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Manifestações previstas para o 7 de setembro são desconhecidas da maioria da população

No Pará ocorre o mesmo que na tendência nacional, afirma cientista político

Abilio Dantas

Os atos políticos marcados para o dia de hoje (7) não são conhecidos da maioria da população brasileira. Um levantamento feito pela empresa Quaest Consultoria e pelo banco Genial Investimento, nos 27 estados e no Distrito Federal (DF), indica que 41% dos brasileiros estão cientes sobre a realização das manifestações em apoio ao presidente, contra 51% que não estão. Dos que afirmaram saber dos atos, apenas 11% afirmaram que pretendem comparecer, 87% disseram que não vão e 2% responderam que não sabiam.

No Pará, a proporção do comportamento das pessoas segue a tendência nacional, afirma o cientista político Renan Bezerra. Para ele, os números do estudo são suficientes para afirmar que a maioria dos paraenses também não está acompanhando o noticiário sobre os atos públicos. “Isso diz muito sobre o desgaste do governo federal e do presidente. Com a falta de diálogo com os outros Poderes, com destaque para o Judiciário e para o Poder Legislativo, com o perfil muito fechado e restrito do governo, não vimos ser colocada em prática a harmonia entre os poderes, que é colocada pela Constituição Brasileira. Então o governo foi perdendo apoio”, analisa.

O especialista considera que, embora o Brasil viva um momento de grande polarização política e conflito entre os poderes, o eleitor médio não faz grandes distinções entre espectros políticos entre esquerda e direita, e sim, entre os que apoiam o governo e os que são contra. “O eleitor é extremamente racional no seu voto, porque ele analisa se o filho dele está na escola, se ele consegue comprar mais coisas no mercado, se o asfalto passou na rua dele, se ele consegue pegar um remédio na farmácia, se sim, ele entende que há um governo bom, que o atende de alguma forma. O eleitor médio não faz grandes diferenciações de ideologia”, explica.

Renan Bezerra destaca que é necessária a realização de pesquisas para afirmar se o brasileiro vem perdendo interesse por questões políticas. “Mas, de mofo geral, o brasileiro médio nunca foi muito interessado em política. Em alguns momentos, ele foi mais participativo, mas os índices de filiação partidária são baixos. As organizações de sociedades associativas, de entidades de classe, estão muito esvaziadas. De modo geral, o brasileiro é muito afastado da política, só tendo contato com ela em períodos eleitorais”, declara.

O analista em rede de computadores Pedro Melo, de 32 anos, faz parte da parcela da população brasileira que não tem acompanhado ou não se interessa pelas informações sobre as mobilizações para o dia de hoje (7). Para ele, o índice de pessoas que não sabem das passeatas também está ligado aos efeitos da pandemia de covid-19 e ao desinteresse pela política. “Posso falar por mim: eu perdi o interesse pela política. Foram tantos escândalos, tantas notícias sobre governadores e do próprio presidente da República, de ele fazer deboche com os mortos pela pandemia, tudo isso me fez ficar decepcionado com a política atual”, afirma.

Para o analista de rede, o atraso na compra de vacinas e a demora na aplicação da imunização são outros fatores que o fizeram deixar de acompanhar as notícias. “Se fosse feita uma campanha para a adoção de vacinas antes, muitas mortes teriam sido evitadas. E isso, somado aos discursos de ódio, tanto de quem é apoiador do presidente quanto de quem é contra, fez com que quisesse estar afastado. Quando escuto algo relacionado a assuntos da política atual, prefiro evitar em estar em uma roda, por exemplo. Eu, como cidadão brasileiro, fico decepcionado, porque a gente não tem apoio de lugar nenhum. A política não está executando projetos em prol da população. Por tudo isso, fiquei totalmente por fora do que está acontecendo. Sobre as manifestações de amanhã, eu realmente não sabia”, conclui.

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