MENU

BUSCA

Entidades representantes dos caminhoneiros negam apoio aos protestos no Pará

Sindicatos da categoria afirmam que são contra os bloqueios nas rodovias do Estado e do País

Daleth Oliveira

Caminhoneiros passaram, desde a noite de domingo (30), quando foi confirmada a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL), a bloquear rodovias pelo Brasil. As entidades paraenses que representam a categoria negam participação e apoio aos atos que interditam as rodovias do Estado.

Eurico Tadeu, presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Pará (Sindicam-PA), garante que os protestos estão ocorrendo sem apoio das entidades representativas da categoria.

VEJA MAIS

‘Nossos métodos não podem ser os da esquerda’, diz Bolsonaro sobre manifestações
Presidente elogiou manifestações pacíficas, mas condenou as que há ‘cerceamento do direito de ir e vir’

PRF monitora 23 pontos de manifestação nas rodovias do Pará
Há pelo menos 15 trechos com interdição total da via pelos manifestantes

Polícia Federal negocia liberação da BR-155 em Marabá
A movimentação à altura da rotatória do bairro Quilômetro 6, na Nova Marabá, já vinha sendo acompanhada por guarnições da PRF desde as primeiras horas da manhã de hoje

“O nosso sindicato não está reivindicando nada nem mandando fazer baderna nas ruas. Não há nenhuma reivindicação dos caminhoneiros autônomos, inclusive este protesto que está ocorrendo nas rodovias não é protesto unânime na categoria, apenas uma parte dos caminhoneiros está participando”, informa Eurico.

Reputação dos caminhoneiros pode ser prejudicada, diz representante

Ele acredita que a reputação dos caminhoneiros pode ser prejudicada com a situação. “Por causa de alguns que estão bloqueando as vias, todos levam a fama. E pior, quem estiver impedido de trafegar, também pode ser multado, sendo que os culpados são os que estão efetivamente à frente do bloqueio”, analisa Tadeu.

Edilberto Ventania, diretor do Sindicato do Transporte de Carga do Pará (Sintracarpa), também disse que as entidades não têm ligação com os protestos. “Hoje, apesar do voto ser secreto, a eleição já acabou. Não tem ninguém que esteja questionando o que aconteceu nas urnas. A eleição foi democrática e o resultado foi aceito pelos parlamentares. Até agora, no nosso estado, nós, trabalhadores, não temos uma mobilização. Na hora que estiver, seremos acionados. Não somos contra a nenhuma mobilização, mas elas são feitas por autônomos e empresários. Até agora, nesse exato momento, na nacional e em estados como Goiás e São Paulo, não houve paralisação de trabalhadores. São trabalhadores autônomos e alguns empresários que estão se manifestando”, afirma.

“Quatro anos atrás tivemos uma mobilização na qual a Justiça descobriu que tinha empresário por trás apoiando bloqueios e isso é crime, porque impede de chegar onde tem que chegar os alimentos. Hoje, não posso afirmar isso porque nenhum trabalhador procurou o sindicato para relatar isso e nenhum trabalhador que eu conheço se diz contra o resultado. Não posso afirmar. Como representantes da classe e em um país democrático que estamos, entendemos que houve uma eleição limpa e nós não temos direito de questionar o resultado. A maioria decidiu. Não tem a ver com A ou a B e temos que aceitar", garante.

Entidade nacional se desvincula de bloqueios

A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) emitiu uma nota se desvinculando dos protestos no País. “Primeiramente este não é um movimento dos caminhoneiros autônomos, tampouco uma greve da categoria. Tratam-se de manifestações individuais de cidadãos brasileiros, sem coordenação setorizada da sociedade civil, sendo que nenhuma entidade de representação do sistema CNTA (sindicatos e federações de caminhoneiros autônomos) está envolvida em qualquer ponto de concentração no País”, diz a entidade.

De acordo com a confederação, a categoria foi surpreendida por interdições e bloqueios sem qualquer qualquer planejamento ou convocação prévia. “Assim, não foi dada a oportunidade aos caminhoneiros de escolherem estar presentes ou não nos pontos de manifestação, uma vez que transportam e abastecem ininterruptamente o País”, defende a entidade.

“Este não é um movimento orquestrado por uma categoria e não há nenhuma pauta de reivindicação referente ao trabalho dos caminhoneiros autônomos, por isso não deve ser caracterizado como uma greve. Diante de tudo isso, a entidade ressalta ainda que a categoria não deve ser responsabilizada pelos bloqueios e por suas possíveis consequências à sociedade brasileira”, defende a CNTA.

Política