MST confirma expulsão de fazendeiro de propriedade em Parauapebas
Movimento afirmou pediu a retirada dos moradoras que ocupavam a terra consideradas 'latifúndios improdutivos'
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Um vídeo que mostra um fazendeiro sendo expulso da propriedade em que vivia por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) repercutiu nesta semana nas redes sociais. O caso aconteceu em Parauapebas, no sudeste do Pará, no dia 20 de novembro deste ano. De acordo com o MST, mais de 2 mil pessoas ocuparam o complexo de fazendas da família Miranda, considerada grande proprietária de latifúndios no sudeste do paraense. Por outro lado, a Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) afirma que o Estado possui inúmeros lotes destinados à reforma agrária que estão sem ocupação ou abandonados.
Na ocasião, o homem foi informado por agentes de assistência social do movimento que deveria deixar o local em algumas horas. “A gente queria pedir para vocês se retirarem. Vamos dar todo o apoio que vocês precisarem, com veículo, de tudo, estamos à disposição”, declarou um membro do grupo.
Outra integrante da comitiva aparece na gravação explicando para o caseiro que a terra está sendo negociada e afirma que o MST não irá mexer no gado que está no local, apenas solicita que os moradores se retirem.
O trabalhador questiona a comitiva sobre o destino dos animais que são criados na fazenda. “Aqui [na fazenda] são dois que mexem com o gado, se não podemos ficar, quem tiraria o gado?”, questionou o fazendeiro.
“Vai ter que deixar do jeito que está, a terra foi ocupada. A única coisa que estamos pedindo é que você se retire do espaço, porque já está ocupado. A questão da terra não compete mais a você e nem ao proprietário da terra, não compete a ninguém. Estamos apenas comunicando que, até as 20h, você se retire”, reforça a assistente.
Faepa: segurança dos produtores rurais é imprescindível
Para o diretor da Faepa, Guilherme Minssen, a segurança dos produtores rurais é imprescindível, especialmente para garantir a safra dos alimentos e o equilíbrio da balança comercial.
“O cumprimento da lei e a preservação do direito de propriedade são inegociáveis para a sociedade brasileira. Não podemos regredir ao sistema de barbárie comandada por marginais travestidos de ‘movimentos sociais’. Exigimos o cumprimento da lei”, destacou Minssen.
MST fala em "trabalho análogo à escravidão"
O MST informou que “a área que foi ocupada é um complexo de fazendas que configuram latifúndios improdutivos, de terras griladas. Os títulos estão sob posse do grileiro de Marabá, Ítalo Todde, e foram trocados por dívidas em negociação duvidosas com a família Miranda.”
À reportagem, Ítalo Todde afirmou que os integrantes do MST retiraram as pessoas que já ocupavam a fazenda e “quebraram tudo que tinha por lá”. Ao ser questionado sobre a posse da propriedade, o empresário informou que as terras pertencem a "Zé Miranda".
Em nota, o movimento afirmou que encontraram no local uma família de trabalhadores e um vaqueiro, que estava armado, e ameaçava os ocupantes. “Por isso pedimos que ele deixasse o local. Pois, a partir daquele momento, a reivindicação era de que o Incra e a Justiça fizessem a vistoria da terra, e comprovado a sua situação ilegal, podesse colocá-la a disposição da reforma agrária. Deixamos claro que em nenhum momento o MST foi violento ou desrespeitoso com esses trabalhadores da fazenda”, declarou o MST.
Em relação à situação dos moradores da fazenda, o movimento social alega eles viviam em condições análogas à escravidão. “Sua casa, já pequena, era usada para depósito das coisas da fazenda, tonéis, pedaços de maquinários e ração animal. Sua dormida era em rede armada a céu aberto, a cozinha, um barraco de palha improvisado. E tudo isso está devidamente registrado”, pontuou a nota.
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