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Especialistas alertam para risco de violência política após morte de militante do PT

Violência marca campanha de 2022 e amedronta eleitores

Carolina Mota
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O homicídio de um militante político em uma festa particular levantou uma questão que já vinha sendo percebida pelos eleitores brasileiros: a violência no debate político. Segundo especialistas, o medo pode impedir a participação mais efetiva de eleitores no processo eleitoral, enfraquecendo a democracia e a liberdade de expressão. 

O cenário mostra que apenas nos seis primeiros meses do ano (sem contar com o assassinato de Marcelo Arruda), o Brasil registrou 214 casos de violência baseado em crença política, 32% a mais que os casos registrados no primeiro semestre de 2020, com base em dados do Observatório de Violência Política e Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, divulgado na segunda-feira (11). As informações são do Metrópoles.

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De acordo o presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sergio de Lima, a radicalização traz riscos para eleitores que decidem usar camisas, bonés ou criticar adversários.

“O risco aumenta se o militante estiver sozinho ou fizer parte de grupos vulneráveis. Se for mulher, se for negro, a pessoa vai temer mais ainda se manifestar em uma série de situações. E isso é muito preocupante, pois o que está sendo inibido é o direito à liberdade de expressão, o direito de ir e vir se a pessoa estiver com um boné de partido. Isso tira a vitalidade da democracia, porque democracia não pode ser apenas o ato de votar, tem que incluir o direito de debater, de se manifestar”, acrescenta Lima.

Violência política é maior que em 2018

A violência política não é mais novidade no país, mas a situação tem se agravado, segundo o professor de sociologia Arthur Trindade, da Universidade de Brasília e coordenador do Núcleo de Estudos sobre Violência e Segurança (Nevis) da UnB, que já foi secretário de Segurança Pública do DF, no governo de Rodrigo Rollemberg (PSB).

"Não podemos ignorar esse problema, que é real e que piorou desde 2018, por exemplo, quando já houve episódios de extrema gravidade, como o atentado contra o então candidato Bolsonaro, que foi esfaqueado".

Para o professor, só um esforço conjunto dos próprios políticos pode reduzir o índice. “Enquanto os candidatos, principalmente Bolsonaro, não forem à TV e disserem que não apoiam esse tipo de coisa, pedirem para que seus apoiadores não saiam de casa para brigar, o nível de tensão só vai aumentar - E notinha de repúdio não vai adiantar" avalia.

Trindade também avalia que eventos políticos como caminhadas, comícios e motociatas podem ser alvos de ataques, como o exemplo dos eventos com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), onde um drone jogou líquido fétido nos manifestante, e em um outro evento, foi lançada uma bomba caseira. Os responsáveis pelos crimes foram identificados e presos.

Efeito contrário

Rui Tavares Maluf, cientista político da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), diz que, apesar do impacto amedrontador, pode também incentivar a mobilização de grupos contra a violência.

“Vemos isso pelas experiências do Brasil com regimes autoritários, [como a ditadura militar entre 1964 e 1985]. A repressão e a proibição podem ser elementos motivadores para grupos opositores, que buscam aumentar sua organização e seu alcance quando são desafiados”, afirma.

“Eles todos precisam entender que o líder é um facho de luz para seus seguidores”, conclui Rui Tavares Maluf.

(Carolina Mota, estagiária sob supervisão da coordenadora de política, Keila Ferreira)

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