Eleições movimentam forças políticas nos Estados e no Brasil em 2022
No cenário nacional, dois candidatos têm a preferência, mas uma terceira via poderá crescer

Em 2022, mais de 147 milhões de brasileiros estarão aptos a ir às urnas para definir a configuração dos parlamentos estaduais, da Câmara dos Deputados e de um terço das 81 cadeiras no Senado. Além disso, irão eleger (ou reeleger) 27 governadores. Mas o assunto que deve dominar as conversas no próximo ano é a eleição presidencial, a nona desde a redemocratização do Brasil, e que deve colocar em choque duas frentes opostas.
Atualmente líder em pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem ampliado as conversas com os mesmos setores que o apoiaram em 2002 e busca consolidar alianças regionais para reconquistar parte do eleitorado dele que optou por Jair Bolsonaro (PL) em 2018.
Rodolfo Marques, colunista de política do Grupo Liberal, considera prematura a aposta em um resultado, pois ainda podem ocorrer fatos novos. Para ele, a decisão deve ocorrer em segundo turno, considerando o histórico dos pleitos, já que apenas duas vezes desde a redemocratização um presidente foi eleito assim - em ambas, com vitória de Fernando Henrique Cardoso. “É um favoritismo (de Lula) com intenção de voto já consolidada acima dos 40%, mas penso que ainda há muito trabalho para ser feito em relação a campanha e movimentação dos candidatos”, afirma.
Desde que a reeleição se tornou possível para o cargo de Presidente da República, em 1997, todos que tentaram conquistaram o feito. Porém, pelo indicado nas pesquisas, Bolsonaro terá que fortalecer o trabalho, visitando diferentes regiões do País, como já vem fazendo. O atual presidente conta com apoio de 47% do empresariado brasileiro e 33% do voto dos evangélicos, segundo pesquisa do DataFolha, divulgada em dezembro. Marques analisa que a reprovação de Bolsonaro cresceu muito nos últimos dois anos por conta da crise econômica e também por conta da pandemia de covid-19, além da instabilidade política em Brasília.
“Ele tem uma base evangélica e das forças de segurança de modo geral, além do conservadorismo e do discurso anticomunista. Ele também tem a estrutura do governo, que pode exibir obras, acionar pastas e ministros para que haja movimentação para melhorar a própria imagem. Sempre é possível reverter, mas os índices de rejeição a ele ainda são muito altos”, afirma.
Alternativa
Há ainda a busca por uma opção entre os dois lados, que ganhou o nome de “terceira via” e possui como postulantes de maior destaque o ex-ministro da Justiça e ex-juiz Sérgio Moro (Podemos), o também ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT) e o governador de São Paulo João Dória (PSDB). Juntos, eles somam 20% das intenções de voto segundo a pesquisa mais recente do Datafolha e, portanto, mesmo unidos, não tirariam Bolsonaro da segunda colocação.
“O Sérgio Moro tem ganhado uma exposição midiática muito grande. Acredito que a candidatura dele seja a mais competitiva dentro da terceira via, pois busca parte dos eleitores do Bolsonaro com convicções semelhantes e eleitores indecisos”, afirma.
Os nomes que emergiram das Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, Alessandro Vieira (Cidadania) e Simone Tebet (MDB), seguem ainda sem expressividade nas pesquisas, assim como as pré-candidaturas do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD) e de Luiz Felipe D’Ávila (Novo).
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