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Ex-chefe do Exército de Lula nega ter recebido proposta para dar golpe

General da reserva, Arruda foi ouvido como testemunha do ex-ajudante de ordens da Presidência da República, tenente-coronel Mauro Cid

Estadão Conteúdo
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Em depoimento prestado nesta quinta-feira, 22, no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, confirmou que se reuniu com o general de brigada Mário Fernandes, mas negou que o encontro tenha tratado da possibilidade de uma ruptura institucional após o resultado da eleição presidencial de 2022.

General da reserva, Arruda foi ouvido como testemunha do ex-ajudante de ordens da Presidência da República, tenente-coronel Mauro Cid, no processo em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é acusado de tentativa de golpe de Estado. O ministro do Supremo Alexandre de Moraes, relator do caso na Corte, conduziu a audiência.

Bolsonaro, Cid e Mário Fernandes são réus no STF - os dois primeiros foram denunciados sob acusação de integrarem o "núcleo crucial" do golpe; o general de brigada é acusado de compor o "núcleo de gerência" da trama golpista. Durante as investigações sobre a tentativa de golpe, a Polícia Federal encontrou com Mário Fernandes o plano "Punhal Verde e Amarelo", que previa a execução de Moraes, do presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e do vice-presidente, Geraldo Alckmin. Na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), o general foi acusado de ter sido "o responsável por coordenar as ações de monitoramento e neutralização de autoridades públicas".

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Arruda, general da reserva, foi ouvido como testemunha do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid

Como mostrou o Estadão em novembro do ano passado, Mário Fernandes, ex-comandante de Operações Especiais do Exército e então número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, procurou Arruda, no dia 28 de dezembro de 2022, para o pressionar a impedir a posse de Lula. Escolhido pelo então presidente eleito, Arruda assumiria o comando da Força Terrestre no dia 30.

Na ocasião, depois de criticar o então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, que não embarcara, dias antes, na ideia de golpe defendida por alguns militares, Mário Fernandes disse a Arruda: "O senhor vai assumir o comando depois de amanhã. O senhor tem de fazer alguma coisa". Arruda, então, o expulsou de seu gabinete.

Ontem, ao ser questionado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, o ex-comandante do Exército negou ter expulsado Mário Fernandes de seu gabinete. "Ele esteve lá para conversar comigo no dia 28 (de dezembro de 2022)", afirmou Arruda. "Foi conversado sobre um eventual impedimento para a posse de Lula?", indagou Gonet. "Não, senhor", respondeu o general.

Demissão

Arruda foi comandante do Exército no terceiro mandato de Lula por pouco mais de 20 dias. A demissão do comandante, em 21 de janeiro de 2023, se deu por um acúmulo de fatores, como a resistência do general a permitir prisões no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército após o 8 de Janeiro e a demora para exonerar Cid.

Na época, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro tinha sido nomeado para chefiar o 1.º Batalhão de Ações de Comando do Exército em Goiânia e foi grande a pressão para que a nomeação fosse cancelada por Arruda, o que não ocorreu.

Durante o depoimento ao STF, Arruda disse que Cid já estava designado para a função com quase um ano de antecedência. Em relação aos acampamentos bolsonaristas, o ex-chefe do Exército afirmou que não impediu a atuação de policiais militares. Segundo ele, a sua função era "acalmar" os ânimos e promover uma ação de forma coordenada.

Moraes mencionou o depoimento do ex-chefe da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Fábio Augusto Vieira, que relatou a existência de uma mobilização do Exército para barrar a ação da PM no dia 8 de janeiro de 2023. Conforme Vieira, Arruda teria dito na ocasião: "O senhor sabe que a minha tropa é um pouco maior que a sua, né?"

Ontem, o ex-comandante da Força Terrestre afirmou que havia um clima de nervosismo e disse não se lembrar da fala para o ex-chefe da PM do Distrito Federal. Arruda foi substituído pelo então comandante militar do Sudeste, general Tomás Paiva.

A audiência de ontem, que ouviu as testemunhas chamadas pela defesa de Cid, foi breve. A sessão durou pouco mais de uma hora e ouviu colegas militares do tenente-coronel e funcionários da ajudância de ordens da Presidência. Eles relataram desconhecer a existência de um plano de golpe, elogiaram a conduta "profissional" de Cid e disseram que, enquanto conviveram com ele, não o viam comentar muito sobre política. Conhecido como "faz-tudo" de Bolsonaro, o tenente-coronel fez acordo de delação premiada.

Além de Arruda, prestaram depoimento os generais Edson Diehl Ripoli e João Batista Bezerra, o capitão Adriano Alves Teperino e o sargento Luís Marcos dos Reis, que trabalharam com Cid na ajudância de ordens, além do capitão Raphael Maciel Monteiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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