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Manifestação de trabalhadores termina com bate-boca na Câmara de Belém

Trabalhadores atuam no Mercado de São Brás e querem diálogo sobre a privatização do espaço

Dilson Pimentel

Bate-boca, troca de insultos e acusações de agressão entre parlamentares marcaram, na manhã desta quarta (4), a sessão da Câmara Municipal de Belém. A confusão começou após a manifestação de trabalhadores do Mercado de São Brás que fizeram um ato e uma caminhada até a casa. Eles exigiam mais informações sobre o processo de privatização do espaço, proposto pela Prefeitura. Na Câmara, o grupo pretendia usar a Tribuna Livre, espaço da Casa destinado às associações e comunidades para que possam externar suas demandas. A diferença de opiniões sobre o direto de uso da tribuna foi o motivo da confusão.

Os feirantes querem que o mercado seja reformado, mas não privatizado. A caminhada partiu às 9h e por alguns minutos os trabalhadores chegaram a fechar algumas vias no caminho até a Câmara Municipal de Belém, no bairro do Marco.

O vereador Fernando Carneiro (PSOL) alegou que a representante dos trabalhadores já estava inscrita, desde a semana passada, para se manifestar. Ele acusou uma "manobra" da mesa para que os trabalhadores não usassem o espaço.

O presidente da casa, Mauro Freitas (DC), no entanto, afirmou que a Tribuna Livre ocorreu no dia anterior, na terça-feira (3). Durante o bate-boca, o vereador Fernando Carneiro disse ter sido agredido pelo líder do governo, Gleisson Silva (PSB), que empurrou o parlamentar do PSOL, no plenário. No Instagram, Carneiro divulgou essas imagens. Passado esse momento tenso, ficou definido que uma comissão dos trabalhadores será recebida por alguns vereadores, nesta quinta-feira, às 11h. Por conta do ato público, o mercado ficou fechado até 12 horas desta quarta. A partir desse horário, voltou a funcionar normalmente.

Rosana Martins, da comissão dos feirantes do Mercado de São Brás, disse que o objetivo da manifestação era chamar a atenção dos vereadores, e também da população, para o processo de privatização do espaço. "A gente não vê transparência. Estamos conversando com o poder público, mas passamos a ter dificuldades porque fomos atropelados por um pré-edital que saiu. Somos 500 trabalhadores (no mercado). E, se formos multiplicar pelos integrantes das nossas famílias, somos uma faixa de 2 mil pessoas que dependem desse espaço", afirmou. Os trabalhadores temem por seus empregos.

Depois, na Câmara Municipal, Rosana Martins lamentou não ter conseguido se manifestar na Tribunal Livre, embora estivesse inscrita desde a semana passada. "Infelizmente, fomos impedidos de dar a nossa posição, de dar a nossa fala. Fomos impedidos por essa casa, que se diz casa do povo. Queremos imediatamente a suspensão do edital", afirmou.

Fora do plenário, os vereadores Fernando Carneiro, Pablo Farah (PHS), Fabrício Gama (PMN), Enfermeira Nazaré Lima (Psol) e Toré Lima (PRB) conversaram com os trabalhadores, para tratar da reunião desta quinta, na sala Vip da Câmara.

"A reunião vai ser de uma comissão de trabalhadores do Mercado de São Brás, vereadores e um representante da Codem (Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém), que já se reuniu com eles, mas não dirimiu as dúvidas em relação ao projeto. Nesta quarta é o dia da Tribunal Livre. Eles estavam inscritos para falar, mas a mesa não permitiu", afirmou Carneiro.

"A reunião é para dirimir dúvidas e, se for o caso, sustar o edital que já foi lançado e não tem nenhum tipo de segurança para a manutenção deles (trabalhadores) lá (no mercado)", acrescentou. A Enfermeira Nazaré disse que solicitou a realização de uma sessão especial para debater esse assunto, mas apenas seis vereadores votaram a favor e os demais, contra. A Prefeitura de Belém informou que já realizou diversas reuniões para apresentação do projeto, inclusive no Ministério Público do Estado.

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