sindical, antes que a medida provisória (MP) do governo sobre a desoneração fosse publicada em dezembro do ano passado, é a principal crítica da entidade. Na visão de Torres, o possível aumento do custo tributário pode levar as empresas a reduzirem gastos com mão de obra, prejudicando pelo menos 9,5 milhões de trabalhadores dos 17 setores envolvidos. “O governo errou do jeito que ele fez a medida provisória. Eu acho que poderia esperar o começo do ano para fazer”, opinou.
“Nós, as centrais sindicais, já tivemos uma conversa com o Ministério da Fazenda, com o Ministério do Trabalho e com o Dieese, para entender qual é a proposta do governo. Nós defendemos que é preciso achar um caminho que seja compensatório dentro dessa nova realidade fiscal brasileira, mas também com contrapartidas sociais ao nível de emprego, massa salarial e trabalho decente”, acrescentou o presidente nacional da Força Sindical.
Para atualizar as leis sindicais em vigor, uma reforma sindical está sendo elaborada em formato de projeto de lei, que deve ser encaminhado para o Congresso Nacional até março ou abril deste ano. “A gente está chamando de ‘valorização das negociações coletivas’ essa atualização do modelo sindical. A discussão já está bem avançada com o governo e com o empresariado, agora é trabalhar isso na Câmara e no Senado”, finalizou Miguel Torres.