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Governadores da Amazônia defendem 'floresta em pé' em reunião com conselheiro dos EUA

Representantes da Amazônia Legal tiveram encontro em Brasília com o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan , e pediram apoio e recursos.

Thiago Vilarins, da Sucursal de Brasília (DF) / O Liberal
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Em uma reunião sem a presença de representantes do governo federal, o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan discutiu a preservação ambiental com governadores da Amazônia Legal e reforçou a preocupação dos americanos com a questão. Na conversa, realizada nesta quinta-feira (5) na Embaixada dos Estados Unidos, em Brasília, os governadores  reconheceram a importância da abertura do canal de diálogo e afirmaram que têm buscado uma conciliação entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental. Mas reforçaram que precisam de apoio e recursos para garantir a sustentabilidade desse movimento. Participaram do encontro os governadores do Pará, Helder Barbalho; do Amazonas, Wilson Lima, e de Rondônia, Marcos Rocha.

Durante a campanha presidencial, Joe Biden propôs que um grupo de países pudessem doar US$ 20 bilhões ao Brasil para combater o desmatamento e que, caso o País fracassasse, enfrentaria consequências. O presidente Jair Bolsonaro rebateu ao classificar a proposta de Biden como desastrosa. "Foi uma oportunidade importante em que o conselheiro Sullivan buscou ouvir os Estados da Amazônia com o intuito de colher opiniões, informações e ideias a respeito de soluções para a contribuição da Amazônia junto à agenda climática, claramente, colocada como prioridade por parte do governo do presidente Biden", disse o governador do Pará, Helder Barbalho, na saída da reunião.

"Ao mesmo tempo,  nós,  governadores, demonstramos, primeiramente, o nosso compromisso de que os governos subnacionais estão imbuídos em eliminar o desmatamento ilegal, descarbonizar as economias locais, mas, por outro lado, demonstrando de que é fundamental que possamos construir uma solução com sustentabilidade, que possamos fazer com que esse desenvolvimento possa reverter a lógica econômica, criar uma nova alternativa associada à atividade da agricultura, da pecuária, mas, ao tempo em que a floresta em pé passa a ser a valorizada, em um patamar de rentabilidade e, com isto, nós possamos fazer com que os milhões de brasileiros que moram na Amazônia possam ter emprego e renda", complementou.

O governo do presidente Jair Bolsonaro tem sido alvo de críticas no Brasil e no exterior por causa da alta do desmate e dos incêndios na floresta. A Amazônia perdeu uma área de 926 quilômetros quadrados ou o equivalente a quase três vezes a cidade de Fortaleza apenas em junho deste ano, segundo dados de desmatamento reunidos pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgados no mês passado. No acumulado dos últimos 11 meses, foram 8.381 quilômetros quadrados. O acumulado dos últimos 11 meses representa um crescimento de 51% no desmatamento da Amazônia, quando comparado com os dados entre agosto de 2019 e junho do ano passado (5.553 quilômetros quadrados).

Na conversa, Helder Barbalho, como representante do Consórcio Amazônia, entregou um documento a Sullivan com os pontos consensuais entre os Estados da Amazônia Legal e que podem contribuir para equilibrar a preservação ambiental com a atividade econômica local. O documento chamado Plano de Recuperação Verde da Amazônia Legal faz um diagnóstico dos principais problemas e propõe medidas para garantir o desenvolvimento sustentável local. " O governo americano demonstra interesse em participar, efetivamente. Nos solicitou que pudéssemos apresentar quais as principais demandas,  e, a partir daí,  internalizar junto ao governo americano a disponibilidade de apoiar com tecnologia, apoiar com recursos, e, inclusive, disposto a viabilizar com que a floresta em pé seja valorada. A partir daí os serviços ambientais sejam ressarcidos e, consequentemente, nós possamos fazer da floresta em pé um novo ativo econômico, que vai se somar a atividade do agro e, consequentemente, garantir desenvolvimento sustentável", explicou o governador paraense.

Helder Barbalho argumentou, ainda, não vê problemas no governo americano manter reuniões com autoridades locais sem a presença de representantes do governo federal. "Entendemos que o esforço deve ser coletivo. É fundamental que o governo federal cumpra com o seu papel no enfrentamento a essa agenda e no combate ao desmatamento ilegal. Mas é claro que os governos locais também precisam atuar. E, por isso, é preciso a união de esforços em favor da Amazônia. E, acima de tudo, construir um novo conceito em que possamos valorizar a atividade da agricultura e da pecuária, mas também construir uma nova economia verde. A valoração da floresta em pé, certamente, é o caminho do desenvolvimento sustentável e do compromisso para através da bioeconomia gerarmos emprego para a nossa população", acrescentou.

Outro assunto abordado foi a complexidade da Amazônia e sua realidade muito específica, com espaços dos povos amazônidas nas estruturas de governança dos territórios. O conselheiro americano ressaltou que o presidente norte-americano reforça que a Amazônia é um ecossistema que precisa ser protegido, por ser indispensável ao planeta. O governador do Amazonas, Wison Lima, também reforçou na saída do encontro a preocupação que o governo americano tem com a Amazônia. "O Sullivan disse que o presidente Joe Biden vai pessoalmente ter acesso a esse briefing, a esse relatório e à conversa que tivemos aqui para entender em que pontos eles podem ajudar os Estados da Amazônia. Para que a gente possa avançar nessas políticas", explicou.

Compromissos

O Pará tem sido pioneiro entre os estados da Amazônia na união de esforços com o setor empresarial para garantir desenvolvimento justo, equilibrado e colaborativo em nível global. Helder ressaltou a meta do Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA), que visa principalmente levar o Pará à neutralidade climática na área de "uso da terra e florestas" antes de 2036, e reafirmou o compromisso da adesão da campanha global Race To Zero para zerar emissões de gases do efeito estufa até 2050.

Segundo ele, tudo isso é possível por meio de consolidações de parcerias com governos e instituições nacionais e internacionais. "A união de esforços em favor da Amazônia, e acima de tudo construir um novo conceito em que possamos valorizar as atividades da agricultura e da pecuária e construir uma nova economia verde, é o caminho para o desenvolvimento sustentável", afirmou.

O Pará também ingressou formalmente na "Coalizão Under 2º", conceituada iniciativa global que auxilia estados e províncias a promover trajetórias próprias de descarbonização da economia, auxiliando a captação de recursos técnicos e financeiros para zerar as emissões de carbono até 2050. Jake Sullivan pediu informações sobre projetos para reduzir desmatamento e queimadas, e lembrou que o presidente Joe Biden coloca no status de "segurança nacional" a questão climática, e que tem, segundo ele, "prioridade absoluta".

Helder Barbalho ressaltou ainda que, de acordo com dados do Deter, serviço de alerta de desmatamento e degradação da floresta na Amazônia Legal, operado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Estado do Pará teve uma redução de 11,4% no desmatamento, no período de agosto de 2020 a julho de 2021, em relação ao período de agosto de 2019 a julho de 2020, o que equivale a uma área de 55.421 hectares.

"Somente o mês de julho, quando comparado ao mesmo período do ano passado, apresenta uma diminuição de 32% no desmatamento em todo o Estado e mostra diminuição de 26.342 hectares. Essa redução é resultado dos esforços empreendidos pela Força Estadual de Combate ao Desmatamento, por meio da Operação Amazônia Viva, que já contabiliza 14 fases", informou.

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