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Eleições de 2022 têm doze pré-candidatos; poucos vices foram definidos

Lula e Bolsonaro podem ser foco de polarização. PSDB, MDB e União Brasil querem lançar nome único para terceira via.

Elisa Vaz

O número expressivo de pré-candidatos à Presidência da República, ao menos 12, não imprede que a a disputa eleitoral deste ano prometa ser polarizada, talvez até mais que a de 2018, quando o atual presidente Jair Bolsonaro foi eleito. Na época, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava preso e quem levou adiante sua candidatura pelo Partido dos Trabalhadores (PT) foi o professor Fernando Haddad. Agora, com Lula solto e podendo concorrer, a corrida deve ser acirrada. O primeiro turno será no dia 2 de outubro e o segundo, no dia 30 do mesmo mês.

Até agora, poucos pré-candidatos têm em sua chapa um vice definido. Uma das fases mais importantes das eleições é o registro de candidaturas, quando partidos e coligações solicitam à Justiça Eleitoral o registro das pessoas que concorrerão aos cargos eletivos. O prazo começa a partir do dia em que o partido realiza a convenção partidária, que deve ocorrer entre 20 de julho e 5 de agosto. E até 10 dias após o prazo final para a realização das convenções, os partidos políticos e as coligações devem apresentar o requerimento de registro de candidatos - os candidatos à Presidência da República e os respectivos vices devem solicitar o registro ao TSE.

Tentativa de reeleição em chapa puro-sangue

Bolsonaro é um dos que ainda não oficializaram o vice neste ano. Em enrevista exclusiva ao Grupo Liberal, ele deu 90% de certeza de que seu colega na briga eleitoral será o general do Exército Braga Netto, mas nada está certo no momento. Caso a disputa realmente ocorra com os dois lado a lado, a chapa será “puro-sangue”, quando os dois são da mesma sigla – neste caso, o Partido Liberal (PL).

Jair Messias Bolsonaro tem 67 anos, nasceu em Glicério, no interior de São Paulo, e começou a carreira no Exército. Sua jornada política começou em 1988, quando concorreu à Câmara Municipal do Rio de Janeiro e conseguiu uma vaga no Legislativo da cidade. Em 1990, conquistou o primeiro dos sete mandatos consecutivos no cargo de deputado federal pelo Rio de Janeiro, onde permaneceu até se eleger presidente, em 2018. Bolsonaro é o primeiro militar eleito por voto direto em mais de sete décadas: oantes, Eurico Gaspar Dutra foi eleito em 1945.

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Ao longo da carreira, ele se destacou especialmente pela defesa dos direitos dos militares ativos, inativos e pensionistas, além da redução da maioridade penal, direito à "legítima defesa" e à posse de arma de fogo para cidadãos sem antecedentes criminais. Outros temas que ele defende são as medidas para garantir a segurança jurídica das ações policiais, voto impresso no Brasil e defesa dos valores cristãos e da família.

Já Braga Netto é um general do Exército que serviu a instituição por 47 anos. Mineiro, nascido em Belo Horizonte, tem 65 anos e já atuou em diversos cargos no governo de Bolsonaro: foi ministro-chefe da Casa Civil e também ministro da Defesa. Além disso, atuou como chefe do Estado-Maior do Exército e, antes, como interventor federal na área de segurança pública no Rio de Janeiro.

Volta à corrida com ex-adversário

Se Bolsonaro se une neste ano a alguém que sempre esteve ao seu lado, um apoiador ferrenho, Lula faz o contrário. Deve participar de sua chapa Geraldo Alckmin (PSB), como candidato a vice-presidente do petista. Os dois disputaram, em chapas opostas, o segundo turno das eleições de 2006, da qual Lula saiu vencedor. Já houve a indicação oficial do partido do ex-tucano, o PSB, para que ele componha com Lula a candidatura presidencial em 2022, ao que o petista respondeu, dando boas vindas ao provável colega de chapa: “Você me chama de companheiro Lula, eu te chamo de companheiro Alckmin”.

Embora a união, um tanto quanto inesperada, tenha sido vista com desconfiança por aliados e adversários, a chapa pode ganhar força pela vasta experiência política dos dois pré-candidatos. Lula nasceu no agreste pernambucano, em 1945, e tem hoje 76 anos. Iniciou a trajetória profissional como metalúrgico e líder sindical, antes de se candidatar à Presidência pela primeira vez em 1989 – ele perdeu essa disputa para Fernando Collor, que depois sofreu impeachment. Também foi candidato nas eleições de 1994 e 1998, e nas duas vezes foi derrotado por Fernando Henrique Cardoso (FHC). Elegeu-se presidente do Brasil apenas em 2002, foi reeleito em 2006 e permaneceu no cargo até 2010, quando passou a faixa presidencial à companheira de partido Dilma Rousseff. Lula participou da fundação do Partido dos Trabalhadores e é o principal líder da sigla.

