Força-tarefa da Lava Jato prende o ex-presidente Michel Temer

PF realiza buscas por Moreira Franco, ex-ministro de Minas e Energia

Reuters

O ex-presidente Michel Temer (MDB) foi preso nesta quinta-feira em São Paulo pela Polícia Federal no âmbito da operação Lava Jato por suspeita de desvios de recursos nas obras da usina nuclear de Angra 3, menos de três meses após ter deixado o Palácio de Planalto.

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Além de Temer, também foi preso o ex-ministro Moreira Franco, aliado de longa data do ex-presidente e que ocupou os ministérios de Minas e Energia e da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo do emedebista. Os dois mandados de prisão foram expedidos pelo juiz da Lava Jato no Estado, Marcelo Bretas, informou a Justiça Federal do Rio de Janeiro.

De acordo com a Polícia Federal, foram expedidos no total 10 mandados de prisão, sendo 8 de prisão preventiva e 2 de prisão temporária, além de 26 mandados de busca e apreensão, nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, e no Distrito Federal.

"A investigação decorre de elementos colhidos nas Operações Radioatividade, Pripyat e Irmandade deflagradas pela PF anteriormente e, notadamente, em razão de colaboração premiada firmada pela Polícia Federal. Os mandados foram expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro", disse a PF em nota.

Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro e devem ser ouvidos pela PF ainda nesta quinta-feira, de acordo com uma fonte com conhecimento da investigação.

Imagens aéreas de emissoras de TV mostraram Temer sendo escoltado por policiais federais fortemente armados para dentro de um carro em uma rua de São Paulo. O ex-presidente estava sem algema e vestia terno.

Então vice-presidente da República, Temer assumiu a Presidência em 2016 devido ao impeachment da presidente Dilma Rousseff e deixou o cargo ao final de seu mandato em 1º de janeiro deste ano.

O ex-presidente é alvo de diferentes investigações sobre corrupção. Após deixar o Planalto, denúncias que tramitavam no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Temer foram encaminhadas para a primeira instância, uma vez que ele deixou de ter foro privilegiado.

Com a prisão de Temer, dois ex-chefes do Executivos federais estão no momento detidos devido à Lava Jato, uma vez que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpre pena de prisão em Curitiba desde abril do ano passado após condenação também no âmbito da Lava Jato.

RADIOATIVIDADE

Citada pela PF como uma das operações que resultam na ação desta quinta-feira, a operação Radioatividade prendeu em 2015 um ex-presidente da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, acusado de desvios nas obras de Angra 3.

A usina de Angra 3, que seria a terceira nuclear brasileira, teve as obras iniciadas originalmente nos anos 1980, mas os trabalhos foram suspensos em 1986 por falta de recursos públicos. As obras foram retomadas em 2009, mas os trabalhos foram atropelados pelas investigações da Lava Jato

O MDB, partido de Temer e Moreira, lamentou, em nota, a "postura açodada da Justiça" após a prisão do ex-presidente, e disse que o pedido ocorre "à revelia do andamento de um inquérito em que foi demonstrado que não há irregularidade" por parte de Temer e de Moreira Franco.

O partido disse ainda na nota esperar que a Justiça "restabeleça liberdades individuais, presunção de inocência, direito ao contraditório e de defesa".

A prisão também repercutiu no Congresso Nacional. O líder do PSL --partido do presidente Jair Bolsonaro-- no Senado, Major Olimpio (SP), afirmou que o Brasil está mudando.

"A Justiça será para todos, uma grande expectativa para o povo brasileiro. Nesse momento, com a prisão do ex-presidente Michel Temer e possivelmente de alguns de seus ministros, nós estaremos dando a certeza à população brasileira que estamos no caminho da lei ser cumprida".

Reportagem adicional de Brad Brooks, em São Paulo, e Ricardo Brito, em Brasília

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