Ex-PM Élcio de Queiroz é transferido para ala de segurança máxima da Papuda
Ele admitiu em delação o envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) em 2018
O ex-PM Élcio de Queiroz, que admitiu em delação o envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), foi transferido, na noite de terça feira (25), para a ala de segurança máxima de uma das unidades prisionais do Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal (DF).
Élcio de Queiroz estava detido na Penitenciária Federal de Brasília desde junho deste ano, antes de firmar acordo de delação premiada sobre a morte de Marielle.
A informação sobre a transferência foi confirmada pela Seape (Secretaria de Administração Penitenciária), que disse que não detalha as lotações de custodiados por motivos de segurança.
A transferência de Élcio para uma unidade de prisão estadual faz parte do acordo de delação premiada com o ex-PM e aprovado pela Justiça.
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Acusação
Ele é acusado de duplo homicídio triplamente qualificado, assim como o também ex-PM Ronnie Lessa, a quem Élcio atribui a autoria dos disparos que mataram a vereadora e o motorista Anderson Gomes em março de 2018.
O ex-bombeiro alvo da delação foi transferido para Penitenciária Federal de Brasília. Maxwell Simões Correa, o Suel. Ele foi preso na segunda-feira (24) pela PF em uma força-tarefa da corporação que investiga o crime após a delação de Élcio.
Suel é amigo de Ronnie Lessa, que foi preso em 2019 na mesma operação contra Élcio — hoje ele está na detido na Penitenciária de Porto Velho.
Lessa nega envolvimento no atentado — no dia do crime, além de Marielle e Anderson, estava no carro a assessora Fernanda Chaves, única sobrevivente.
O ex-bombeiro participou de ações de "vigilância e acompanhamento" de Marielle antes do assassinato e depois ajudou a encobertar o crime, segundo Élcio..
Os investigadores também descobriram provas mostrando o envolvimento de mais pessoas no planejamento do crime. A colunista do UOL Juliana Dal Piva apurou que os investigadores descobriram que Maxwell participou de campanas para o planejamento do assassinato da vereadora.
Andamento das investigações
Élcio Queiroz prestou os depoimentos em junho passado, mais de 5 anos após o crime. O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que ele receberá os benefícios da delação, mas continuará preso. Os termos da colaboração estão sob sigilo.
Com base nos depoimentos, a PF deflagrou a operação Élpis, com um mandado de prisão preventiva e sete de busca e apreensão. O ex-bombeiro Maxwell Simões Correa, o Suel, foi preso.
Na delação, Élcio afirma que foi Lessa quem atirou em Marielle e Anderson. Élcio diz que foi recrutado por Lessa no próprio dia do crime e que dirigiu o carro usado na ocorrência. O ex-PM narrou em detalhes a noite do assassinato.
O delator diz ter recebido R$ 1 mil após servir de motorista para Lessa. Ele afirma que os dois foram em um bar, após o assassinato, e só lá ele soube que o motorista Anderson também tinha morrido.
Élcio destacou, também, que a arma usada no crime tem origem no Bope, o batalhão especial da PM do Rio. O armamento, uma submetralhadora MP5, teria sido extraviada após um incêndio em um paiol da PM.
Para autoridades que acompanham o caso, a delação não resolve dúvidas sobre o crime. O presidente da Embratur, Marcelo Freixo, disse estar convencido de que o crime tem um mandante. A ministra Anielle Franco, irmã de Marielle, disse acreditar que não existe apenas motivação política no episódio.