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‘É um prestígio para os índios’, diz Carmona sobre PL que legaliza atividade em áreas indígenas

Parlamentares comentaram declarações de Jair Bolsonaro em entrevista ao Grupo Liberal; deputado Dr. Galileu é contra, ‘eles são os verdadeiros donos do Brasil’

Natália Mello

Alguns deputados estaduais comentaram, nesta terça-feira (12), as declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Grupo Liberal, durante entrevista exclusiva concedida nesta segunda-feira (11). O parlamentar Martinho Carmona (MDB) afirmou, sobre a autorização da exploração de minérios em terras indígenas (PL 191/2021), defendida pelo chefe do Executivo do Brasil, que legalização da atividade é “prestígio para índios”.

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“Essa questão da exploração de minérios, de ouro e todos os derivados, nas áreas indígenas, eu acho isso um prestígio para os índios, porque eles querem e precisam ter uma vida digna também, e o índio, queira ou não, está aculturado, porque já chegou a informática lá, todos os índios têm telefone celular, e por conta disso recebem as mazelas da sociedade, as doenças, e também precisam receber benefícios, que podem lhes proteger e lhes oferecer uma qualidade de vida melhor. Então acho que é algo que deve ser realmente implementado, para que o índio saia da condição de mendigo para ser um cidadão também participativo”, afirmou Carmona.

Sobre a descriminalização do aborto, Bolsonaro fez críticas ao posicionamento do ex-presidente Lula sobre o assunto, assim como Carmona. “O aborto é uma covardia. Você vai assassinar o inocente, o indefeso, que não pediu para ser gerado, mas é uma vida e nós somos radicalmente contra o aborto. E isso também serve para preservar a vida da mãe quando ela está em risco. São muito raros em que ele é realmente necessário. Somos, como cristãos, completamente contra o aborto e lamentamos muito que o Lula defenda com tanta ênfase”, declara.

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Sobre os comentários a respeito da economia, em que Bolsonaro adianta sobre a possibilidade de uma nova redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o deputado ressaltou que o país está em uma fase de respostas das escolhas feitas no início da pandemia. “A economia começou a dar sinais que Bolsonaro agiu certo, investindo milhões na vacina, mas também quando pensou no pós-vacina, nos leva a ver que Paulo Guedes tinha realmente razão na condução do processo”, pontuou.

Líder do PL na Casa, o deputado Caveira destacou as dificuldades que a população enfrentou durante o período inicial da pandemia.

“Isso atrapalhou muito, porém o Brasil não depende exclusivamente do estado do Pará para crescer a economia, e a economia tem disparado. E a respeito das terras indígenas eu acho sim que deve ser explorado igual é explorado em outros países. Só que para isso acontecer, não da minha vontade, nem da vontade do presidente, depende do povo. E dentro em breve, imagino eu que mais tardar esse final de ano, o ano que vem, com a reeleição do nosso presidente Jair Messias Bolsonaro, isso possa acontecer”, concluiu.

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Já o deputado Dr. Galileu (PSC), se posiciona contra a legalização da mineração nos territórios indígenas. “Temos um déficit histórico muito grande com eles, já foram afastados das terras deles e são os verdadeiros donos do Brasil. Tem gente querendo mexer no território deles sem necessidade”, reforça. Mas, sobre a legalização do aborto, o parlamentar diz defender a bandeira da vida. “A nossa bandeira de luta é a defesa da vida, de dar oportunidade que o ser humano tenha vida, por isso somos contra o aborto”, diz.

Quanto à economia, o deputado vê exatamente o oposto do colega de Casa, Carmona, no que se refere à perspectiva de cenário atual. “Nós vivemos um processo de recessão econômica no Brasil e até agora não vimos nada que pudesse nos deixar otimistas sobre esse cenário, a questão do bandeiramento relacionado a energia elétrica diminuiu e atingiu a população mais pobre, tudo bem, mas a gente precisa avançar muito mais, porque o combustível está muito alto, o preço dos alimentos exorbitante. A gente vê os ovos da Páscoa com 50% a mais do valor do ano passado. Isso demonstra que está tudo muito difícil, não tem como dizer que tem perspectiva de melhorar e que a gente se anime. Estamos vivendo no limite”, pondera.

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O deputado Dirceu Ten Caten (PT) lembrou, ao comentar as falas de Bolsonaro na entrevista, que “o fatídico presidente não deveria esquecer do que ele falou ainda em campanha eleitoral - ‘no meu governo não demarcarei um centímetro de terra indígena’. Sabemos que a grande luta dos povos indígenas do brasil, que inclusive estão reunidos no Acampamento Terra Livre em Brasília desde a semana passada, é pela retomada das demarcações de suas terras, pelo direito à vida e contra a mineração ilegal em terras indígenas e a exploração de madeira - diferente do presidente, o que os povos originários do Brasil lutam é pela manutenção de seu modo de vida e não pela importação de modelos falidos que alteram a cultura desses povos como alternativas”, analisou.

Dirceu afirma que os últimos episódios são extremamente tristes, sobre os intensos conflitos nos territórios indígenas que vem sendo invadidos por mineradores e exploradores de madeiras ilegais, o que segundo ele é fruto desse discurso que fragiliza os territórios promovidos pelo governo.

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“Já são dezenas de vidas indígenas ceifadas pela irresponsabilidade desse governo que fragilizou todos os órgão de fiscalização como IBAMA, ICMBio, FUNAI, dentre outros. É bom recordar que a Amazônia necessita de manutenção de sua vegetação e não de mais desmatamento, como estamos enfrentando com taxas históricas de perda da vegetação. A Eco-92 foi fundamental para que no entendimento internacional o conceito de desenvolvimento sustentável estivesse a serviço da proteção ambiental, capaz de promover um convívio equilibrado com o planeta e pela criação de práticas sustentáveis, bem diferente do que fala o presidente fakenews”, ressaltou.

O parlamentar petista disse ainda que a Amazônia é um dos biomas protagonistas do equilíbrio climático e, para assegurar isso, demarcar as terras indígenas e proteger a biodiversidade – no caso das reservas de proteção ambiental criadas no governo Lula – são fundamentais para a manutenção da vida humana. “É importante lembrar que possuímos outros ativos econômicos a serem explorados pelos povos da Amazônia, como a captação de carbono, energia solar, a manutenção de nossos mananciais e toda nossa flora, por meio de mais investimento científico e não da devastação de nosso solo com discurso entreguista”, finaliza.

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