Vice do Sudeste

O possível candidato a vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin, nasceu em Pindamonhangaba, em São Paulo, 1952, tendo agora 69 anos. Filiou-se ao atual Movimento Democrático Brasileiro (MDB) no mesmo ano em que ingressou na faculdade de medicina e, além de político, é também médico. Foi vereador e prefeito da sua cidade natal na década de 1970. Depois, ocupou os cargos de deputado estadual e deputado federal na década seguinte, além de ter participado ativamente da criação da Constituição Federal de 1988 e fundado, no mesmo ano, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

Ao longo das décadas de 1990 e 2000, foi reeleito deputado federal, presidente estadual do PSDB de São Paulo, vice-governador do Estado e governador. Alckmin ainda concorreu a duas eleições depois disso, mas não venceu: à Presidência do País em 2006, contra Lula no segundo turno, e à Prefeitura de São Paulo. Em 2010, foi eleito novamente governador do Estado paulista e reeleito ao cargo em 2014. Se tornou presidente nacional do PSDB em 2017 e ainda concorreu à Presidência do Brasil em 2018, sem sucesso na eleição. Agora faz parte do Partido Socialista Brasileiro (PSB).

Desistência do Moro gera outra indicação

Um dos pré-candidatos que estavam bem posicionados nas primeiras pesquisas de intenção de voto era o ex-ministro do governo Bolsonaro Sergio Moro, que chegou a aparecer com 11% das intenções, atrás de Lula e Bolsonaro, e deixando Ciro Gomes em quarto. Ele concorreria pelo partido Podemos, onde permaneceu durante quatro meses e depois mudou de sigla, passando para o União Brasil, recém-criado, que surgiu da fusão entre Democratas (DEM) e Partido Social Liberal (PSL), em outubro de 2021. No final de março, no entanto, o ex-ministro optou por desistir da candidatura à Presidência da República.

Na última quinta-feira (14), o União Brasil aprovou a indicação de seu presidente, Luciano Bivar, como pré-candidato à eleição presidencial de 2022. Segundo nota do partido, a decisão da comissão executiva foi unânime. O próximo passo da sigla será se reunir aos demais partidos que buscam formar a “terceira via” para a eleição do Planalto. Pelo comunicado, Bivar se afastará das negociações pela construção da candidatura única junto a outros partidos do centro, deixando a tarefa a cargo do vice-presidente nacional do partido, Antônio de Rueda, do líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento, e do líder do partido no Senado, Davi Alcolumbre. O que parece é que o nome de Moro encontra resistência em algumas alas do partido.

Terceira via

Além das siglas já citadas, outras também já têm seus possíveis pré-candidatos. Mas, mirando em chapa da terceira via, União Brasil, MDB e PSDB se comprometeram a anunciar nome único na disputa pelo Planalto até dia 18 de maio. Inclusive, o candidato a vice-presidente dessas chapas deve cumprir esse papel, aponta artigo do jornal Estado de São Paulo.

Até agora, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) ainda está dividido. No ano passado, as prévias da sigla foram vencidas por João Doria. Mas, nesta sexta-feira (15), parece ter havido algum desentendimento entre o paulista e o partido: a equipe do pré-candidato à Presidência da República comunicou a substituição de Bruno Araújo do posto de coordenador-geral da campanha pelo presidente-geral do partido em São Paulo, Marco Vinholi. Araújo, que é presidente nacional do PSDB, havia sido convidado por Doria para a função, mas tem relativizado a candidatura de Doria em recentes entrevistas e encontros. Por meio das redes sociais, Araújo manifestou alívio pela decisão e disse que nunca fez questão de exercer a coordenadoria da campanha do tucano. A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) é cotada para ocupar a posição de vice na chapa – ele esteve com ela no início de abril, em Brasília.

Outro possível nome para disputar a corrida pelo PSDB é o gaúcho Eduardo Leite. Mesmo tendo sido superado por Doria nas prévias dos tucanos para escolha do concorrente ao Palácio do Planalto, em novembro do ano passado, se coloca à disposição para uma eventual disputa. Várias reportagens afirmam que existe um aceno para que ele feche uma chapa como vice de Simone Tebet, que também é pré-candidata.

João Doria é empresário, jornalista, publicitário e político, sendo filiado ao PSDB desde 2001. Com 64 anos, já foi prefeito da cidade de São Paulo e governador do Estado paulista, cargo ao qual renunciou para concorrer às eleições de 2022. Foi também secretário de Turismo de São Paulo, quando começou sua vida pública, presidente da Paulistur durante a gestão de Mário Covas e presidente da Embratur quando José Sarney assumiu o governo brasileiro. Ele nasceu na capital.

Eduardo Leite é formado em direito e se elegeu vereador aos 19 anos por Pelotas, cidade onde nasceu. Aos 27, tornou-se prefeito de Pelotas, na maior votação da história da cidade, com 110 mil votos. Em maio de 2016, quando cerca de 60% dos eleitores o aprovavam e ele liderava as pesquisas de intenção de voto, anunciou que não disputaria a reeleição por ser contra. Leite começou a disputa pelo governo do Rio Grande do Sul em segundo lugar, com apenas 8% das intenções de voto e desbancou o então governador, José Ivo Sartori (MDB), no segundo turno. Ele foi eleito com 53,2% dos votos válidos e foi eleito como o governador mais jovem do Rio Grande do Sul desde a redemocratização, aos 33 anos – hoje ele tem 37.

O MDB tem a senadora Simone Tebet como pré-candidata à Presidência. Hoje aos 52 anos, ela nasceu em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, e foi eleita senadora em 2015, sendo a segunda mulher na história a assumir a função pelo Mato Grosso do Sul. Hoje é líder da bancada feminina.

Outros candidatos

Pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), Ciro Gomes tenta mais uma vez chegar ao cargo mais alto do Executivo brasileiro – ele disputou as eleições de 2018 contra Bolsonaro e Haddad. No final de março, o pedetista afirmou que vai definir o candidato a vice de sua chapa para as eleições de 2022 apenas em julho, já sinalizando que a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) não deve ser o nome escolhido para sua chapa.

Com 64 anos, Ciro é paulista, nascido no município de Pindamonhangaba e concorreu à sua primeira eleição ainda em 1982. Foi eleito e reeleito deputado federal pelo atual MDB em 1986, interrompeu o segundo mandato em 1988 para tentar eleger-se prefeito de Fortaleza (CE), disputa que venceu. Foi governador do Ceará por um mandato, ministro da Fazenda de Itamar Franco e ministro da Integração Nacional de Lula. Disputou as eleições presidenciais de 1998 e 2002 pelo PPS (atual Cidadania) e de 2018 pelo PDT, tendo ficado em terceiro lugar nesta última.

Outros partidos ainda parecem menos certos quanto à escolha do vice em suas chapas. Recém-lançado pelo Novo como pré-candidato à Presidência da República em 2022, o paulista Felipe d’Avila, de 58 anos, é cientista político pela Universidade Americana de Paris e deve seguir agenda liberal. Tem mestrado em administração pública pela Harvard Kennedy School, é coordenador do movimento Unidos Pelo Brasil e fundador da organização sem fins lucrativos Centro de Liderança Pública (CLP).

Pelo Avante, o deputado federal André Janones, de 37 anos, deve concorrer na disputa. Ele é um advogado mineiro nascido em Ituiutaba. Já foi filiado ao PT (2003–2012) e ao PSC (2012–2018). Janones se elegeu em 2018 para o seu primeiro mandato como deputado federal.

Leonardo Péricles Vieira Roque, de 40 anos, com nome eleitoral de Leo Péricles, é o primeiro pré-candidato negro à Presidência em 2022. Ele nasceu em Belo Horizonte, é presidente do partido Unidade Popular pelo Socialismo (UP), criado em dezembro de 2019. Foi candidato a vice-prefeito de Belo Horizonte na chapa da deputada federal Áurea Carolina (Psol-MG), mas não se elegeu. Ele mora em ocupação urbana e é coordenador do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).

Também em sigla socialista, a pré-candidata pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) é Vera Lúcia, de 55 anos. Ela foi uma das fundadoras do partido e já foi filiada ao PT. Nascida em Inajá, no Pernambuco, é graduada em ciências sociais pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e nunca foi eleita a um cargo público. Foi candidata a governadora de Sergipe, a prefeita de Aracaju e a deputada federal. Em 2018, foi candidata à Presidência da República e teve como vice o professor Hertz Dias. Ainda disputou a Prefeitura de São Paulo (SP) em 2020.

Fundador e presidente do Democracia Cristã, José Maria Eymael, com nome político de Eymael, de 82 anos, é apresentado como pré-candidato à Presidência pelo partido desde 2020. O político nascido em Porto Alegre já foi deputado federal por São Paulo de 1986 a 1995 e disputou cinco campanhas presidenciais, mas não obteve êxito em nenhuma.

Conheça abaixo quem são os pré-candidatos à Presidência da República:

Lula (PT)

Jair Bolsonaro (PL)

Luciano Bivar (União Brasil)

Ciro Gomes (PDT)

João Doria (PSDB)

Eduardo Leite (PSDB)

Simone Tebet (MDB)

André Janones (AVANTE)

Felipe D’ávila (NOVO)

Leonardo Péricles (UP)

Vera Lúcia (PSTU)

Eymael (DC)

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